Leopoldo II da Toscana
Leopoldo II (Florença, 3 de outubro de 1797 — Roma, 29 de janeiro de 1870), foi o Grão-Duque da Toscana de 1824 até 1859, sucedeu após a morte de seu pai, Grão-Duque Fernando III.[1][2][3]
Leopoldo II | |
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Arquiduque da Áustria | |
Leopoldo II | |
Grão-Duque da Toscana | |
Reinado | 18 de junho de 1824 - 21 de julho de 1859 |
Antecessor(a) | Fernando III |
Sucessor(a) | Fernando IV |
Nascimento | 3 de outubro de 1797 |
Florença Grão-Ducado da Toscana | |
Morte | 29 de janeiro de 1870 (72 anos) |
Roma, Itália | |
Esposas | Maria Ana da Saxónia Maria Antónia das Duas Sicílias |
Descendência | Carolina da Toscana Augusta Fernanda da Toscana Maximiliana da Toscana Josefa da Toscana Maria Isabel da Toscana Fernando IV, Grão-duque da Toscana Maria Teresa da Toscana Maria Cristina da Toscana Carlos Salvador da Toscana Maria Ana da Toscana Rainier da Toscana Maria Luísa da Toscana Luís Salvador da Toscana João Salvador da Toscana |
Casa | Habsburgo-Toscana |
Pai | Fernando III, Grão-duque da Toscana |
Mãe | Luísa das Duas Sicílias |
Casou-se duas vezes: primeiro com a Princesa Maria Ana da Saxónia e, depois da morte dela em 1832, com a Princesa Maria Antónia das Duas Sicílias. Com a última teve o seu sucessor, Fernando. Leopoldo era reconhecido por ser um monarca liberal, autorizando a publicação da Constituição da Toscana de 1848 bem como a liberdade de imprensa.[3]
O Grão-duque foi brevemente deposto por um governo provisório em 1849 apenas para ser restaurado no mesmo ano com a ajuda das tropas austríacas que ocuparam o estado até 1855. Leopoldo sentiu-se obrigado a ficar do lado austríaco durante a Segunda Guerra de Independência Italiana. A Toscana foi ocupada pelo rei Vítor Emanuel II da Sardenha enquanto o conflito durou.[3] A família grã-ducal fugiu da Toscana no dia 27 de Abril de 1859, exilando-se em Bolonha. No dia 21 de Julho de 1859, Leopoldo abdicou do trono em favor do seu filho, Fernando. A sua subida não foi proclamada na Toscana e o seu reinado hipotético foi terminado pela declaração de deposição da Casa de Habsburgo pelo parlamento no dia 16 de Agosto do mesmo ano.
Biografia
editarNascido em Florença, Leopoldo II era filho de Fernando III, Grão-duque da Toscana e da Princesa Luísa Maria Amélia Teresa das Duas Sicílias.[1][3] Os seus avós paternos eram o rei Fernando I das Duas Sicílias e a Arquiduquesa Maria Carolina da Áustria.
Sucedeu ao seu pai no dia 18 de Junho de 1824. Durante os primeiros vinte anos do seu reinado dedicou-se ao desenvolvimento interno do seu estado. A Toscana era o estado mais calmo e menos reaccionário de todos os despotismos italianos da época e, apesar de estar sempre sujeito à influência austríaca, ele recusou-se a adoptar os seus métodos de governo, permitindo leis justas de liberdade da imprensa e acolhendo vários exilados políticos de outros estados a ficar no seu.
Mas quando no inicio da década de 1840 um sentimento de inquietação se espalhou pela Itália, até as exigências por uma constituição e outras reformas políticas foram avançadas na Toscana. Em 1845 e 1846 começaram as revoltas em várias partes do país e Leopoldo convocou uma série de reformas administrativas. Mas a influência austríaca impediu-o de avançar mais, mesmo se ele tivesse desejado fazê-lo. A eleição do Papa Pio IX deu um novo impulso ao movimento liberal e, no dia 4 de Setembro de 1847, Leopoldo criou a Guarda Nacional - o primeiro passo no caminho para a constituição. Pouco depois o marquês Cosimo Ridolfi foi nomeado primeiro-ministro. A promulgação das constituições de Nápoles e de Piedmont foi seguida pouco depois pela da Toscana a 17 de Fevereiro de 1848, escrita por Gino Capponi.
As revoltas em Milão e Viena reavivaram o entusiasmo patriota na Toscana onde foi exigida uma guerra contra a Áustria. Leopoldo, cedendo à pressão popular, enviou uma força de voluntários para ajudar na campanha de Piemonte na Lombardia. O seu discurso no dia de partida foi inteiramente italiano e liberal. "Soldados," disse ele, "a causa sagrada da liberdade italiana está a ser decidida hoje nos campos da Lombarda. Já os cidadãos de Milão deram o seu sangue em troca da sua liberdade com um heroísmo apenas visto algumas vezes na História... Honra para as armas da Itália! Viva a independência italiana!" O contingente toscano lutou corajosamente, apesar de ter perdido.
