Jorge Silva Melo

encenador, dramaturgo, ator e cineasta português (1948-2022)

Jorge Freitas e Silva Melo[1] (Lisboa, 7 de agosto de 1948 — Lisboa, 14 de março de 2022) foi um encenador, ator, cineasta, dramaturgo, tradutor e crítico português.

Jorge Silva Melo
Jorge Silva Melo
Jorge Silva Melo 2009
Nome completo Jorge Freitas e Silva Melo
Nascimento 7 de agosto de 1948
Lisboa, Portugal
Morte 14 de março de 2022 (73 anos)
Lisboa, Portugal
Ocupação Encenador, ator, cineasta, dramaturgo, tradutor, crítico

Biografia editar

Passou a infância na antiga cidade de Silva Porto, em Angola, voltando a Lisboa com a família no início da adolescência. Frequentou o Externato Marista de Lisboa e foi completar os estudos secundários no Liceu Camões.

Aos 15 anos começou a escrever sobre cinema no suplemento juvenil do Diário de Lisboa, dirigido por Mário Castrim.[2]

Frequentou a licenciatura em Filologia Românica, na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa, onde integrou o Grupo de Teatro de Letras. Em 1969, porém, decidiu abandonar esses estudos, partindo para o Reino Unido. Com uma bolsa da Fundação Calouste Gulbenkian frequentou a London Film School, onde obteve um diploma em Realização.

Em 1972, de novo em Lisboa, fundou o Teatro da Cornucópia, com Luís Miguel Cintra, que integrou até 1979.

Afastado da Cornucópia, voltou a sair do país, na qualidade de bolseiro da Gulbenkian, estagiando em Berlim, junto de Peter Stein, e em Milão, junto de Giorgio Strehler.

Em 1995 fundou a Artistas Unidos, companhia que dirige e na qual se centra a sua atividade como encenador. Enquanto realizador de cinema assinou nove películas, tendo participado na cooperativa de cinema Grupo Zero, entre 1975 e 1979. Foi também professor na Escola Superior de Teatro e Cinema.

É autor das peças de teatro Seis Rapazes Três Raparigas, António, Um Rapaz de Lisboa, O Fim ou Tende Misericórdia de Nós, Prometeu, Num País Onde Não Querem Defender os Meus Direitos, Eu Não Quero Viver, baseado em Kleist, de Não Sei (em colaboração com Miguel Borges) e O Navio dos Negros, e ainda do libreto de Le Château dês Carpathes, de Philippe Hersant, baseado em Júlio Verne.

Traduziu obras de Carlo Goldoni, Luigi Pirandello, Oscar Wilde, Bertolt Brecht, Georg Büchner, Lovecraft, Michelangelo Antonioni, Pier Paolo Pasolini, Heiner Müller e Harold Pinter.[3]

Foi cronista do Mil Folhas, suplemento do jornal Público.

A 25 de abril de 2004, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.[4]

A 18 de maio de 2021, foi-lhe atribuído o grau de doutor honoris causa pela Universidade de Lisboa, sob proposta da Faculdade de Letras.[5]

Morreu a 14 de março de 2022, no Hospital da Luz, em Lisboa, onde se encontrava internado.[6][7][8][9]

Recebeu do Governo Português, a título póstumo, a Medalha de Mérito Cultural em março de 2022. [10]

Filmografia editar

Filmografia como realizador
  • Sofia Areal: Um Gabinete Anti-Dor (2016)
  • Álvaro Lapa: A Literatura (2008)
  • Conversas com Glícínia - documentário (2004);
  • António, Um Rapaz de Lisboa (2000);
  • Joaquim Bravo, Évora, 1935, etc, etc, Felicidades - documentário (1999);
  • A Entrada na Vida (1997)
  • Palolo, Ver o Pensamento a Correr - documentário (1995);
  • Coitado do Jorge (1993);
  • Agosto (1987);
  • Ninguém Duas Vezes (1985);
  • Passagem ou a Meio Caminho (1980).
Filmografia como actor
Filmografia como argumentista
  • Conversas com Glícínia, de Jorge Silva Melo - documentário (2004);
  • O Pedido de Emprego, de Pedro Caldas (2000);
  • António, Um Rapaz de Lisboa, de [Jorge Silva Melo (1999);
  • Longe Daqui, de João Guerra (1994);
  • Coitado do Jorge, de Jorge Silva Melo (1993);
  • Xavier, de Manuel Mozos (1992);
  • O Desejado, de Paulo Rocha (1988);
  • Agosto, de Jorge Silva Melo (1987);
Filmografia como assistente de realização
Filmografia como director de produção
Filmografia como Produtor
  • Ninguém Duas Vezes, de Jorge Silva Melo (1985)

