José da Costa e Silva

arquitecto português

José da Costa e Silva (Vila de Povos, Vila Franca de Xira, 25 de julho de 1747Rio de Janeiro, Brasil, 21 de março de 1819) foi um arquiteto português que trabalhou em seu país e no Brasil.

José da Costa e Silva
José da Costa e Silva
Nascimento 25 de julho de 1747
Povos, Portugal
Morte 21 de março de 1819
Rio de Janeiro, Reino Unido de Portugal, Brasil e Algarves
Nacionalidade portuguesa
Alma mater Academia Clementina
Ocupação arquitecto
Movimento Arquitectura neoclássica
Obras notáveis Teatro Nacional de São Carlos (1792)

Formação editar

Nasceu em Vila de Povos, município de Vila Franca de Xira, em 1747. Por ordem de D. José I, aos 21 foi à Itália estudar na Academia Clementina de Bolonha.[1] Acompanhou-o na viagem João Ângelo Brunelli, cientista bolonhês com quem Costa e Silva havia iniciado sua formação.[2]

Em Bolonha estudou primeiro com Petronio Francelli e depois com Carlos Bianconi, adquirindo conhecimentos de arquitectura, geometria, perspectiva, aritmética, mecânica e hidrostática.[2] Obteve vários prêmios e distinções na Academia, e em 1775 foi nomeado Académico de Honra. Viajou por várias cidades italianas: Génova, Veneza, Florença, Roma, e visitou as ruínas de Pompeia e Herculano. Em Vicenza conheceu as obras de Andrea Palladio e, na Campânia, visitou o Palácio Real de Caserta, de Luigi Vanvitelli.[2] Antes de regressar a Portugal, apresentou um projeto à Academia de São Lucas de Roma e, por isso, foi reconhecido como Sócio de Mérito da escola.[2] Ainda em Itália foi convidado a ser professor da Universidade de Coimbra, mas declinou o convite.[2]

Em Portugal editar

 
Teatro Nacional de São Carlos em Lisboa (1792)

De volta a Portugal em 1780, no ano seguinte tornou-se professor de arquitectura civil da Real Academia de Desenho, em Lisboa. Foi encarregado pelo Ministro da Fazenda em 1789 de projetar o edifício do Erário Régio, mas a construção não passou das fundações.[2] Em 1792, um grupo de capitalistas da capital o contratou para projetar um teatro de ópera que substituísse o que havia sido destruído pelo Terramoto de 1755. Em sete meses foi construído o Teatro de São Carlos, que revela influências estilísticas do Teatro La Scala de Milão e, no interior, do Teatro San Carlo de Nápoles.[2]

Também em 1792, a infanta D. Maria Francisca Benedita encarregou-lhe o projeto para o Asilo de Inválidos Militares de Runa, em Torres Vedras, um palácio que deveria servir tanto como asilo como residência para a princesa.[2]

Outra obra importante em que esteve envolvido Costa e Silva foi a construção do Palácio Real da Ajuda. O palácio lisboeta foi começado em 1795 pelo arquitecto régio Manuel Caetano de Sousa, mas em 1802 os planos foram alterados por Costa e Silva e pelo italiano Francisco Xavier Fabri.[3] Costa e Silva supervisou o projeto até 1812, quando foi ao Brasil, deixando Fabri sozinho à frente da empreitada.[3]

No Brasil editar

Devido às Invasões Napoleônicas, a Família Real portuguesa mudou-se ao Rio de Janeiro em 1808. Costa e Silva, que era Arquitecto das Obras Reais, permaneceu em Portugal, onde a atividade construtiva era à época muito escassa.[2] Em 1811, o Príncipe Regente D. João pediu que Costa e Silva viesse ao Brasil, apesar da idade avançada do arquitecto, que tinha quase 65 anos. Ao chegar ao Rio, onde foi calorosamente recebido por D. João, Costa e Silva foi nomeado Arquitecto Geral de Todas as Obras Reais.[2]

No Brasil, Costa e Silva participou de obras de adaptação de edifícios preexistentes e obras urbanísticas, pois a Corte geralmente não realizou obras de maior vulto.[2] Sabe-se, porém, que ele preparou um projeto para a fachada do Paço de São Cristóvão, na Quinta da Boa Vista, mas se desconhece se esse projeto foi aproveitado na construção neoclássica do palácio.[2] Para a historiadora Regina Anacleto, há uma semelhança entre a fachada deste palácio e o do Palácio Real da Ajuda, o que poderia indicar que o projeto foi utilizado.[2] Outra obra possivelmente desenhada por Costa e Silva é o antigo Teatro de São João, no Rio de Janeiro, que mostra grande similitude com o seu congênere lisboeta que havia sido projetada pelo arquitecto em 1792.[2]

Ver também editar

Referências

Bibliografia editar