Lagoa dos Patos

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 Nota: Para o município mineiro, veja Lagoa dos Patos (Minas Gerais).

A Lagoa dos Patos é uma laguna localizada no estado do Rio Grande do Sul, no Brasil. É a maior laguna da América do Sul, com 265 quilômetros de comprimento, 60 quilômetros de largura (na sua quota máxima), 7 metros de profundidade, e uma superfície de 10 144 km². Estende-se na direção norte-nordeste-sul-sudoeste paralelamente ao Oceano Atlântico, do qual é separada por uma península.

Lagoa dos Patos
Lagoa dos Patos
Lagoa dos Patos, com o oceano Atlântico à direita
Localização
Coordenadas 31° S 51° 16' O
Localização Rio Grande do Sul
País Brasil
Localidades mais próximas Arambaré, Viamão, Tapes, São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande, São José do Norte, Mostardas, Tavares, Capivari do Sul, Camaquã, Turuçu
Características
Tipo laguna
Altitude 5 m
Área * 10 144 km²
Comprimento máximo 265 km
Largura máxima 60 (máx.) km
Profundidade média 3 m
Profundidade máxima 7 m
Bacia hidrográfica Jacuí
Afluentes Rio Jacuí ou lago Guaíba, rio Camaquã, São Gonçalo
Efluentes Oceano Atlântico
Ilhas 5
* Os valores do perímetro, área e volume podem ser imprecisos devido às estimativas envolvidas, podendo não estar normalizadas.

História editar

O nome estaria ligado às tribos de índios que habitavam a região do Rio Grande do Sul, conhecidos como "patos". Outra versão conta que a origem do nome desta laguna teria ocorrido em 1554, quando viajavam para a região do Prata algumas embarcações espanholas que, acossadas por um temporal, viram-se na contingência de procurar abrigo na barra do Rio Grande. Aí deixaram fugir alguns patos que traziam a bordo e de tal modo se deram bem as aves com o lugar, que se reproduziram assombrosamente, chegando a coalhar a superfície das águas da laguna, dando-lhe o nome. No entanto, essa versão não encontra corroboração em registros históricos.

 
Vista a partir da Estação Espacial Internacional (tomada em 17 de novembro de 2019)

Os primeiros mapas da lagoa dos Patos editar

Em 1548, consta no mapa de Mercator uma foz sem nome que parece ser a mais antiga menção documentada e atualmente acessível da Lagoa dos Patos. Porém, a falta de indicações não permite conclusões definitivas. Os primeiros esboços da lagoa (então considerada o próprio Rio Grande) já eram demonstrados em mapas holandeses décadas antes da colonização portuguesa na região. Pelo que se sabe até agora, o primeiro cartógrafo dos Países Baixos a registrar o Rio Grande foi Frederick de Wit, em seu atlas de 1670.

Já o primeiro registro cartográfico feito por um neerlandês a mostrar o suposto rio com um formato próximo ao que é conhecido hoje da laguna dos Patos foi Nicolaas Visscher, em 1698. Apesar de ele não ter sido o primeiro a mencionar os índios Patos que habitavam suas margens e boa parte do litoral do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina, foi ele quem associou esse nome à referida laguna. Por volta de 1720, açorianos vindos de Laguna chegaram à região de São José do Norte para buscar o gado cimarrón vindo das missões, possibilitando a posterior fundação do Forte Jesus, Maria, José e de Rio Grande, em 1737.[1]

Geografia editar

 
Píer na ilha dos Marinheiros, a maior ilha da lagoa

A nordeste encontra a lagoa do Casamento e a noroeste o lago Guaíba, que faz a transição entre a Lagoa dos Patos e o delta do Rio Jacuí, formado pelos rios Caí, Gravataí, Jacuí e rio dos Sinos.

Ao sul, a laguna tem sua extremidade ligada ao Oceano Atlântico por um estreito canal, motivo pelo qual sua água é salobra. Além disso, comunica-se com a lagoa Mirim pelo canal de São Gonçalo.

Perto do seu estuário, também ao sul, encontram-se as cidades de Rio Grande e São José do Norte, que delimitam o Canal do Norte, na Barra do Rio Grande, onde ela se liga ao oceano.

Ela é navegável por embarcações fluviomarítimas de até 5,10 metros de calado, de Rio Grande a Porto Alegre. A fim de garantir o acesso de embarcações de maior porte, mantém-se a profundidade através de dragagem sistemática e constante em alguns pontos. As condições de navegação[2] na Lagoa dos Patos podem tornar-se desfavoráveis sob condições de ventos fortes, principalmente para embarcações de pequeno e médio porte. Com ventos fortes, normalmente formam-se pequenas vagas e carneiros em toda extensão da Lagoa.

A lagoa é uma fonte quase que inesgotável de água para irrigação agrícola, sendo importante para o sustento e o desenvolvimento socioeconômico do local. Porém, na metade sul, em tempos de estiagem, a água pode sofrer salinização, prejudicando seu uso para a agricultura e beneficiando a pesca artesanal de camarão e tainha.

Lagoa, lago ou laguna? editar

 
Praia do Laranjal, balneário da cidade de Pelotas

A bibliografia sobre a lagoa dos Patos é escassa. Fontes como a Delegacia da Capitania dos Portos do Rio Grande do Sul, na cidade de Pelotas, fazem referência às dúvidas que atualmente são levantadas sobre a denominação correta - se seria lagoa, lago ou laguna - principalmente em função da ligação direta com o mar, através da barra na Praia do Cassino, no município de Rio Grande.

Os geógrafos e os geólogos consideram-na uma laguna, pela ligação direta com o oceano e por sua água salobra (com salinização variável, dependendo da época do ano e das ocorrências de estiagens). Enquanto os especialistas não chegam a um acordo, permanece a tradicional e consagrada denominação de lagoa dos Patos.[3]

Apesar de alguns mapas já citarem como laguna dos Patos a referida laguna, a maioria dos mapas oficiais continua referindo-se a ela como lagoa dos Patos, de uso mais consagrado. Da mesma forma que o mar Cáspio, na realidade, não é um "mar", mas um "lago", e continua a ser nomeado como mar.

Municípios da costa editar

Ilhas editar

A Lagoa dos Patos tem cinco ilhas:

Na ilha do Barba Negra houve um quilombo, o Quilombo Barba Negra, destruído em 1829 por 160 soldados.[4][5][6]

Ver também editar

Referências

  1. A Origem do Nome do Rio Grande do Sul[ligação inativa], FARIAS, B. M., setembro de 2008.
  2. A Navegação na Lagoa dos Patos, MÜLLER, C.A., 2003, pag.6
  3. ROSA, Mário. Geografia de Pelotas. Pelotas: Editora da Universidade Federal de Pelotas, 1985, pág. 106.
  4. Flores, Moacir. "O quilombo da Ilha Barba Negra", Correio do Povo, Porto Alegre, 7 de maio de 1983.
  5. Bakos, Margaret (1 de dezembro de 1988). «Considerações em torno do protesto do escravo negro no Rio Grande do Sul (1738-1848)». Estudos Econômicos (São Paulo). 18 (Especial): 167–180. ISSN 1980-5357. Consultado em 23 de agosto de 2021 
  6. Adelmir Fiabani, "Os quilombos no Rio Grande do Sul: resistência e negação à ordem escravista", Anais Eletrônicos do Encontro Internacional de História Colonial. – Salvador: EDUNEB, 2017. ISBN 978-85-85813-318-5 [1]
 
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