João Maria Ferreira do Amaral (Governador de Macau)

político português

João Maria Ferreira do Amaral (Lisboa, 4 de Março de 1803Macau, 22 de Agosto de 1849) foi oficial da Marinha Portuguesa e governador de Macau.

João Maria Ferreira do Amaral
João Maria Ferreira do Amaral (Governador de Macau)
Nascimento 4 de março de 1803
Lisboa
Morte 22 de agosto de 1849 (46 anos)
Macau português
Cidadania Reino de Portugal
Filho(a)(s) Francisco Ferreira do Amaral
Ocupação político, militar

Biografia editar

Em 1821, Ferreira do Amaral era aspirante de Marinha e iniciou a sua carreira servindo na esquadra do Brasil. Após a separação do Brasil de Portugal, todas as províncias proclamaram o Império, excepto a Bahia que permaneceu fiel à metrópole, e rendeu-se apenas em Julho de 1823, depois de vários combates entre portugueses e brasileiros. A 7 de janeiro de 1823, durante a Batalha de Itaparica, distinguiu-se o guarda-marinha Ferreira do Amaral, pela sua bravura em combate: sob as ordens imediatas do capitão-de-fragata Joaquim José da Cunha, então comandante da nau D. João VI, tendo o braço direito despedaçado por uma bala de canhão, no desembarque da praia da ponta do Mocambo, mesmo ferido gravemente continuou a comandar os seus homens na carga, até ser recolhido a bordo do bergantim Prontidão, onde lhe foi amputado o braço.[1] Apesar de mutilado, prosseguiu na sua carreira e foi promovido a tenente.

Durante o período da Guerra Civil, foi um dos poucos oficiais da Marinha que conseguiram emigrar e apresentar-se na Ilha Terceira ao serviço do partido constitucionalista. Fez parte do desembarque do Mindelo e teve muitas outras missões importantes durante as Campanhas da Liberdade, com especial relevo para a defesa de Lisboa pelo lado oeste, em 1833, enquanto comandante do brigue São Boaventura e da esquadrilha do Ribatejo. No fim da guerra era já oficial superior.

Até 1844 comandou vários outros navios, entre os quais a corveta Urânia, que usou em missões diplomáticas no Mediterrâneo, e a fragata Diana na qual desempenhou importante missão ao Brasil e ao Rio da Prata, em defesa dos interesses e segurança dos portugueses. Serviu em Angola, onde comandou a estação naval e distinguiu-se no combate ao tráfico de escravos. Prendeu um negreiro, Arsénio Pompílio, que foi encarcerado no castelo de São Jorge e escreveu folhetos difamatórios contra Ferreira do Amaral, mas que não lhe abalaram o prestígio. Era deputado por Angola, em 1846 , quando foi nomeado governador de Macau.

Em consequência da Primeira Guerra do Ópio, Inglaterra fundou uma colónia na ilha de Hong Kong, que se tornou o porto ocidental mais importante na China. Estes acontecimentos levaram o governo de Portugal, em 1844, a decidir tornar Macau uma verdadeira colónia portuguesa. Em 1845, a cidade foi declarada um porto franco e tornada independente do governo da Índia, ao qual estava sujeita até então.

Macau tinha até então duas alfândegas: a portuguesa, que cobrava impostos sobre o comando dos navios nacionais, constituindo a única renda pública de que se pagava aos funcionários da cidade; e a chinesa (o Ho-pu), cujos impostos eram cobrados pelos mandarins do Império Chinês. O Governador Ferreira do Amaral expulsou os mandarins de Macau, aboliu a alfândega chinesa, pôs fim ao pagamento de vários tributos e impostos (de entre os quais o aluguer de Macau) às autoridades chinesas, abriu os portos, construiu estradas nos campos anteriormente vedados pelos chineses, ocupou oficialmente a ilha da Taipa, lançou tributos e reorganizou os serviços públicos.

O seu governo enérgico, em defesa dos interesses de Portugal e pelo domínio do território, desagradou aos mandarins, que trataram de eliminar tão determinado inimigo. Na tarde do dia 22 de Agosto de 1849, Ferreira do Amaral saiu para um passeio a cavalo, acompanhado pelo seu ajudante de ordens Jerónimo Pereira Leite, passou as Portas do Cerco e foi atacado por um grupo de chineses que o mataram à cutilada.

Logo após a este acontecimento trágico, decorreu a famosa Batalha do Passaleão, considerada o único verdadeiro "conflito" bélico entre as forças militares portuguesas e chinesas.

Estátua do Governador editar

Está albergada no jardim da Alameda da Encarnação a estátua do governador de Macau João Maria Ferreira do Amaral, transferido de Macau antes de 1999.

Fontes editar

Precedido por
José Gregório Pegado
Governador de Macau
18461849
Sucedido por
Conselho de Governo
  1. Marques., Esparteiro, António (1961). Actas do Conselho de Comandantes da Esquadra da Baia (1822-1823). [S.l.]: Empresa Tipografica Casa Portuguesa Sucessores. OCLC 657082179