Jean-Christophe Rufin

escritor francês

Jean-Christophe Rufin (Bourges, 28 de Junho de 1952[1]) é um médico, escritor e diplomata francês. Ele foi eleito em 2008 para a Academia Francesa, tornando-se então o seu membro mais jovem.[2]

Jean-Christophe Rufin
Jean-Christophe Rufin
Jean-Christophe Rufin, 2013
Nascimento 28 de junho de 1952 (71 anos)
Bourges,  França
Prémios Prix Goncourt du Premier Roman (1997)

Prémio Goncourt (2001)

Género literário Romance, conto
Movimento literário Pós-modernismo

Antigo presidente da Ação Contra a Fome, foi embaixador da França no Senegal e na Gâmbia.[2]

Infância e formação editar

Com a ausência do seu pai, que era veterinário, a sua mãe, que trabalhava em Paris como publicitária, não pôde educá-lo sozinha. Jean-Christophe foi então criado pelos seus avós. O seu avô, médico que havia tratado dos combatentes durante a Primeira Guerra Mundial, foi durante a Segunda Guerra Mundial deportado durante dois anos em Buchenwald por atos de resistência – ele havia escondido resistentes em 1940, na sua casa de Bourges.

Aos 18 anos Jean-Christophe Rufin reencontrou-se por acaso com o pai :"Eu havia escolhido, em Bourges, o primeiro dispensário que encontrei para fazer uma vacina. Uma moça que trabalhava lá perguntou qual era o meu nome e ficou lívida.Era minha meia-irmã, que me levou até nosso pai. Nossas relações nunca foram muito boas" [3].

Após haver estudado nos liceus parisienses (Lycée Janson-de-Sailly) e Claude-Bernard, ele entra na faculdade de medicina do Hospital da Salpêtrière e no Instituto de estudos políticos de Paris. Em 1975, ele passou o concurso do internato em Paris. Trabalha então no hospital Rothschild. Embora tenha escolhido se especialisar em neurologia, em 1976, ele partiu para a Tunísia a fim de fazer seu serviço militar, trabalhando numa maternidade[4].

Carreira editar

Carreira médica editar

Jean-Christophe Rufin foi interno dos hospitais de Paris (1975 -1981), chefe de clínica e assistente dos mesmos hospitais (1981-1983), em seguida agregado (1983-1985). Ele prosseguiu sua formação médica no hospital de Nanterre (1994-1995), depois no hospital Saint-Antoine de Paris (1995-1996). Em 1997, ele dirige um pavilhão de psiquiatria no hospital Saint-Antoine. Presidente da Ação Contra a Fome (ACF) a partir de 2002, ele deixa este cargo em junho de 2006 para se consagrar mais à escritura. Mas ele continua presidente de honra desta organização não governamental (ONG).

Carreira na ação humanitária editar

Como médico, ele é um dos pioneiros do movimento humanitário Médicos sem fronteiras, onde foi atraído pela personalidade de Bernard Kouchner e onde conheceu Claude Malhuret. Pelo MSF, ele dirigiu inúmeras missões na África e na América latina.Sua primeira missão humanitária ocorreu em 1976, na Eritreia, então devastada pela guerra. Ele entrou no país de maneira incógnita ao lado das forças rebeldes e no âmago dos batalhões humanitários. Foi aí que ele encontrou Azeb, que se tornou sua segunda esposa[5].

Em 1985, Jean-Christophe Rufin tornou-se diretor médico da Ação Contra a Fome (ACF) na Etiópia.

Entre 1991 e 1993, foi vice-presidente de Médicos sem fronteiras, mas o conselho administrativo da associação pediu-lhe para deixá-la em 1993, no momento em que ele entrou no gabinete de François Léotard, então ministro da defesa.

Entre 1994 e 1996 foi administrador da Cruz Vermelha Francesa.[4]

Em 1999, encontra-se no Kosovo como administrador da associação Primeira Urgência, e dirige na Escola de guerra um seminário intitulado «ONU e a manutenção da paz».

Carreira nos ministérios e na diplomacia editar

Diplomado pelo Instituto de Estudos Políticos de Paris em 1980, foi de 1986 a 1988 conselheiro do Secretário de Estado dos Direitos do Homem, Claude Malhuret.

Em 1989-1990, expatria-se no Brasil como adido cultural e da cooperação na embaixada da França[5].

Em 1993 entra no gabinete de François Léotard, Ministro da Defesa, como conselheiro especializado nas estratégias das relações Norte-Sul, cargo que ocupará dois anos.

Diretor de pesquisa no Instituto de Relações Internacionais e Estratégicas entre 1996 e 1999, dirige a missão humanitária francesa na Bósnia e Herzegovina. Conseguiu libertar onze reféns franceses da associação Primeira Urgência detidos pelos sérvios da Bósnia, entrando em contacto com os carcereiros e se prestando até a beber com eles. Esta missão causou-lhe uma inimizade com Dominique de Villepin, então no gabinete de Alain Juppé, ministro das Relações estrangeiras.

