Lista de patriarcas de Antioquia

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O Patriarca de Antioquia era o chefe da Igreja de Antioquia. Segundo a tradição, o bispado de Antioquia foi estabelecido por Pedro no século I d.C. e mais tarde foi elevado ao status de patriarcado pelo Primeiro Concílio de Nicéia em 325.[1] A Igreja sofreu o primeiro cisma após a deposição de Eustáquio em 330 sobre a questão da controvérsia ariana e persistiu até sua resolução em 414.[2]

A crucificação de São Pedro (Autor desconhecido, Catedral de Notre-Dame de Paris,1643).

Após o Concílio de Calcedônia de 451, a Igreja sofreu divisão até que a deposição do patriarca Severo de Antioquia em 518 resultou em um cisma permanente do qual duas linhas separadas de patriarcas emergiram. Os apoiadores não calcedonianos de Severo passaram a formar o que hoje é conhecido como a Igreja Ortodoxa Siríaca, enquanto os calcedonianos desenvolveram a Igreja agora conhecida como a Igreja Ortodoxa Grega de Antioquia.

Esta é uma lista de patriarcas de Antioquia, líderes do Patriarcado de Antioquia.

Cronologia sucessória do Patriarcado

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Bispos de Antioquia

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Há outras listas.[3]

Número Nome Período
(gregos[4])
Período
(sírios[5])
Observações Ref.
Bispos de Antioquia
1 São Pedro ca. 45 - ca. 53 ca. 37 - ca. 67 O líder dos doze apóstolos e o fundador da Igreja de Antioquia. Ele também é considerado fundador da Igreja de Roma e, portanto, o primeiro papa.
2 Evódio de Antioquia ca. 53 - ca. 68 ca. 67 - ca. 68 Muito pouco se sabe sobre a vida de Evódio. Ele era um pagão que foi convertido para o cristianismo pelas mãos de Pedro. Nos Atos dos Apóstolos, uma das primeiras comunidades a receber os missionários cristãos foram as judias e pagãs de Antioquia, que era então um centro cosmopolita e opulento e com forte influência do helenismo. A tradição cristã sustenta que Pedro teria sido o primeiro bispo da cidade e liderou a consolidação da igreja ali, deixando Evódio como seu sucessor quando partiu para Roma.

Evódio foi sucedido por Inácio de Antioquia e é provável que tenha morrido de causas naturais, ainda na função. Ele é um dos Setenta Discípulos.

