Línguas africanas

Existem várias línguas que pertencem a família de línguas não africanas, como o malgaxe que é uma língua austronésia e o africâner (que se pode considerar uma língua "nativa") que pertence a família das línguas indo-europeias.

As línguas oficiais na África
  Afrikaans
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  Espanhol
  Swahili
  outras línguas africanas

Línguas africanas editar

O continente africano impressiona por sua imensidão; extensão geográfica, alta densidade demográfica, com uma população que ultrapassa a marca de um bilhão de pessoas, distribuídas em cinquenta e quatro países, e uma enormidade de desigualdades sociais, étnicas; econômicas e políticas, além de magníficas riquezas naturais e um tesouro ainda maior quando se trata de cultura.

Em termos linguísticos, a África é um continente muito rico, em todo seu território são falados mais de dois mil idiomas, que corresponde a 30% dos idiomas de todo o planeta, (Afreaka) é possível mesmo em áreas onde haja a prevalência de um idioma, pois ali também é possível a ocorrência de regiões onde se fale outro idioma ou dialeto. Até mesmo grupos vizinhos podem falar línguas distintas. (Geledés), tornando “o multilinguismo uma característica medular do continente” (Afreaka). Porém, vale ressaltar que o número de línguas pode variar até quase duas mil e quinhentas linguas, dependendo das diferentes regiões e de diferentes estimativas, além dos quase oito mil dialetos. Em estudos divulgados pela UNESCO constatou-se a inexistência de estados monolínguistas na África, havendo países com duas ou três línguas e outros com mais de quatrocentas, como é o caso da Nigéria, o que aponta para uma realidade muito complexa do ponto de vista do plurilínguismo, onde quase metade dos países da África subsaariana possui uma língua que é tida como materna por mais de cinquenta por cento da população e considerada segunda língua por outra parte dessa mesma população. (UNESCO)

Ainda nesse contexto de multilínguismo, 56 línguas africanas são utilizadas pela administração pública e outras 63, pelo menos, no sistema judiciário, uma vez que 26 dos países da África Subsaariana autorizam o uso das línguas africanas em suas legislações. Na área comercial duzentas e quarenta e duas línguas são utilizadas pelos meios de comunicação. Por não possuir alfabeto próprio, algumas línguas africanas acabam sendo consideradas como dialetos e outras se utilizam do alfabeto árabe, como é o caso do haussa e das línguas faladas na África do Sul e no Zimbábue, cujo ensino fundamental é realizado em suas línguas nacionais e utilizam o alfabeto latino, usado na Língua Inglesa.

Conhecem-se mais de 1000 línguas africanas, que estão, atualmente, divididas nas seguintes quatro famílias de línguas:

As Nigero-congolesas, considerada a maior por conta do número de falantes e de línguas, é a que mais tem ligação com o Brasil, abrange grande parte da África ao sul do Saara, e tem o bantu entre suas numerosas famílias linguísticas. A família afro-asiática ou Camito-semítica, predominante no norte da África e estendendo-se até o sudoeste da Ásia e que abriga 240 línguas e 285 milhões de falantes.  A Nilo-Saariana, que surgiu no deserto do Saara antes da desertificação “No oeste africano, a maior ramificação é a songai (que abrange diferentes línguas), com mais de três milhões de falantes, presente na Argélia, Benim, Burkina Faso, Mali, Níger e Nigéria”. No leste africano, os Maassai, que hoje habitam entre o Quênia e a Tanzânia, representam a ramificação de nome homônimo e uma que pretende abranger os povos não negroides – os pigmeus, estes são do grupo Coisan (khoi-Khoi e san, mais conhecidos como bosquímanos e hotentotes). (Geledés), possui cinco ramificações. Os bosquímanos, um dos primeiros grupos habitantes do planeta, atualmente estão localizados no sudoeste da África, na região do deserto de Kalahari, nos países Botsuana, Namíbia e África do Sul; e pequenos territórios de Angola e Zâmbia. (Afreaka).

Línguas não-africanas faladas na África editar

Os grupos acima são as famílias de línguas originárias de África. No entanto, existem várias línguas que pertencem a famílias de línguas não africanas, como o malgaxe que é uma língua austronésia e o africâner (que se pode considerar uma língua "nativa", embora seja uma língua germânica) que pertence à família das línguas indo-europeias, assim como o são, no léxico, a maioria das línguas crioulas de África.