Em 1995, após o nascimento de Valentine, deixa o ministério da Defesa e se torna adido cultural no Nordeste do Brasil[5].

No « relatório Rufin » (Chantier sur la lutte contre le racisme et l'antisémitisme), publicado em 19 de outubro de 2004, chama a atenção para o antissemitismo, que não deve , segundo ele , ser dissolvido no racismo ou na xenofobia em geral.

Outros dados editar

Carreira literária editar

Ensaios
  • Le Piège humanitaire – Quand l'humanitaire remplace la guerre( A Armadilha humanitária- quando o humanitário substitue a guerra’’) éd. Jean-Claude Lattès, 1986.
  • L'Empire et les nouveaux barbares (O Império e os novos bárbaros) , éd.Jean-Claude Lattès, 1991  ; nova edição revista e aumentada,éd. Jean-Claude Lattès, 2001. (Um ensaio sobre política internacional comparando o Ocidente com o Império Romano ameaçado pelos bárbaros : Citação: Hoje, é o Leste que pede ajuda para o seu desenvolvimento. Quanto ao Sul, ele se arma agora contra o Norte).
  • La Dictature libérale (A Ditadura liberal) , éd. Jean-Claude Lattès, 1994, prêmio Jean-Jacques-Rousseau 1994.
  • L'Aventure humanitaire (A Aventura humanitári), col. «Découvertes Gallimard» (nº 226) , éd. Gallimard, 1994.
  • Géopolitique de la faim – Faim et responsabilité (Geopolítica da fome- Fome e responsabilidade), éd. PUF, 2004.
  • Un léopard sur le garrot (Um leopardo no garrote) , éd. Gallimard, 2008 (autobiografia) ; em « Folio » n°4905 ISBN 2-07-035991-3.
  • Immortelle randonnée (Imortal caminhada), éd. Guerin, 2013, ISBN 2-35-221061-5.
Romances
  • L'Abyssin (A Abissínia), éd. Gallimard, 1997, ISBN 2-07-074652-6, prêmio Goncourt do primeiro romance e prêmio Méditerranée,300 000 exemplares vendidos e 19 traduções.
  • Sauver Ispahan (Salvar Ispahan) , éd.Gallimard, 1998.
  • Les Causes perdues (As causas perdidas), éd. Gallimard 1999, prêmio Interallié 1999, Prêmio literário do exército - Erwan-Bergot 1999; reditado com o título Asmara et les causes perdues (Asmara e as causas perdidas) em « Folio ».
  • Rouge Brésil (Vermelho Brasil), éd. Gallimard, 2001, ISBN 2-07-030167-2 , prêmio Goncourt 2001 ; em « Folio » n° 3906.
  • Globalia, éd. Gallimard, 2004 ; em « Folio » ISBN 2-07-030918-5.
  • La Salamandre’’( A Salamandra) , éd. Gallimard, 2005 ; em «Folio» ISBN 2-07-032876-7.
  • Le Parfum d'Adam’’ (O Perfume de Adão) , éd. Flammarion, 2007.
  • Katiba , éd. Flammarion, 2010 ISBN 2-08-120817-2.
  • Le Grand Cœur (O Grande coração), éd. Gallimard, 2012 ISBN 978-2-07-011942-4.
Novelas
  • Sept histoires qui reviennent de loin (Sete histórias que voltam de longe), éd. Gallimard, 2011, ISBN|978-2-07-013412-0.
Em colaboração
  • Économie des guerres civiles ‘Economia das guerras civís), com François Jean, éd. Hachette, 1996.
  • Mondes rebelles" (Mundos rebeldes) , com Arnaud de La Grange e Jean-Marc Balancie, éd. Michalon, 1996.
Prémios literários
  • Prix Goncourt do primeiro romance , 1997, pelo seu romance L'Abyssin.
  • Prix Méditerranée, 1997, pelo seu romance L'Abyssin.
  • Prix Interallier 1999, pelo seu romance Les Causes perdues.
  • Prix Erwan-Bergot 1999, pelo seu romance Les Causes perdues.
  • Prix Goncourt 2001 e Grand prix de l'Académie de marine, pelo seu romance Rouge Brésil.

Condecorações e distinções editar

Vida privada editar

Jean-Christophe Rufin é pai de tres filhos , entre os quais Maurice, filho mais velho de uma primeira união.Em seguida, ele encontrou Azeb, nascida em Eritreia, com quem se casou em 25 de agosto de 2007 em Saint-Gervais-les-Bains. Desta união nasceram duas filhas: Gabrielle (em 1992) e Valentine (em 1995) [6]. Até sua nomeação como embaixador da França no Senegal, residia uma grande parte do ano em Saint-Nicolas-de-Véroce, no maciço do Monte Branco.

Referências

 
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