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José Bono

político espanhol

José Bono Martínez (Salobre, 14 de dezembro de 1950) é um advogado e político espanhol, membro do Partido Socialista Operário Espanhol. Foi Presidente da Junta de Comunidades de Castela-Mancha entre 1983 e 2004; ministro da Defesa do Governo da Espanha entre 2004 e 2006; e presidente do Congresso dos Deputados entre 2008 e 2011.

José Bono
José Bono
Presidente do Congresso dos Deputados da Espanha
Período 1 de abril de 2008 — 13 de dezembro de 2011
Monarca João Carlos I
Antecessor(a) Manuel Marín
Sucessor(a) Jesús Posada
Ministro da Defesa da Espanha
Período 18 de abril de 2004 — 11 de abril de 2006
Presidente José Luis Rodríguez Zapatero
Antecessor(a) Federico Trillo
Sucessor(a) José Antonio Alonso
Presidente da Junta de Comunidades de Castela-Mancha
Período 6 de junho de 1983 — 17 de abril de 2004
Antecessor(a) Jesús Fuentes Lázaro
Sucessor(a) José María Barreda
Deputado no Congresso da Espanha
por Albacete e Toledo
Período 9 de março de 2008 — 13 de dezembro de 2011
1 de março de 1979 — 6 de junho de 1983
Dados pessoais
Nome completo José Bono Martínez
Nascimento 14 de dezembro de 1950 (73 anos)
Salobre, Albacete, Espanha
Nacionalidade espanhol
Alma mater Universidade de Deusto
Partido Partido Socialista Operário Espanhol
Assinatura Assinatura de José Bono

História editar

José Bono nasceu em Salobre, na província de Albacete, em 14 de dezembro de 1950, em uma família abastada. Seu pai foi o prefeito de sua cidade natal durante a ditadura de Franco;[1] sua mãe era descendente de uma família de proprietários e morreu quando Bono era uma criança. Ele estudou o ensino fundamental em Alcaraz e depois o ensino médio no Colégio Inmaculada Jesuitas, em Alicante. Mais tarde, ingressou no Instituto Católico de Administração e Direção de Empresas (ICADE) (então dependente da Universidade de Deusto), para obter um diploma em Direito e Economia.[2]

Bono, que ingressou no Partido Socialista do Interior (PSI, mais tarde Partido Socialista Popular ou PSP) em 1969, formou-se na Universidade de Deusto em 1970.[3] Começou a trabalhar como advogado trabalhista.[4] Desde 1972, ele também foi professor de direito político na Universidade Complutense de Madri. Em 1977, ele atuou como advogado de Luis Javier Benavides, uma das vítimas no julgamento do massacre de Atocha de 1977.[4] Entre 1979, quando o PSP aderiu ao PSOE, e 1983, foi membro do Parlamento espanhol representando Albacete.[5]

Presidente de Castela-Mancha (1983-2004) editar

Ele foi Presidente da Comunidade Autônoma de Castela-Mancha por seis mandatos consecutivos (1983-2004), sempre vencendo por maioria absoluta.

Informalmente, ele foi então considerado um dos três barões do PSOE, juntamente com Juan Carlos Rodríguez Ibarra e Manuel Chaves, também presidentes de comunidades autônomas.[6] Embora apoiado pelo aparato do partido, notadamente pela poderosa federação andaluza (PSOE-A), Bono foi derrotado por nove votos por Zapatero, que se beneficiou das manobras do ex-número dois Alfonso Guerra, que desviou parte dos votos destinados a seu candidato, Fernández, em favor do vencedor.[7] Durante as eleições gerais espanholas (2004), Zapatero garantiu que José Bono ocuparia o Ministério do Interior, embora ele posteriormente seria nomeado para ocupar o Ministério da Defesa.[8]