Para além disso, a maior parte dos países africanos adotou como, pelo menos uma das suas línguas oficiais, uma língua europeia - o português nas ex-colônias portuguesas, o francês nas francesas, o espanhol nas espanholas e o inglês nas inglesas - e, neste momento, estas línguas são faladas pela população urbana desses países e, em geral, por todas as pessoas com uma escolaridade significativa. A língua alemã e a língua italiana são ainda faladas por minorias respectivamente na Namíbia e Camarões, que foram colônias alemãs, e na Somália, da qual uma parte foi colônia italiana.

Já no Norte da África, há uma grande predominância do idioma árabe como língua primária da população (devido a influência de exploradores muçulmanos e árabes que colonizaram a região originalmente), embora em alguns desses países, pelo menos uma língua de origem europeia também seja falada, como por exemplo o francês na Argélia e o italiano na Líbia. Na Somália, Eritréia e Etiópia, cada um dos seus respectivos idiomas oficiais são línguas semíticas.

Dos processos de colonização pelos quais passaram a maioria dos países africanos, os longos períodos de exploração das nações invasoras se consolidaram em sua dominação por meio da comunicação. Idiomas como o Francês, o Inglês, o Espanhol e o Português figuraram como base para a adoção de idiomas oficiais, em parte considerável do continente.

Diante disso, temos que de todos os 55 países africanos, 27 países apresentam apenas línguas europeias como oficiais, enquanto que os outros 18 apresentam pelo menos uma língua europeia como oficial. Alguns países como: Argélia, Líbia, Egito, Etiópia, Marrocos, Mauritânia, Saara Ocidental, Somália e Tunísia apresentam uma presença linguística europeia praticamente nula (visto que todos os países citados acima tem como idioma nativo línguas semíticas, tais como o árabe e amárico, por exemplo). (Fonte: Conexão com África (portal Geledés).

Quando da independência dos países africanos, muitos optaram pela manutenção do uso dos idiomas dos países colonizadores, com “a manutenção da memória das línguas originárias da África” e das influências locais, que acabaram por formar novas línguas como o “crioulo”, em Maurício no Cabo Verde e o “Pingin”, da Nigéria (Afreaka).

Influência das Línguas Africanas na Língua Portuguesa do Brasil editar

Considerado por estudiosos um dialeto, resultado do desdobramento da Língua Portuguesa desenvolvida nos territórios Português e Brasileiro, (Mendonça, 2012), o Português falado no Brasil evoluiu sob as influências dos indígenas e dos negros que foram transportados do continente africano para fins de escravização portuguesa ferentemente dos troncos linguísticos derivadas dos populações indígenas, que obtiveram notoriedade na formação da Língua Portuguesa falada no Brasil, observou-se, por parte dos estudiosos que se debruçaram sobre tal temática, que às línguas de origem africana não se deu o mesmo valor como explica MENDONÇA (2012):

O tupi, como filho dileto, teve muito quem dele cuidasse, entre nós; desde o Império que há indianólogos do vulto de Baptista Caetano e Couto de Magalhães, e os africanismos encontraram só em Macedo Soares um precursor notável [...]

O autor esclarece que somente com a substituição da mão de obra indígena, praticamente desaparecida a partir do século XVII, pelo trabalho dos negros escravizados, foi que se verificou a influência do fator africano na língua portuguesa falada no Brasil.

[...] Na intimidade da família, na vida do campo bem como na cidade, o negro é uma figura infalível. Esta transformação étnica reflete-se na esfera linguística, e a língua acompanha a raça na sua evolução. Língua e raça formam dois elementos que têm evolução paralela a ponto de serem muitas vezes confundidos. Como o negro fundiu com o português e do consórcio resultou o mestiço, pareceria lógico que este mestiço falasse um dialeto crioulo. (MENDONÇA, 2012)

Mendonça (2012) afirma, ainda, a possibilidade de ter havido dialetos crioulos no Brasil interiorano e reforça a influência das línguas africanas, como a “nagô”, muito presente nos cultos religiosos e a “mina”, no Estado da Bahia, fornecendo indícios dessa influência, como se constata na seguinte afirmação:

O negro influenciou sensivelmente a nossa língua popular. Um contato prolongado de duas línguas sempre produz em ambas fenômenos de osmose. Ao lado da contribuição genérica e imprecisa que deu o africano para o alongamento das pretônicas e a elocução clara e arrastada, deixou sinais bem seus nos dialetos do interior, principalmente. (MENDONÇA, 2012)

