Leocádia de Toledo

Leocadia de Toledo ou Santa Leocádia foi uma mulher espanhola venerada pela Igreja como santa, que morreu virgem e mártir.

Leocadia de Toledo
Leocádia de Toledo
Veneração por Igreja católica, Igreja ortodoxa, Igreja luterana
Festa litúrgica 9 de dezembro
Padroeiro Toledo[1]
Portal dos Santos

Ainda que Aurelio Clemente Prudâncio (384-410), que dedicou parte de sua obra a hinos dos mártires não menciona Leocádia, há muito tempo existe uma igreja dedicada à santa.[2] Leocádia é um dos santos de culto mais antigos de Espanha, aparecendo citado já, por exemplo, nos calendários mozárabes.[3] A prisão e morte de Leocádia foi narrada num relato do século VII.

Hagiografia editar

As primeiras fontes hagiográficas datam, provavelmente, do século V. Narram que Leocádia pertencia a uma família nobre.

Segundo a tradição foi Publio Daciano, prefeito romano da Hispânia e governador da Bética que aplicou em Hispania um decreto de Diocleciano que ordenava a perseguição dos cristãos e o responsável direto de seu encerro e, em última instância, morte por martírio incruento.[4] Ao chegar a Toledo, o pretor Daciano manda prender Leocádia pela confição pública de sua fé e rejeição à apostasía. Leocádia foi presa com amarras e numa masmorra escura para que refletisse sobre os tormentos que a esperavam se não se retificasse. Informada do martírio de Eulalia de Mérida e de outros mártires como, entre outros, Vicente, Sabina e Cristeta de Talavera, com os tremendos tormentos que lhes foram aplicados com grande crueldade, Leocadia morre, talvez também de esgotamento, na prisão.

Relíquias editar

 
Enterro de Santa Leocadia de Cecilio Pla, apresentado à Exposição Nacional de Belas Artes de 1887.

Inicialmente foi enterrada no cemitério de Toledo, na zona ocidental, junto ao Tajo. Em 1587 voltaram-se a trazer a Toledo os restos mortais da santa.

Até o século VIII estiveram em Toledo. A perseguição de Abderramão I contra os cristãos provocou que muitos mozárabes fugissem da cidade e se levassem as relíquias de Leocadia, junto com as de outros santos toledanos. As de Leocadia foram levadas a Oviedo, onde Alfonso o Casto ergueu um templo em sua honra. De Oviedo, as relíquias foram levadas a Flandes. Por mediação de Felipe II os monges do cenobio de Saint-Ghislain (diocese de Cambrai), onde estavam então depositadas, voltam a entregar ao pai jesuíta Miguel Hernández e em 1587 chegam à catedral de Toledo. Na cerimônia de recepção assistem entre outros, o rei Felipe II.

Os restos da santa repousam no Ochavo da catedral, numa arqueta de prata, a qual tem textos sobre sua vida. A arqueta foi desenhada por Nicolás de Vergara e confeccionada pelo prateiro Merino. Saca-se em procissão em carroça no dia 9 de dezembro.[5]

Iconografia editar

Representa-lha com uma cruz pela que desenhou em prisão na rocha e com a palma do martírio. Também ante o pretor, açoitada e em prisão. Em outras ocasiões representa-lha em seu aparecimento a San Ildefonso de Toledo. Por último, representa-lha com uma torre, por ter morrido em prisão. Tem o título de confessora.

Igreja de Santa Leocádia de Toledo editar

A tradição toledana sustenta que a Igreja de Santa Leocádia em Toledo (Espanha) está edificada sobre o solar da casa onde nasceu a santa, à que pertenceria uma pequena habitação subterrânea, onde se afirma que fazia oração.[6]

A paróquia aparece citada em documentos desde meados do século XII, com a denominação de Santa Leocádia de Toledo, para diferenciar de outra igreja, com o mesma nome, junto ao alcázar, edificada no lugar onde a santa esteve em prisão. Também se chamou à basílica extramuros a de fora, dantes de "Santa Leocadia" e atualmente do "Cristo da Vega", onde foi enterrada. As partes mais antigas são de estilo mudéjar toledano. No século VII foi sede do IV Concilio de Toledo.[7]

Referências

  1. Fernández Collado, Ángel (1999). Diputación Provincial de Toledo, ed. La Catedral de Toledo en el Siglo XVI. Vida, arte y personas. [S.l.: s.n.] 250 páginas. ISBN 84-87100-56-2 
  2. Antonio Pérez Lasheras, La literatura del reino de Aragón hasta el siglo XVI, Zaragoza, Ibercaja;Institución «Fernando el Católico», 2003, pág. 63. ISBN 84-8324-149-8.
  3. «Santa Leocadia, patrona de Toledo (España),». Consultado em 26 de abril de 2018. Arquivado do original em 3 de fevereiro de 2017 
  4. Gabriel Castelló. «San Vicente mártir y Valencia» 
  5. Santos y Beatos de Toledo. [S.l.: s.n.] pp. 24–45. ISBN 84-932535-7-X 
  6. «Proceso de declaración o incoación de un Bien de Interés Cultural publicada en el BOE N.º 285 el 26 de noviembre de 1996 de la Iglesia de Santa Leocadia de Toledo.». Consultado em 29 de abril de 2019. Arquivado do original em 9 de dezembro de 2007 
  7. «La basílica de santa Leocadia y el final de uso del circo romano de Toledo: una nueva interpretación.»: 149-163. ISSN 0514-7336 

Bibliografia editar

  • Moreno Nieto, Luis (2003). Santos y Beatos de Toledo. [S.l.: s.n.] pp. 24–45. ISBN 84-932535-7-X  Instituto Teológico San Ildefonso. Serviço de Publicações. pg.    
  • Santos Vaqueiro, Ángel (2008). História, Mitos e Lendas de Toledo. Covarrubias Edições. Historia, Mitos y Leyendas de Toledo. [S.l.: s.n.] ISBN 978-84-936035-0-2    |fechaacceso= |url= ()
  • López Torrijos, Rosa (1985). «La iconografía de Santa Leocadia de Toledo»: 7-45. ISSN 0538-1983  (21): 7-45.   
  • de Calca, Francisco (1974). Descrição da imperial cidade de Toledo e história de suas antiguidades, com a história de Santa Leocadia. Diputación Provincial de Toledo. Descripción de la imperial ciudad de Toledo e historia de sus antigüedades, con la historia de Santa Leocadia. [S.l.: s.n.] ISBN 84-500-6451-1   
  • Leben der Väter und Märtyrer nebst anderen vorzüglichen Heiligen, ursprünglich in englischer Sprache verfaßt von Alban Butler. — Nach der französischen Übersetzung von Godescard für Deutschland bearbeitet und sehr vermehrt von Dr. Räß, Professor der Theologie und Direktor im bischöfl. Seminar in Mainz und Dr. Weis, Geistlicher Rat und Canonicus am hohen Dom in Speier (Leben der Väter und Märtyrer nebst anderen vorzüglichen Heiligen, ursprünglich in englischer Sprache verfaßt von Alban Butler. — Nach der französischen Übersetzung von Godescard für Deutschland bearbeitet und sehr vermehrt von Dr. Räß, Professor der Theologie und Direktor im bischöfl. Seminar in Mainz und Dr. Weis, Geistlicher Rat und Canonicus am hohen Dom in Speier. [S.l.: s.n.] p. 146 ) 18. 1825. p. 146.  |fechaacceso= |url= ()

Ligações externas editar

 
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