Chorona-cinza

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A chorona-cinza (nome científico: Laniocera hypopyrra)[3] é uma espécie de ave passeriforme da família dos titirídeos (Tityridae). Pode ser encontrada nos seguintes países: Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela. Os seus habitats naturais são: florestas subtropicais ou tropicais húmidas de baixa altitude.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaChorona-cinza
Chorona-cinza em Manaus, Amazonas, Brasil
Chorona-cinza em Manaus, Amazonas, Brasil
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Passeriformes
Família: Tityridae
Género: Laniocera
Espécie: L. hypopyrra
Nome binomial
Laniocera hypopyrra
(Vieillot, 1817)
Distribuição geográfica
Distribuição da chorona-cinza
Distribuição da chorona-cinza
Sinónimos
Ampelis hypopyrra (Vieillot, 1817)[2]

Distribuição e habitat editar

A chorona-cinza pode ser encontrada na Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Peru, Suriname e Venezuela[1] em toda a bacia amazônica e do Orinoco, incluindo o sudeste da Colômbia, sul e leste da Venezuela (norte a sudeste de Sucre), Guianas, leste do Equador, leste do Peru, norte da Bolívia e Amazônia brasileira. Existe uma população isolada no sudeste da Bahia e norte do Espírito Santo, na costa leste do Brasil.[2] Seu habitat natural é a vegetação rasteira do tipo savana e florestas tropicais e subtropicais úmidas e prefere altitudes inferiores a 900 metros;[1] na Venezuela, não excedem 500 metros.[4]

Descrição editar

A chorona-cinza vive em média 4,6 anos.[1] Mede cerca de 20-21 centímetros de comprimento e pesa em média 46 gramas. Sua plumagem é acinzentada. As penas primárias possuem tons de marrom e apresenta nas asas duas fileiras de grandes manchas amareladas ou alaranjada. As pontas das asas terciais e a cauda são de mesma cor. Há tufos peitorais (nem sempre visíveis) laranja-avermelhados nos machos e amarelo-limão nas fêmeas.[4] Os filhotes são alaranjados com longas filoplumas que terminam em pontas brancas e se assemelham às lagartas cabeludas de uma mariposa pertencente à família dos megalopigídeos (Megalopygidae). Os pássaros jovens movem suas cabeças lentamente de um lado para o outro, o que aumenta a impressão ao se assemelhar a uma lagarta em movimento. Pensa-se que este pode ser o primeiro caso de mimetismo batesiano envolvendo um mímico de ave inofensivo e um modelo de inseto tóxico, embora outra espécie, o chibante-assobiador (Laniisoma elegans), também tenha filhotes que compartilham um aparência felpuda; no entanto, observações detalhadas deste último não estão disponíveis.[5][6]

Comportamento editar

A chorona-cinza é uma ave solitária, discreta e raramente vista; ocasionalmente acompanha bandos mistos em busca de insetos na vegetação rasteira.[7] Solitário ou aos pares, pousa em galhos secos, lançando-se no ar, às vezes, em busca de insetos alados; inclui pequenas frutas em sua dieta. Nidifica no meio de plantas epífitas entre 1 e 8 metros do solo.[8] Seu canto de ventríloquo é ouvido de longe; é um lamento em alta escala, como um tiiyr, tiiouiiiít, tiiouiiit, tiiouiiit... (até 10 tiiouiiiít sucessivamente), dado com alguma regularidade de seu poleiro; às vezes repetido incansavelmente (mesmo durante o calor do dia), embora muitas vezes haja uma longa pausa entre cada sessão.[7]

Sistemática editar

A espécie L. hypopyrra foi descrita pela primeira vez pelo naturalista francês Louis Jean Pierre Vieillot em 1817 sob o nome científico Ampelis hypopyrra; a localidade tipo é "La Guyane, Cayenne" [= Guiana].[9] O nome feminino do gênero, Laniocera, é composto pelo gênero Lanius e a palavra grega keras, kerōs, "chifre" (por exemplo, bico), que significa “com um bico como um Lanius”; o nome específico hypopyrra deriva do grego hupopuros, "com fogo secreto" (hupo, abaixo; pur, fogo).[10]

