Jumas

povo indígena Juma
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 Nota: Se procura pela língua da família lingüística tupi-guarani, falada pelos jumas, veja Língua juma.

Os jumas são um grupo indígena que possuem território na região do Rio Assuã, próximo à cidade de Lábrea, ao sul do Estado do Amazonas[3]. O território do grupo, a Terra Indígena Juma, está localizada no município de Canutama e foi homologada em 2004.[4] Ela é cortada pela estrada Transamazônica (BR-230). O povo Juma fala o dialeto juma, pertencendo a um conjunto de povos falantes da família linguística Tupi-Guarani denominado Kagwahiva.[5]

Juma
Crianças nadam na terra indígena juma (2014)
População total

3 (2021)

Regiões com população significativa
 Brasil
 Amazonas 3 [1]
Línguas
Juma[2]
Religiões
Etnia
Cauaíbes
Grupos étnicos relacionados
Parintintins, tenharins, caripunas, uru-eu-wau-waus

População editar

Estima-se que no século XVIII os Juma somassem de 12 a 15 mil pessoas.[6] Há relatos de que foram identificados na bacia do médio rio Purus, no Amazonas, por jesuítas espanhóis no século 19.[7] Foram contatados somente na metade do século XX.[8] Em 1943, o antropólogo Günter Kroemer estimou que houvessem cerca de 100 representantes da etnia.[9][4] Após sucessivos massacres e a expansão das frentes extrativistas, se viram reduzidos a poucas dezenas no início da década de 1960. Em 1964, um massacre encomendado por comerciantes dizimou cerca de 60 indígenas, deixando somente seis sobreviventes, entre eles Aruká Juma, nascido na década de 1930.[8][9]

Em 1999, com a morte do seu cunhado, Aruká Juma se tornou o último homem da etnia Juma, que é transmitida paternalmente.[4][8][9] Ele era também o último falante da língua do seu povo.[10] Em 2002, após a morte de sua primeira esposa em 1996,[10] sua família representava toda a etnia, sendo composta por ele, suas três filhas, Borehá, Maitá e Mandeí, e uma neta.[5][1][nota 1]

Em 2021, Aruká Juma, faleceu vítima da COVID-19, em Porto Velho.[11][12] Aruká Juma deixou uma outra filha, Juvy, do seu segundo casamento, e teve mais treze netos.[9]

Território editar

Desde o século XVIII, há relatos dos Juma nas regiões do Alto Tapajós, no Pará, e também nas regiões dos rios Madeira e Purus, no sudoeste do Estado do Amazonas. Em 1998, os seis integrantes do povo Juma foram retirados de forma ilegal, e sem estudo antropológico, das suas terras tradicionais. Foram morar em Guajará-Mirim (RO), na aldeia Alto Jamari, Terra Indígena Uru-eu-wau-wau, povo com quem têm semelhanças linguísticas. As três filhas de Aruká Juma casaram-se com indivíduos dessa outra etnia. Em 2004, a Terra Indígena Juma foi homologada com 38.351 hectares. Porém, foi necessário que o Ministério Público Federal acatasse uma ação contra a Funai, em 2008, para que os Juma pudessem voltar ao seu território de origem. O retorno de fato só ocorreu entre 2012 e 2013, após 14 anos de afastamento dos Juma da sua terra em Canutama (AM).[4][13]

Notas

  1. Cabe notar que na cultura tupi-kagwahiva, os nomes das pessoas mudam conformem passam por determinadas fases da vida. Em 1993, Aruká era chamado de Iduka, Borehá de Guaraí, Maitá de Tohati e Mandei de Pitangui. Ver: Brasil, Kátia (27 de janeiro de 2015). «Índios Juma, uma história de abandono e sobrevivência na Amazônia». Amazônia Real. Consultado em 10 de agosto de 2023 

Referências

  1. a b Gortázar, Naiara Galarraga (19 de fevereiro de 2021). «Muere por covid el último indígena varón de los juma de Brasil». EL PAÍS (em espanhol). Consultado em 20 de fevereiro de 2021 
  2. «Júma». Ethnologue (em inglês). Consultado em 30 de janeiro de 2023 
  3. «Quadro Geral dos Povos». Instituto Socioambiental. Consultado em 2 de setembro de 2017 
  4. a b c d Brasil, Kátia (27 de janeiro de 2015). «Índios Juma, uma história de abandono e sobrevivência na Amazônia». Amazônia Real. Consultado em 10 de agosto de 2023 
  5. a b A. Peggion, Edmundo. «Juma - Povos Indígenas no Brasil». pib.socioambiental.org. Consultado em 18 de fevereiro de 2021 
  6. «A devastadora e irreparável morte de Aruká Juma». COIAB. Consultado em 10 de agosto de 2023 
  7. Brasil, Kátia (21 de outubro de 2013). «Etnia juma foi massacrada por comerciantes de seringais». Amazônia Real. Consultado em 10 de agosto de 2023 
  8. a b c Gortázar, Naiara Galarraga (19 de fevereiro de 2021). «O último ancião Juma morre de covid-19 e leva para o túmulo a memória de um povo aniquilado no Brasil». El País Brasil. Consultado em 10 de agosto de 2023 
  9. a b c d Astor, Michael (10 de março de 2021). «Aruká Juma, Last Man of His Tribe, Is Dead (Published 2021)». The New York Times (em inglês). Consultado em 10 de agosto de 2023 
  10. a b «Morte de um homem e a extinção de uma etnia». revistapesquisa.fapesp.br. Consultado em 10 de agosto de 2023 
  11. «Indígena Aruka, último homem do povo Juma morre vítima da Covid-19 em Rondônia». G1. 17 de fevereiro de 2021. Consultado em 18 de fevereiro de 2021 
  12. «A última família dos índios Juma». Risca Faca. 19 de abril de 2016. Consultado em 20 de fevereiro de 2021 
  13. Brasil, Kátia (21 de outubro de 2013). «Adaptação é obstáculo no retorno dos juma ao Purus». Amazônia Real. Consultado em 10 de agosto de 2023 

Ligações externas editar

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