Bibliografia editar

Crónicas / Textos de autor-actor

  • A Mesa Está Posta de Jorge Silva Melo [Cotovia, fevereiro de 2019]
  • Século Passado de Jorge Silva Melo [Cotovia, março de 2007]
  • Deixar a Vida de Jorge Silva Melo [Cotovia, abril de 2002]
  • Prometeu - Rascunhos de Jorge Silva Melo [& Etc., abril de 1997]
  • Paulo Rocha - o Rio do Ouro de Jorge Silva Melo [Cinemateca Portuguesa, abril de 1996]

Teatro

  • O Grande Dia da Batalha (Variações sobre Albergue Noturno de Máximo Gorki) de Jorge Silva Melo [Bicho do Mato, fevereiro de 2018]
  • Sala Vip de Jorge Silva Melo [Cotovia, junho de 2013]
  • Da República e das Gentes de Manuel Gusmão e Jorge Silva Melo [Bicho do Mato, setembro de 2011]
  • Rei Édipo de Jorge Silva Melo [Bicho do Mato, março de 2010]
  • Fala da criada dos Noailles que no fim de contas vamos descobrir chamar-se também Séverine numa noite do inverno de 1975, em Hyères de Jorge Silva Melo [Cotovia, outubro de 2007]
  • O Navio dos Negros de Jorge Silva Melo [Cotovia, abril de 2001]
  • Três Peças Breves de Jorge Silva Melo, Manuel Wiborg e José Maria Vieira Mendes [Cotovia, dezembro de 1999] Inclui: - Num país onde não querem defender os meus direitos, eu não quero viver de Jorge Silva Melo (a partir de Kleist) - Dois Homens de José Maria Vieira Mendes (a partir de Kafka) - O Amante de Ninguém de Manuel Wiborg (a partir de Dostoievski)
  • O Fim ou Tende Misericórdia de Nós de Jorge Silva Melo [Cotovia, abril de 1997]
  • António, Um Rapaz de Lisboa de Jorge Silva Melo [Cotovia, abril de 1996]

Ver também editar

Referências

  1. Perfil de Jorge Silva Melo no Cinema Português Memoriale
  2. «Jorge Silva Melo: "É legítima a vontade de matar o pai. Alguns atores fizeram isso comigo"». Jornal Expresso. Consultado em 3 de agosto de 2021 
  3. «Obras de Jorge Silva Melo na Biblioteca Nacional de Portugal». Biblioteca Nacional de Portugal. Consultado em 15 de março de 2022 
  4. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Jorge Silva Melo". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 12 de julho de 2019 
  5. Doutoramento Honoris Causa de Jorge Silva Melo e Luis Miguel Cintra, ULisboa 18.05.2021
  6. «O teatro está de luto: morreu Jorge Silva Melo (c/correção acerca do hospital)». Jornal Expresso. Consultado em 15 de março de 2022 
  7. «Morreu o ator e encenador Jorge Silva Melo». Jornal de Negócios. Consultado em 15 de março de 2022 
  8. «Morreu o ator e encenador Jorge Silva Melo». TSF. Consultado em 15 de março de 2022 
  9. «Morreu o encenador Jorge Silva Melo». RTP. Consultado em 15 de março de 2022 
  10. «Governo entrega medalhas de Mérito Cultural a quatro decanos do teatro». Notícias ao Minuto. 21 de março de 2022. Consultado em 16 de abril de 2022 

Ligações externas editar