Taxonomia editar

Este gênero foi tradicionalmente colocado na família dos tiranídeos (Tyrannidae); bem como Tityra, Iodopleura, Laniisoma e Pachyramphus na família dos cotingídeos (Cotingidae) e Schiffornis na família dos piprídeos (Pipridae). A Proposta nº 313 ao Comitê Sul-Americano de Classificação (SACC), seguindo os estudos de filogenia molecular de Ohlson et al. (2007),[11] aprovou a adoção da nova família dos titirídeos (Tityridae), que englobou todos os gêneros supracitados.[12]

Conservação editar

Em 2005, a chorona-cinza foi classificada como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[13][14] em 2016, como pouco preocupante na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (IUCN / UICN);[1] em 2017, como vulnerável na Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia;[15] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[14][16]

Referências

  1. a b c d e BirdLife International (2017). «Laniocera hypopyrra». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2017: e.T22700386A118553403. doi:10.2305/IUCN.UK.2017-3.RLTS.T22700386A118553403.en . Consultado em 16 de abril de 2022 
  2. a b «Cinereous Mourner (Laniocera hypopyrra. IBC - The Internet Bird Collection. Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 28 de janeiro de 2013 
  3. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 215. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  4. a b Hilty, Steven L. (2003). Birds of Venezuela. Princeton: Imprensa da Universidade de Princeton. p. 641, pl.50 
  5. D'Horta, Fernando Mendonça; Kirwan, Guy M.; Buzzetti, Dante (1 de setembro de 2012). «Gaudy Juvenile Plumages of Cinereous Mourner (Laniocera hypopyrra) and Brazilian Laniisoma (Laniisoma elegans).». Wilson Journal of Ornithology. 124 (3): 429-435. doi:10.1676/11-213.1 
  6. Londoño, Gustavo A.; García, Duván A.; Martínez, Manuel A. Sánchez (2014). «Morphological and Behavioral Evidence of Batesian Mimicry in Nestlings of a Lowland Amazonian Bird» (PDF). The American Naturalist. 185 (1): 135–141. PMID 25560558. doi:10.1086/679106. hdl:10906/79893  
  7. a b Ridgely, Robert; Tudor, Guy (2009). «Laniocera hypopyrra». Field guide to the songbirds of South America: the passerines. Col: Mildred Wyatt-World series in ornithology 1.ª ed. Austin: Imprensa da Universidade do Texas. p. 509, lámina 70(1). ISBN 978-0-292-71748-0 
  8. Sigrist, Tomas (2013). «Laniocera hypopyrra». Guia de Campo Avis Brasilis – Avifauna brasileira. São Paulo: Avis Brasilis. p. 434. ISBN 978-85-60120-25-3 
  9. Vieillot, L. J. P. (1817). «Ampelis hypopyrra - descripción original». Nouveau Dictionnaire d’Histoire naturelle, appliquée aux arts, à l'agriculture, à l'économie rurale et domestique, à la médecine, etc. VIII. Paris: Deterville. p. 164 
  10. Jobling, J. A. (2010). Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Bloomsbury Publishing. p. Laniocera, p.219; hypopyrra, p.199. ISBN 9781408133262 
  11. Ohlson, J. I.; Prum, R. O.; Ericson, P. G. P. (2007). «A molecular phylogeny of the cotingas (Aves: Cotingidae)». Molecular Phylogenetics and Evolution. 42: 25-37 
  12. «Proposta (#313) ao Comitê Sul-Americano de Classificação». Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 8 de maio de 2008 
  13. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  14. a b «Laniocera hypopyrra (Vieillot, 1925)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira. Consultado em 16 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  15. «Lista Oficial das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção do Estado da Bahia.» (PDF). Secretaria do Meio Ambiente. Agosto de 2017. Consultado em 1 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de abril de 2022 
  16. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018