Le ménage moderne de Madame Butterfly

filme de 1920 dirigido por Bernard Natan

Le ménage moderne de Madame Butterfly (trad. O ménage moderno de Madame Butterfly) é um filme mudo pornográfico hardcore francês de 1920, baseado na ópera Madama Butterfly de Giacomo Puccini[1] e notável por ser o primeiro filme pornográfico a incluir o sexo bissexual e homossexual.[2][3]

Le ménage moderne de Madame Butterfly
 França
1920 •  pb •  
Género filme mudo
filme pornográfico
Direção Bernard Natan (contestado)
Idioma mudo

Produção editar

Bernard Natan foi um romeno judeu que produziu, dirigiu, e atuou em pelo menos um filme pornográfico hardcore heterossexual antes de 1920. Neste ano, ao final da Primeira Guerra Mundial, Natan emigrou para a França. De 1920 a 1927 apareceram entre 20 e 25 filmes pornôs, às vezes atribuídos à Natan dado a sua coerência narrativa (um número prolífico de filmes, considerando a época e a tecnologia disponível). Muitos destes filmes incluíam atos sexuais homossexuais e bissexuais, com Natan fazendo parte das filmagens.

A produção do filme é considerada de alta qualidade, mesmo para os padrões da época. Inclui cenas filmadas em ruas asiáticas cheias de riquixás e uma embarcação navegando no oceano Pacífico.[1] O filme possui um enredo longo e complexo e faz uso de intertítulos.

Sinopse editar

Tenente Pinkerton é um marinheiro norte-americano no Japão. Ele se casa com Madame Butterfly e passam a noite de núpcias[4] sob o olhar de Soosooky, a criada da Madame, que os espia e se masturba. Pinkerton sai, e um novo personagem, o garoto coolie Pink-hop, vê Butterfly e Soosooky fazendo sexo[4] e também se masturba…

Pinkerton retorna e, irritado pela demora de Pink-hop em abrir a porta, o pune ao força-lo a fazer sexo oral e anal com ele.[4] A intenção violenta do ato é misturada com humor. Pinkerton então faz sexo com Soosooky. Um novo personagem, Sr. Sharpless, conhece Butterfly e os dois fazem vários atos sexuais antes de Sharpless revelar a ela que Pinkerton é um bígamo. Pinkerton, Soosooky, e Pink-hop retornam, e Butterfly está raivosa, mas sucumbe a sua luxúria por Pinkerton. Todos os cinco fazem uma orgia, e o filme termina com Pinkerton acenando para os espectadores.[1]

Existem dois conjuntos de intertítulos, um em francês e outro em inglês.[4] Os intertítulos em francês sarcásticos e humorosos, zombando o racismo e a arrogância americana e fazendo uso de muitas expressões de duplo sentido. Os em inglês eram mais brutos e racistas.

Elenco editar

J.H. Forsell - Pinkerton

Bernard Natan - Pink-hop

Polêmica editar

A tese de que o filme é de autoria de Natan foi contestada pelo historiador francês André Rossel-Kirschen. Rossel-Kirschen, respondendo o artigo de Joseph W. Slade no The Journal of Film and Video, a origem da teoria de que Natan teria produzido e atuado no cinema pornográfico, afirma que os dados fornecidos por Slade são em sua maioria falsos. O ator em Le ménage moderne du Madame Butterfly não seria Natan, mas um ator muito mais jovem, entre 18 e 25 anos. Rossel-Kirschen afirma que a informação dada por Slade deriva em parte da campanha antissemita da qual Natan foi vítima durante os anos imediatamente anteriores à Segunda Guerra Mundial e em parte é simplesmente originada pela ignorância de fontes francesas, como evidenciado pelo fato de que ele não sabia que Natan havia se casado em 1909.

Notabilidade editar

Le ménage moderne du Madame Butterfly é incomum não apenas por retratar atos sexuais homossexuais, mas por fazê-lo no início da história do filme pornográfico. No entanto, como a maioria dos filmes que vieram depois, Le ménage moderne du Madame Butterfly mostra atos sexuais entre homens como algo desviante, estabelecendo firmemente a heterossexualidade dos personagens e frequentemente retratando os atos sexuais como essencialmente bissexuais (por exemplo, o contato sexual masculino ocorre enquanto os homens também mantêm relações heterossexuais).[5]

Referências

  1. a b c Slade, Joseph (1993). «Bernard Natan: France's Legendary Pornographer (72-90)». Journal of Film and Video 
  2. danielteolijr (17 de julho de 2018). «Le ménage moderne de Madame Butterfly». Daniel D. Teoli Jr. Small Gauge Film Archive (em inglês). Consultado em 20 de novembro de 2020 
  3. Waugh, Thomas. Hard to Imagine: Gay Male Eroticism in Photography and Film from Their Beginnings to Stonewall. [S.l.]: Columbia University Press. p. 1996. 315-316 páginas 
  4. a b c d Shimizu, Celine Parrenas (2007). The Hypersexuality of Race: Performing Asian/American Women on Screen and Scene. [S.l.]: Duke University Press 
  5. Burger, John R. (1995). One-Handed Histories: The Eroto-Politics of Gay Male Video Pornography. Nova Iorque: Harrington Park Press