João Mistacão

General bizantino

João Mistacão ou João, o Bigodudo (em grego: Ἰωάννης ὀ Μυστάκων; romaniz.:Ioánnes o Mystákon, fl. 580–590),[1] foi um proeminente general bizantino durante a guerra contra os persas do Império Sassânida ocorrida nos reinados dos imperadores Tibério II (r. 578–582) e Maurício (r. 582–602).

João Mistacão
Nascimento século VI
Trácia
Nacionalidade Império Bizantino
Cônjuge Placídia

Biografia editar

 
Soldo de Maurício (r. 582–602)
 
Dinar de ouro de Cosroes II (r. 590–628)

João era nativo da Trácia e esposo de Placídia, a filha de Anastácio e Juliana e parente do imperador Anastácio I (r. 491–518).[2] Aparece pela primeira vez em 579, ao lado de Curs, quando serviu como general na Armênia. Se já não era mestre dos soldados da Armênia à época, foi elevado à posição em 582, quando foi também nomeado mestre dos soldados do Oriente pelo recém-coroado Maurício (r. 582–602).[1]

Logo depois, possivelmente no outono de 582, lutou numa grande e acirrada batalha contra um exército sassânida comandado por Cardarigano perto da junção dos rios Ninfeu (atual Batman) e Tigre. Nesta batalha, João comandou o centro, Curs a ala direita e Ariulfo a esquerda. Inicialmente, tudo correu bem, o centro e a esquerda conseguindo empurrar a linha persa para trás, mas Curs não conseguiu seguir o passo, supostamente por causa de sua inveja de João, provocando a derrocada do exército bizantino, que teve que fugir derrotado.[3][4] Após outra derrota durante um cerco fracassado à fortaleza de Acbas, foi substituído, no final de 583, por Filípico.[5]

Em 587, após a captura do general Casto pelos ávaros, foi enviado à Trácia com Droctulfo como comandante de um novo exército. João conseguiu levantar o cerco ávaro a Adrianópolis depois de derrotá-los numa batalha, mas se recusou a persegui-los. Em 589, estava de volta ao comando na Armênia como mestre dos soldados, um posto que deteve até uns poucos anos depois da paz de 591 com a Pérsia, quando foi substituído por Heráclio, o Velho, pai do futuro imperador Heráclio (r. 610–641). Segundo Sebeos, por esta época foi elevado ao prestigioso estatuto de patrício.[5]

Em 589, cercou a capital armênia de Dúbio, mas abandonou-a ao saber da rebelião do general Barã Chobim contra o Hormisda IV (r. 579–590). Aproveitando-se da guerra civil, atacou a região do Azerbaijão e capturou uma grande quantidade de espólios e escravos. No outono de 590, recebeu notícias da situação na Pérsia de Bindoes e enviou-as ao imperador. Recebeu ordens de Maurício para se unir a Narses e ajudar a restaurar o legítimo Cosroes II (r. 590–628) ao trono. No verão de 591, deixou a Armênia com as tropas locais e uniu-se a Narses contra Barã. Liderou as tropas armênias na decisiva Batalha de Blaratão na qual as forças de João e Narses e os persas sob Cosroes derrotaram Barã e asseguraram o trono persa para Cosroes.[6] Apesar de ter ajudado Cosroes, as fontes afirmam que João questionava sua aptidão para ser rei.[7]

Ver também editar

Precedido por
Desconhecido (último citado: Teodoro)
Mestre dos soldados da Armênia
579 — 582
Sucedido por
Desconhecido
Precedido por
Maurício
Mestre dos soldados do Oriente
582 — 583
Sucedido por
Filípico
Precedido por
Desconhecido
Mestre dos soldados da Armênia
589 — 591
Sucedido por
Heráclio, o Velho

Referências

  1. a b Martindale 1992, p. 679.
  2. Martindale 1992, p. 1042.
  3. Martindale 1992, p. 361, 679.
  4. Greatrex 2002, p. 167.
  5. a b Martindale 1992, p. 680.
  6. Martindale 1992, p. 680–681.
  7. Martindale 1992, p. 681.

Bibliografia editar

  • Greatrex, Geoffrey; Lieu, Samuel N. C. (2002). The Roman Eastern Frontier and the Persian Wars (Part II, 363–630 AD). Londres: Routledge. ISBN 0-415-14687-9 
  • Martindale, John R.; Jones, Arnold Hugh Martin; Morris, John (1992). «Ioannes 101 (Mystacon)». The Prosopography of the Later Roman Empire - Volume III, AD 527–641. Cambrígia e Nova Iorque: Imprensa da Universidade de Cambrígia. ISBN 0-521-20160-8