José Bernardo de Almada

José Bernardo de Almada (Fajã de Cima, ilha de São Miguel, 23 de Novembro de 1876Bretanha, ilha de São Miguel, 4 de Novembro de 1948) foi um sacerdote católico, cónego da Sé de Angra, professor e activista social que nas primeiras décadas do século XX exerceu grande influência social e política nos meios católicos açorianos.[1] Foi um dos introdutores nos Açores dos sindicatos agrícolas, movimento precursor das actuais cooperativas leiteiras açorianas e dos ideais do sindicalismo agrícola católico.[2][3][4]

José Bernardo de Almada
José Bernardo de Almada
Nascimento 23 de novembro de 1876
Fajã de Cima
Morte 4 de novembro de 1948 (71 anos)
Bretanha
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Alma mater
Ocupação padre, professor, escritor

Biografia editar

Concluídos os estudos primários em Ponta Delgada ingressou no Seminário Diocesano de Angra, em Angra do Heroísmo, onde realizou a sua formação sacerdotal, sendo ordenado presbítero, em 1899.

No ano seguinte inscreveu-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, onde prosseguiu estudos. Em Coimbra foi capelão e capelão-chantre na Real Capela da Universidade de Coimbra[1] e teve importante acção entre os movimentos estudantis de inspiração católica então activos no meio universitário.

Concluído o curso, em 1904 iniciou funções na Diocese de Angra sendo ao tempo um dos poucos sacerdotes com formação universitária. Nesse mesmo ano foi nomeado cónego da Sé de Angra e professor do Seminário Episcopal, cargo que manteria durante mais de três décadas, dedicando-se, entre outras disciplinas, ao ensino da Sociologia.

Ao longo das três décadas seguintes desenvolveu uma carreira eclesiástica que aliou o ensino ao exercício dos mais importantes cargos na administração diocesana. Foi de vice-reitor do Seminário, arcediago da Sé Catedral, professor interino do Liceu, professor da Escola Normal Primária de Angra do Heroísmo, presidente do cabido e ouvidor eclesiástico, Foi ainda vigário-geral e governador do bispado nos episcopados de D. António Augusto de Castro Meireles e D. Guilherme Augusto Inácio de Cunha Guimarães.

Com forte empenhamento social e ligação aos movimentos católicos, foi um dos principais promotores do movimento associativo entre os lavradores que se traduziu, a partir de 1917, na criação dos sindicatos agrícolas, que nos Açores dariam origem às actuais cooperativas de lacticínios. Também promoveu, embora com menor sucesso, a criação de Caixas de Crédito e Seguros Agrícolas e de Cooperativas de Consumo e de Produção, na linha do movimento do sindicalismo agrícola católico inspirado nos ideais de Friedrich Wilhelm Raiffeisen.

Também se dedicou à cultura e ao jornalismo, tendo colaborado em vários jornais e revistas, principalmente na revista Lumen, e dirigiu o Boletim Eclesiástico dos Açores no período de 1915 a 1922. Fundou, em 1934, o Museu de Arte Sacra, na sala do cabido da Sé de Angra.

Empenhou-se na criação de uma Mutualidade Eclesiástica Açoriana, para benefício do clero, mas nesta matéria desentendeu-se com o bispo D. Guilherme Augusto Inácio de Cunha Guimarães, o que o levou em 1945 a aposentar-se e a fixar-se na sua ilha natal.

O cónego José Bernardo de Almada é lembrado na toponímia da sua freguesia natal, a Fajã de Cima.

Obras publicadas editar

Entre outras obras, é autor das seguintes monografias:[1]

  • Apontamentos para o estudo da Acção Católica em harmonia com os documentos pontifícios. Angra do Heroísmo, 1914.
  • S. Francisco de Assis e o seu apostolado social. Angra do Heroísmo, Tip. União, 1927.
  • Guia Prático do Clero. Angra do Heroísmo, 1937.
  • "A espiritualização das organizações profissionais", in Livro do I.º Congresso Açoreano. Lisboa, Casa dos Açores, 1938.
  • A religiosidade do povo açoreano, Lisboa, 1938.

Notas

  1. a b c "José Bernardo de Almada" na Enciclopédia Açoriana.
  2. «Dr. José Bernardo de Almada», in Insula, 1934, p. 411.
  3. Amaral, Joaquim Moniz de Sá Corte-Real e, O dr. José Bernardo de Almada: In memoriam. Angra do Heroísmo: União Gráfica Angrense, 1967.
  4. Enciclopédia Açoriana: «Almada, José Bernardo de».

Referências editar

  • Corte Real e Amaral, Biografias e outros escritos. Angra do Heroísmo, Câmara Municipal, 1989.

Ligações externas editar