As influências mais evidentes remontam às de línguas como o fula e o sererê, originárias da região do Sael africano; ao mandê, falado no Senegal, em Gâmbia e na Guiné-Bissau; o jeje; o fom; o hauçá; e o canúri ou nifê, da família Nilo-saariana, dentre outras e de línguas da região sul da África como o quicongo, o quimbundo e o umbundo. Outras pesquisas dão conta de que o Iorubá e o quimbundo ganharam maior relevo, na Bahia e nas regiões Norte e Sul do Brasil, respectivamente. Apesar dessa marcante e notória inserção, as descobertas sobre essa incidência linguística parecem caminhar a passos lentos, dificultando o acesso a esse tesouro histórico tão relevante para a formação da identidade cultural do povo brasileiro. Se formaram lacunas na busca pelo conhecimento acerca das línguas africanas que tanto influenciaram a Língua Portuguesa falada no Brasil, muito provavelmente estão relacionadas a ações do nosso passado não tão distante que foi a fase da colonização portuguesa em território brasileiro, que coibiam revoltas, enfraquecendo os grupos linguísticos originários de uma mesma região, bem como à visão “eurocêntrica e preconceituosa de recusar a participação do africano e de seus descendentes na formação e construção do Brasil atual” (Afreaka, 2010).

Aceitar que nossa língua vigente é predominada de influências africanas, sejam elas na morfologia, fonologia ou pronúncia, é reconhecer não apenas uma contribuição – como algo apenas fragmentado – de África em nossa fala, mas uma participação substancial e indispensável desta na constituição da identidade brasileira. (Afreaka)

Essas ações que buscaram “invisibilizar” a influência africana na construção da identidade brasileira, é mais que evidente essa contribuição e esse “entranhamento, observado não só no dicionário brasileiro onde constam mais de mil e quinhentas palavras de origem africana (Afreaka), bem como de modo mais expressivo nos diversos setores da Língua Portuguesa conforme analisou Yeda Pessoa de Castro:

[...] tal influência vai além do dicionário: “Explicar o avanço do componente africano nesse processo é ter em conta a participação do negro-africano como personagem falante no desenrolar dos acontecimentos e procurar entender os fatos relevantes de ordem socioeconômica e de natureza linguística que, ao longo de quatro séculos consecutivos, favoreceram a interferência de línguas africanas na língua portuguesa, no Brasil. Isso se fez sentir em todos os setores: léxico, semântico, prosódico, sintático e, de maneira rápida e profunda, na língua falada”.

Nesse entendimento torna-se imperativo considerar que é evidente a contribuição das línguas africanas para o Português falado no Brasil, e como a influência africana alterou a maneira de falar e agregou relevantes valores à cultura brasileira, ampliando percepções e promovendo a multiculturalidade e o respeito às diversidades.

O estudo das línguas africanas editar

Na Europa, existe um projeto em curso no sentido de criar um currículo comum em línguas e linguística africana chamado EEQUALL (European Equivalences In African Languages And Linguistics), que se pretende permitir que os estudantes tenham créditos de diferentes universidades.

Nos Estados Unidos o ensino de línguas africanas atraem estudantes de herança africana e outros que buscam uma educação multicultural. Infelizmente, muitos desses programas não têm os requisitos básicos para funcionarem, pois faltam professores qualificados, instalações, financiamento público ou privado, livros didáticos que por muitas vezes é o próprio professor que produz, além de aulas regulares. As línguas africanas raramente fazem parte das ofertas regulares de línguas estrangeiras institucionalizadas. Em algumas cidades, no entanto, os professores incentivam o ensino de idiomas africanos e mobilizaram o apoio da comunidade, o envolvimento dos pais e os diretores das escolas.

No Brasil não temos línguas africanas sendo ensinadas nas escolas, temos apenas projetos educacionais que ensinam sobre a história e cultura africana e afro-brasileira.

Línguas oficiais editar

Além das antigas línguas coloniais do Inglês, Francês, Português, e Espanhol, apenas algumas línguas são oficiais a nível nacional. Estas são:


Ver também editar

Referências

  1. CIA - The World Factbook
  2. «Cópia arquivada». Consultado em 23 de novembro de 2010. Arquivado do original em 4 de março de 2011 

Ligações externas editar