Kitty Genovese

mulher estadunidense que foi esfaqueada até a morte próximo de sua casa em Kew Gardens

Catherine Susan Genovese, mais conhecida como Kitty Genovese (Nova Iorque, 7 de julho de 1935[1]13 de março de 1964, Nova Iorque) foi uma mulher estadunidense que foi esfaqueada até a morte próximo de sua casa em Kew Gardens, no Queens, Nova York,[2] onde vivia com a sua companheira.[3]

Kitty Genovese
Kitty Genovese
Nascimento 7 de julho de 1935
Nova Iorque
Morte 13 de março de 1964 (28 anos)
Kew Gardens
Sepultamento Cemitério de Lakeview
Cidadania Estados Unidos
Ocupação empregada de mesa, bar manager, casa de apostas
Causa da morte esfaqueamento

O autor do assassinato foi preso dias depois. Chamava-se Winston Moseley, tinha 29 anos, era casado e pai de três filhos. Durante o interrogatório, confessou este crime e outros dois assassinatos e violações, além de mais de quarenta assaltos. Os exames psiquiátricos concluíram que era necrófilo.[4]

O caso ficou conhecido várias semanas depois, quando o jornal New York Times publicou um artigo com o título: “37 pessoas viram um assassinato e não chamaram a polícia“. Embora a publicação tenha exagerado tanto no número de testemunhas como na sua inação, o artigo escandalizou o público norte-americano, sobretudo as palavras de um vizinho, que disse não ter contactado as autoridades porque não se queria envolver.[4]

A dupla de psicólogos John Darley e Bibb Latané decidiu aprofundar esta situação e, num estudo publicado em 1968, concluíram que quantas mais pessoas testemunham uma emergência, menos provável é que uma delas ajude a vítima. No caso de uma testemunha, a probabilidade é de 85%; se forem três, baixa para 31%.[4]

Outra importante consequência deste assassinato foi a criação, por parte da empresa AT&T, da linha 911. A necessidade de ter um número assim só ficou mais evidente quando uma das testemunhas afirmou não ter chamado a polícia por não saber como fazê-lo.[4]

Quanto a Moseley, foi inicialmente condenado à morte, mas o veredito foi posteriormente alterado para prisão perpétua. Morreu na prisão, em 2016[4].

As circunstâncias de sua morte e a aparente reação (ou falta de reação) dos vizinhos dela foram relatados num artigo de jornal publicado duas semanas depois e instigaram investigações do fenômeno psicológico que tornou-se conhecido como "efeito espectador", "responsabilidade difusa" ou "síndrome Genovese".[5]

Críticas sobre a cobertura da mídia editar

Um historiador amador chamado Joseph de May que havia se mudado para a região onde ocorreu o crime decidiu investigar o caso pessoalmente, reunindo as seguints informações: No momento do crime era de madrugada, a rua era mal iluminada e fazia frio. Logo, a maioria dos apartamentos estavam com as janelas fechadas, e quando se escutaram os primeiros gritos, a maioria das pessoas que olham para fora não viram nada de anormal, alguns, por causa da má iluminação, vêem apenas a silhueta de uma mulher cambaleando e pensam se tratar apenas de uma bebâda, já que havia um bar próximo do local. Ainda assim, a policia recebeu duas ligações logo após o início do ataque. Essas ligações no entanto foram ignoradas, talvez pela a atendente da polícia pressupor se tratar apenas uma briga entre marido e mulher (apesar de hoje ser considerado inaceitável é preciso ter em mente que nesta época era comum as pessoas não se intrometerem neste tipo de situação).

E quanto ao número grande de testemunhas citadas nas primeiras notícias de jornais que teriam se omitido diante do crime? Na verdade a quantidade total de testemunhas citadas em reportagens de jornais na época, se tratava de uma lista de pessoas interrogadas pela polícia, sendo que a grande maioria dessas pessoas não tinham sido testemunhas oculares e algumas se quer tinham acordado com os barulhos durante o ataque a Genovese.

Sobre o vizinho que não queria se envolver, ele se chamava Ross, era homossexual e ficou apavorado com a situação que se encontrava. Quando disse que não queria se envolver, queria dizer na verdade que não queria publicidade, o que faz sentido, já que a homossexualidade era considerada ilegal e ele temia por sua segurança caso sua orientação sexual fosse revelada publicamente. Ainda assim, após telefonar para um amigo e relatar o que presenciou, o amigo exigiu que ele chamasse a polícia, com medo, ele acordou uma outra vizinha, que finalmente telefonou para a polícia.[6]

Referências

  1. Demay, Joseph. «Kitty Genovese». A Picture History of Kew Gardens, NY (em inglês). Consultado em 12 de março de 2007. Arquivado do original em 23 de fevereiro de 2007 
  2. «Queens Woman Is Stabbed to Death in Front of Home». New York Times. 14 de março de 1964. p. 26. Consultado em 5 de julho de 2007 
  3. «remembering_kitty_genovese». www.soundportraits.org. Consultado em 5 de agosto de 2011. Arquivado do original em 24 de março de 2004  www.soundportraits.org
  4. a b c d e «Caso de Kitty Genovese: el asesinato ante varios testigos que creó un término en psicología y la línea 911» 
  5. Dowd, Maureen (12 de março de 1984). «20 years after the murder of Kitty Genovese, The question remains: Why?». New York Times. p. B1. Consultado em 5 de julho de 2007 
  6. Bregman, Rutger (20 de fevereiro de 2021). Humanidade: Uma história otimista do homem. [S.l.]: Crítica. p. 235. 464 páginas 
  • Rosenthal, A.M. (1964). Thirty-Eight Witnesses: The Kitty Genovese Case. [S.l.]: University of California Press. ISBN 0-520-21527-3 

Ver também editar

Ligações externas editar