Leucoteia

Deusa grega
 Nota: Para o asteroide, veja 35 Leucoteia.

Leucoteia (em grego clássico: Λευκοθέα; romaniz.:Leukothéa; literalmente: "deusa branca"; deve ser entendida como "A deusa que flui na espuma do mar"}} era uma deusa do mar da mitologia grega, protetora dos marinheiros, que se manifestava sob a forma de uma ninfa transformada.

Estátua de Leucoteia por Jean Jules Allasseur (1818–1903) no Museu do Louvre

Origem editar

Em tempos Leucoteia foi uma princesa mortal, Ino, uma das filhas do rei Cadmo de Tebas. Ino e o seu marido, Atamante, tiveram dois filhos, Learco e Melicertes, e atraíram a ira de Hera quando acolheram o deus Dionísio (filho ilegítimo de Sêmele, irmã de Ino, e Zeus). Como castigo, Hera envolveu Atamante numa loucura assassina e fê-lo matar Learco. Ino, então, pegou no filho mais novo para o salvar da loucura do marido e saltou com ele desde uma falésia para o mar.

De acordo com a mitologia, os deuses do Olimpo apiedaram-se deles e fizeram de ambos deuses do mar, transformando Melicertes em Palemon, o patrono dos Jogos Ístmicos, e Ino em Leucoteia, a deusa branca e protetora dos marinheiros[1]. Noutras versões do mito, é Ino quem enlouquece ou até mesmo os dois.

Mas Vênus, comovida com a pena injusta,/dirige ao tio branda prece: “Ó deus dos mares,/Netuno, a quem cabe o poder depois do céu,/grande é o que te peço, apieda-te dos meus,/a quem vês arrojados no Jônio imenso,/e os soma aos teus deuses. Algum prestígio tenho/sobre o mar, se é que outrora fui concreta espuma/em sacro abismo e vem daí meu nome grego”/Anui Netuno à prece e deles retirou/o que era mortal e digna majestade/lhes concedeu, além de nome e face nova:/chamou o deus Palemon; Leucoteia, a mãe.
Ovídio. Metamorfoses, livro IV, 530[2]

Protetora editar

Na Odisseia, Homero relata que Leucoteia salvou a vida de Odisseu após Calipso o ter permitido regressar a casa e ter-lhe oferecido, para tal, uma jangada. Posídon ao ver a embarcação destruiu-a com a palma da mão. Odisseu submergiu-se pelo peso das suas ricas vestes, mas a sua grande fortaleza física permitiu-lhe desembaraçar-se do lastre antes de morrer afogado; quando chegou à superfície encontrou Leucoteia, que para despistar Posídon se disfarçou de gaivota.

Leucoteia entregou a Odisseu um velo mágico que, atado à cintura, o livraria de morrer afogado se se voltasse a submergir. Odisseu obedeceu-lhe e, em vez de se agarrar aos restos da embarcação, pode nadar para longe, o que fez que Posídon não pudesse localizá-lo.

Ino Cadmeia, já falante moça/De torneado pés, que entre as marinhas/Deusas é Leucoteia, amiserou-se/Do seu penar; do fundo na figura/De um mergulho saindo e na jangada/A revoar pousando: “Infeliz, disse,/Porque o Enosigeu te aflige e vexa?/Ruja, que não sucumbes. Sê cordato,/As vestes e o madeiro entrega às vagas;/Lança-te a nado à ilha, onde um refúgio/Se te destina; toma, e aos peitos esta/Cinge, para salvar-te, imortal banda./Ao negro ponto, às praias mal que atinjas,/Virando as costas, para trás a arrojes”´´.
Homero. Odisseia, livro V, 245[3]

Culto editar

Leucoteia tinha os seus altares junto aos de Posídon, sendo que o principal estava em Corinto. Tinha um santuário em Lacônia onde respondia a perguntas sobre os sonhos, sendo esta a sua forma de oráculo. Pode comparar-se Leucoteia com Losana, uma deusa etrusca

Os romanos adoravam-na com o nome de Mater Matuta e acudiam ao seu templo, em Roma para interceder pelos filhos dos parentes; nunca pelos próprios, pois Leucoteia fora violada e humilhada pelos seus filhos antes de ser imortal [4].

Cantatas editar

Os compositores alemães Georg Philipp Telemann, Johann Philipp Kirnberger e Johann Christoph Friedrich Bach compuseram cantatas dedicadas a Ino a partir do poema do iluminismo alemão, inspirado nas Metamorfoses de Ovídio, de Karl Wilhelm Ramler[5].

Referências

  1. Enciclopédia Britânica
  2. Tradução de Raimundo Nonato Barbosa de Carvalho
  3. Tradução de Odorico Mendes
  4. Enciclopédia Britânica
  5. Handel & Telemann Cantatas

Bibliografia editar

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