Kaisha Atakhanova (Karaganda, 18 de julho de 1957) é uma bióloga e ativista social cazaque que ganhou o Prêmio Ambiental Goldman em 2005, e foi nomeada para o Prêmio Nobel da Paz no mesmo ano. Lutou contra a importação de lixo nuclear para o Cazaquistão. [1] É fundadora e ex-diretora do Centro Ecológico de Karaganda (EcoCenter), organização envolvida na defesa da democracia e proteção do meio ambiente, usando a metodologia horizontal do movimento de raiz.[2]

Kaisha Atakhanova
Nascimento 18 de julho de 1957
Qarağandı (Cazaquistão)
Cidadania União Soviética, Cazaquistão
Alma mater
  • Karaganda State University
Ocupação bióloga, activista social
Prêmios
Movimento estético ecologismo

Biografia editar

Kaisha se graduou em biologia pela Karaganda State University e estudou os efeitos genéticos da radiação em anfíbios.[3][4] No entanto, sentia que sua pesquisa estava sendo pouco aproveitada pela população em geral, e que precisava agir pela mudança e trabalhar com as pessoas afetadas pela radiação em seu país.[5]

O Cazaquistão é um país marcado pelo contaminação nuclear,[6] tendo sido local de testes nucleares durante o governo da União Soviética. Em junho de 2001 um ramo da Kazakh State Committee on Nuclear Energy planejava importar comercialmente lixo radioativo para descarte no país, supostamente com o objetivo de utilizar o dinheiro proveniente dessa atividade para resolver os problemas de radioatividade do país. Para isso, propôs alterar as leis, já que a medida contrariava a legislação vigente na época. Kaisha organizou reuniões com ONGs para impedir a mudança na legislação e, entrando em contato com organizações de dentro e fora do país, chegou a contar com o apoio de 60. A votação, planejada para ocorrer em janeiro de 2003, foi influenciada por Kaisha e sua rede de aliados.[7]

Foi uma campanha que durou dois anos, e sem protestos na rua. Houve longas conversas com cientistas e políticos. Kaisha contactou todos os membros do parlamento cazaque e publicou o posicionamento de cada um. Foi organizado um "ataque por fax", em que diversas pessoas escreveram cartas e enviaram para o parlamento por fax. Uma organização de crianças escreveu cartas para a primeira-dama, organizações de jovens promoveram debates sobre o assunto. "Todos tiveram seu papel", disse Kaisha em entrevista em 2005.[2][5]

Na mesma época, o parlamento cazaque planejava implementar legislação que limitaria a capacidade de organização da sociedade civil, e combater essa ação também se tornou uma bandeira do movimento, levando o parlamento a desistir da mudança. A legislação que permitiria a importação de lixo nuclear foi impedida, e a EcoCenter, liderada por Kaisha, ajudou a desenvolver um movimento ambientalista mundial, o EcoForum, com mais de 100 organizações em 2005.[2][5]

Devido a essa movimentação em defesa do meio ambiente, Kaisha foi premiada com o Prêmio Ambiental Goldman, e disse planejar investir os $125,000 que ganhou em projetos de educação e defesa do meio ambiente.[5]

Em 2005, afirmou que os maiores problemas ambientais do país advém dos seus recursos naturais, como gás natural e mineração de urânio.[5] Em 2012, participou da Rio+20, onde discutiu os riscos do amianto para o seu país.[8] Participou de vários eventos, como a Rio+20 e um evento da WECF, denunciando os riscos da energia nuclear.[9][10]

Homenagens editar

  • 2005: Prêmio Ambiental Goldman[2][6]

Referências

  1. «Kaisha Atakhanova». Women In Peace (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2018 
  2. a b c d «Kaisha Atakhanova - Goldman Environmental Foundation». Goldman Environmental Foundation (em inglês) 
  3. O'Flynn, Kevin (2005). «15 minutes with Kaisha Atakhanova (SSIR)». Stanford Social Innovation Review (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2018 
  4. Fred Pearce (4 de maio de 2005). «Interview: After the bomb». New Scientist. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  5. a b c d e Nijhuis, Michelle (19 de abril de 2005). «Kaisha Atakhanova fought to keep nuclear waste out of Kazakhstan». Grist (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2018 
  6. a b Dooley, Erin E. (2005). «The Beat». Environmental Health Perspectives. 113 (8): A517–A519. ISSN 0091-6765. PMC 1280380 . Consultado em 27 de novembro de 2018 
  7. «Environmental Advocacy and the Movement for Nuclear Safety in Kazakhstan». Wilson Center (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2018 
  8. Cristiane Reimberg (21 de junho de 2012). «Movimento quer fim do amianto – Rio +20». ANAMT - Associação Nacional de Medicina do Trabalho. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  9. Claire Greensfelder; Cai Yiping; Bridget Burns (2012). «O Grupo Majoritário de Mulheres da Rio+20 Pede pelo Fim da Energia Nuclear e Apoio da Energia Segura na Rio+20» (PDF). Women’s Major Group - United Nations Rio+20 Summit. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  10. «Live from Copenhagen: Nuclear Energy is not a solution to Climate Change - WECF side event». www.wecf.eu (em inglês). Consultado em 27 de novembro de 2018