No dia 26 de Junho o primeiro parlamento toscano juntou-se, mas os distúrbios causados pelas derrotas na campanha da Lombardia levaram à demissão do primeiro-ministro que foi sucedido por Gino Capponi. As revoltas continuaram, principalmente em Livorno, que esteve próximo da guerra civil e os partidos democráticos de Francesco Domenico Guerrazzi e Giuseppe Montanelli estavam a ganhar cada vez mais influência. Capponi demitiu-se e Leopoldo concordou com algumas reservas a nomear Montanelli-Guerrazzi para ministro que, por seu lado, tinha de lutar contra o extremista partido republicano.
Casamentos e Descendência
editarEm Dresden em 28 de outubro de 1817 por procuração e em Florença em 16 de novembro de 1817 em pessoa, Leopoldo se casou com a Princesa Maria Ana da Saxônia, nascida em Dresden em 15 de novembro de 1799. Ela era filha de Maximiliano, Príncipe Hereditário da Saxônia e Carolina de Parma. Seus avós maternos eram Fernando, Duque de Parma e arquiduquesa Maria Amália da Áustria. Leopoldo e sua esposa eram primos de segundo grau, pois ambos eram bisnetos da Imperatriz Maria Teresa da Áustria. Eles tiveram quatro filhas:
- Carolina Augusta da Áustria (19 de novembro de 1822 - 5 de outubro de 1841), morreu solteira e sem descendência;
- Augusta Fernanda da Áustria (1 de abril de 1825 - 26 de abril de 1864), casada com Leopoldo, Príncipe Regente da Baviera, com descendência;
- Maria Maximiliana da Áustria (9 de janeiro de 1827 - 18 de maio de 1834), morreu na infância;
- Maria Josefa da Áustria (1 de maio de 1828 – 1 de maio de 1836), morreu na infância.
Maria Ana morreu em Pisa em 24 de abril de 1832. Em 7 de junho de 1833, em Nápoles, Leopoldo se casou em segundo lugar Maria Antônia das Duas Sicílias. Sua nova esposa foi a segunda filha de Francisco I das Duas Sicílias e Maria Isabel da Espanha. Maria Antônia era sua prima em primeiro grau. Eles tiveram dez filhos:
- Maria Isabel da Áustria (21 de maio de 1834 - 14 de julho de 1901), casou-se com o seu tio materno, o Príncipe Francisco, Conde de Trapani, filho mais novo do rei Francisco I das Duas Sicílias;
- Fernando IV, Grão-duque da Toscana (10 de Junho de 1835 – 17 de Janeiro de 1908), causou-se pela primeira vez com Ana Maria da Saxônia, com descendência. Casou-se pela segunda vez com Alice de Bourbon-Parma, com descendência;
- Maria Teresa da Áustria, Princesa da Toscana (29 de Junho de 1836 - 5 de Agosto de 1838), morreu na infância;
- Maria Cristina da Áustria, Princesa da Toscana (5 de Fevereiro de 1838 - 1 de Setembro de 1849), morreu na infância;
- Carlos Salvador da Áustria (30 de Abril de 1839 - 18 de Janeiro de 1892), casado com a Princesa Maria Imaculada de Bourbon e Duas Sicílias;
- Maria Ana da Áustria (9 de Junho de 1840 - 13 de Agosto de 1841), morreu na infância;
- Rainer da Áustria (1 de Maio de 1842 - 14 de Agosto de 1844), morreu na infância;
- Maria Luísa da Áustria (31 de Outubro de 1845 - 27 de Agosto de 1917), casada com Carlos, Príncipe de Isenburg;
- Luís Salvador da Áustria (4 de Agosto de 1847 - 12 de Outubro de 1915), morreu solteiro e sem descendência;
- João Salvador da Áustria (25 de Novembro de 1852 - dado como desaparecido no mar em 1890). Existem relatos da sua sobrevivência com um nome diferente (Johann Orth).
Ver também
editarReferências
- ↑ a b Edwards, John Hamilton; Vasse, William W. (1959). Annotated Index to the Cantos of Ezra Pound, Cantos 1-84 (em inglês). Berkeley: University of California Press. p. 122
- ↑ Meucci, Sandra (2010). Antonio and the Electric Scream: The Man Who Invented the Telephone (em inglês). Wellesley: Branden Books. pp. 122–3. ISBN 9780828321976
- ↑ a b c d Sarti, Roland (2009). Italy: A Reference Guide from the Renaissance to the Present (em inglês). Nova Iorque: Infobase Publishing. p. 366. ISBN 9780816074747
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