Ministro da Defesa (2004-2006) editar

Entre 2004 e 2006, desempenhou o cargo de Ministro da Defesa do governo de José Luis Rodríguez Zapatero.[9][10] Sua primeira tarefa no cargo foi realizar a retirada das tropas espanholas do Iraque, que foi realizada de forma ordeira e sem sérios reveses, exceto por um ataque específico no qual as forças espanholas tiveram que responder com fogo vivo, matando um dos insurgentes. Por esta retirada, o Conselho de Ministros lhe concedeu uma medalha semanas depois. A concessão foi muito contestada, pois o próprio Bono era um ministro e renunciou à medalha, alegando que seu filho o havia pedido.[11]

Posteriormente, se concentrou em compensar as vítimas do acidente de Yakovlev 42, como ele mesmo se havia comprometido. Em primeiro lugar, buscou esclarecer adequadamente a identidade dos 62 militares mortos. A repetição das análises de DNA, solicitadas com insistência por muitos dos familiares ao anterior ministro da Defesa, sem que fossem levados a sério, revelaram que alguns dos cadáveres não haviam sido corretamente identificados e estavam misturados.[12]

Também durante sua gestão, as forças militares espanholas aumentaram sua presença no Afeganistão. Em agosto de 2005, dezessete militares espanhóis foram mortos enquanto patrulhavam, em helicópteros Puma, a 20 quilômetros ao sul de Herate.[13]

Iniciou também os procedimentos para a venda de várias fragatas para vigilância costeira à Venezuela, uma decisão contra a qual os Estados Unidos se opuseram, negando à Espanha permissão para instalar tecnologia americana nos navios.[14][15]

Manifestação da AVT e "caso Bono" editar

Em janeiro de 2005, ele informou ter sido atacado durante uma manifestação da Associação de Vítimas do Terrorismo (AVT) e, três dias depois, dois membros do Partido Popular, identificados em fotografias no jornal El País, foram detidos por algumas horas. Finalmente, o tribunal penal nº 42 de Madri encerrou o caso. Entretanto, posteriormente, após uma queixa do PP, o Tribunal de Madri condenou os policiais responsáveis pela detenção ilegal, pela falsificação do relatório policial e pela coerção, considerando que ficou provado que o Ministro não havia sido atacado de forma alguma. O Delegado do Governo em Madri renunciou após ouvir esta sentença, que foi finalmente anulada pela Suprema Corte em 29 de junho de 2007.[16]

Destituição de José Mena editar

Em janeiro de 2006, ele demitiu o Tenente-General José Mena Aguado por fazer uma declaração política sobre as desvantagens que a aprovação do projeto de Estatuto de Autonomia da Catalunha teria para o Exército, e sobre a possibilidade de o Exército intervir, em nome próprio, se o novo Estatuto não respeitasse, de acordo com José Mena, a Constituição espanhola.[17]

Demissão editar

Em 7 de abril de 2006, sua decisão de deixar seu cargo por razões pessoais foi tornada pública, com o ex-ministro do Interior, José Antonio Alonso, assumindo seu cargo. Na época em que deixou o cargo, ele era o quarto ministro mais bem avaliado do governo.[18]

Em outubro de 2006, seu nome foi considerado como candidato a prefeito de Madri e, embora ele não tenha rejeitado tal oferta em princípio, mais tarde ele a recusou, quando alguns já consideravam como certa a sua candidatura.[19][20]

Em março de 2015 ele reconheceu que deixou o governo por conta de seu desacordo com a aprovação do Estatuto de Autonomia da Catalunha em 2006.[21]

Presidente do Congresso dos Deputados (2008-2011) editar

Em 1º de abril de 2008, foi eleito presidente do Congresso dos Deputados para a IX legislatura com 170 votos a favor, seu último cargo público, sendo o primeiro presidente da democracia eleito por maioria simples no segundo turno, e não por maioria absoluta.[22]

Distinções editar

Referências

  1. ↑ EL MUNDO. «El Mundo - Candidatos do PSOE - José Bono» (em espanhol). El Mundo. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  2. ↑ IRUJO, José María (10 de maio de 2010). «El patrimonio de José Bono» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  3. ↑ Castellanos López 2014, p. 146.
  4. ↑ a b LOBO, José (7 de junho de 2010). «El verdadero Bono: de modesto abogado laboralista a amante del dinero y la jet» (em espanhol). El Confidencial. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  5. ↑ Castellanos López 2014, p. 148–149.
  6. ↑ ABC (29 de maio de 2013). «Los barones autonómicos del PP y del PSOE: ¿Quiénes son? ¿Qué poder tienen?» (em espanhol). ABC. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  7. ↑ DÍEZ, Anabel (23 de julho de 2000). «Zapatero gana a Bono por sólo 9 votos» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  8. ↑ CHINCHETRU, Antonio José (24 de abril de 2015). «José Bono: 'Considero que Cebrián es mi amigo, pero los enemigos de PRISA no son necesariamente los míos'» (em espanhol). Periodista Digital. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  9. ↑ ESPANHA (18 de abril de 2004). «Real Decreto 558/2004, de 17 de abril, por el que se nombran Ministros del Gobierno.» (em espanhol). Boletim Oficial do Estado. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  10. ↑ EL MUNDO (7 de abril de 2006). «La dimisión de Bono obliga a Zapatero a remodelar su Gobierno» (em espanhol). El Mundo. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  11. ↑ EL PAÍS (2 de junho de 2004). «Bono renuncia a la medalla al mérito militar tras las fuertes críticas de IU y PP» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  12. ↑ AGÊNCIA EFE (14 de abril de 2008). «El ex ministro de Defensa, José Bono, declara hoy como testigo por el Yak-42» (em espanhol). El Mundo. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  13. ↑ EL PAÍS (17 de agosto de 2005). «17 militares españoles mueren al caer un helicóptero en Afganistán» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  14. ↑ EGURBIDE, Perú (27 de janeiro de 2005). «Bono ultima en Venezuela los contratos que iba a rubricar Zapatero» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  15. ↑ LA GACETA (24 de agosto de 2017). «La venta de barcos del exministro José Bono a Venezuela, bajo sospecha» (em espanhol). La Gaceta. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  16. ↑ RODRÍGUEZ, Jorge A. (9 de maio de 2006). «El delegado del Gobierno en Madrid dimite "en defensa de la profesionalidad" de la policía» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  17. ↑ GONZÁLEZ, Miguel (8 de janeiro de 2006). «Bono destituye e impone arresto domiciliario al teniente general que expresó opiniones políticas» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  18. ↑ EL PAÍS (10 de abril de 2006). «Bono deja del Gobierno como el cuarto ministro mejor valorado» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  19. ↑ EL MUNDO (11 de outubro de 2006). «Bono no será candidato a alcalde de Madrid pese a la insistencia del PSOE y de Zapatero» (em espanhol). El Mundo. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  20. ↑ LIBERTAD DIGITAL (9 de outubro de 2006). «De la Vega cree que Bono sería "un magnífico candidato" a la alcaldía de Madrid» (em espanhol). Libertad Digital. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  21. ↑ DÍEZ, Anabel (10 de março de 2015). «Bono reconoce que salió del Gobierno por el Estatuto de Cataluña» (em espanhol). El País. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  22. ↑ EL PERIÓDICO DE ARAGÓN (1 de abril de 2008). «Bono, elegido presidente del Congreso en la segunda vuelta» (em espanhol). El Periódico de Aragón. Consultado em 5 de dezembro de 2020 
  23. ↑ ESPANHA (13 de fevereiro de 2016). «Real Decreto 67/2016, de 12 de febrero, por el que se concede la Gran Cruz de la Orden del Mérito Civil a las personas que se citan» (PDF) (em espanhol). Boletim Oficial do Estado. Consultado em 5 de dezembro de 2020 

Bibliografia editar

  • Castellanos López, José Antonio (2014). Quién fue quién en la transición en Castilla-La Mancha (1977-1982) (em espanhol). Cuenca: Ediciones de la Universidad de Castilla-La Mancha. ISBN 978-84-9044-119-0 

Ligações externas editar

 
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