[6]
3 Inácio de Antioquia ca. 68 - ca. 100 ca. 68 - ca. 107 Discípulo do apóstolo João, também conheceu São Paulo. Considerado santo e mártir, Inácio foi detido pelas autoridades romanas e transportado para Roma, onde foi condenado à morte no Coliseu, atacado por leões. [7]
4 Herodião de Antioquia ca. 100 - ca. 120 ca. 107 - ca. 127 Santo e mártir. Quase nada se sabe sobre a sua vida. [8]
5 Cornélio de Antioquia ca. 127 - ca. 151 ca. 127 - ca. 154 Foi o primeiro líder cristão a ter um nome aristocrático romano. [9]
6 Eros de Antioquia ca. 151 - 169 ca. 154 - 169 Sucessor de Cornélio, nada se sabe sobre ele. [10]
7 Teófilo de Antioquia 169 - 188 169 - 182 Primeiro bispo de Antioquia do qual uma obra chegou aos nossos dias (Ad Autolychum - "Para Autólico"). Foi o primeiro autor cristão a atestar que os evangelistas eram inspirados por Deus, exatamente como os autores do Antigo Testamento. Além disso, acreditava que a Terra era plana. [11][12]
8 Máximo I de Antioquia 188 - 191 182 - 191 Sucessor de Teófilo, nada se sabe sobre ele.
9 Serapião de Antioquia 191 - 212 191 - 211 Santo. Escreveu contra os montanistas e condenou o Evangelho de Pedro, um apócrifo do Novo Testamento, por sua tendência docetista. [13]
10 Asclepíades de Antioquia 212 - 218 211 - 220 Santo e confessor. Sofreu durante as perseguições de Sétimo Severo e Macrino [14][15]
11 Fileto de Antioquia 218 - 231 220 - 231 Seu episcopado coincidiu com os imperadores romanos Elagábalo e Alexandre Severo. [16]
12 Zebino de Antioquia 232 - 240 231 - 237 Viveu durante a perseguição iniciada por Maximiano Trácio logo após o reinado do "simpatizante" cristão Alexandre Severo. [17]
13 Bábilas de Antioquia 240 - 253 237 - 251 Santo e mártir, sucumbiu durante a perseguição de Décio, tão severa que é possível que a cidade tenha ficado sem bispo entre 251 e 253. A homilia de João Crisóstomo sobre São Bábilas relata a história que Bábilas recusou-se a visitar um imperador pagão por conta de seus hábitos pecadores, negou-lhe a entrada na igreja e ordenou que ele tomasse seu lugar entre os penitentes. Este imperador é provavelmente Filipe, o Árabe, que era provavelmente um "simpatizante" cristão, e o ódio de Décio por ele teria sido a causa da perseguição que ele iniciou logo após a sua morte. [18][19][20]
14 Fábio de Antioquia 253 - 254 251 - 254 Foi um personagem ativo durante o cisma novaciano. Novaciano pregava que todos os cristãos que haviam cedido às pressões pagãs durante a perseguição - ao invés de enfrentar o martírio - não deveriam ser recebidos de volta na comunhão da igreja, exceto se sujeitassem ao rebatismo. O Papa Cornélio era o líder da facção contrária, que advogava que os lapsi deveriam ser recebidos abertamente após a simples confissão dos pecados e a penitência correspondente. É neste contexto que Cornélio então escreveu para Fábio para lhe contar o resultado da reunião e avisá-lo sobre Novaciano, que é descrito nos mais duros termos. Trocou também correspondências com Dionísio, o patriarca de Alexandria sobre o mesmo tema. [21]
15 Demétrio de Antioquia após 253 - incerto após 253 - incerto Foi levado como cativo pelos persas e terminou seus dias prisioneiro na corte de Sapor I. [22]
- Anfilóquio de Antioquia entre 260 e 267 entre 260 e 267 Algumas listas incluem um tal Anfilóquio de Antioquia entre Demétrio e Paulo, com um reinado em algum período entre 260 e 267, uma pessoa sobre a qual não há absolutamente nenhuma informação. A maioria das listas sequer o cita e iniciam o reinado de Paulo em 260 [4][5]
16 Paulo de Samósata 267 - 270 260 - 268 Apoiado por Zenóbia e deposto pelo imperador Aureliano. Ele foi deposto e considerado um herético de ideias monarquianistas. Paulo considerava que Jesus era apenas um homem que, após o seu batismo, foi transformado em Deus. Suas teorias seriam debatidas ainda por muitos anos, pois ele é considerado um precursor das ideias adocionistas e o seu pupilo, Luciano de Antioquia, teve grande influência sobre Ário. [23][24]
17 Dono I de Antioquia 270 – 273 268 – 273 Filho do antigo bispo Demétrio, sucedeu a Paulo de Samósata quando ele foi deposto. [24]
18 Timeu de Antioquia 273 - 277 273 - 282 Sucedeu a Demétrio e quase nada se sabe sobre ele. [25]
19 Cirilo I de Antioquia 277 - 299 283 - 303 Santo, reinou durante a Perseguição de Diocleciano, a mais severa de todas as perseguições, há muitas divergências sobre o período de seu reinado. É possível que ele tenha morrido logo antes dela ter iniciado. [25]
20 Tirânio de Antioquia 299 - 308 304 - 314 Reinou durante a Perseguição de Diocleciano e há muita incerteza sobre o período do patriarcado. Seu nome é uma referência à sua cidade natal, Tiro. [25]
21 Vitálio I de Antioquia 308 - 314 314 - 320 Reinou durante a Perseguição de Diocleciano e há muita incertaza sobre o período do patriarcado. Nada mais se sabe sobre ele.
22 Filógono de Antioquia 314 - 324 320 - 323 Santo, foi o primeiro bispo após o Édito de Milão, que terminou com as perseguições aos cristãos. Viveu os primórdios da controvérsia ariana e discutiu a posição de Ário com o patriarca de Alexandria Alexandre. [26]
23 Paulino de Tiro 324 323 - 324 O primeiro bispo ariano da cidade, Eusébio de Nicomédia contava Paulino entre os simpatizantes de Ário em uma carta trocada entre eles e preservada por Teodoreto. [27]
24 Eustácio de Antioquia 324 - 332 324 - 337 Participou do Primeiro Concílio de Niceia (325), que condenou o arianismo. Foi deposto e banido, acusado de cortejar uma mulher. Porém, os aderentes do Credo de Niceia o consideraram bispo até sua morte. Era um firme opositor da doutrina de Ário e é um santo. [28].
23* Paulino de Tiro 332, seis meses 332, seis meses Reassumiu brevemente após o banimento de Eustácio.
25 Eulálio de Antioquia 332 - 333 332 - 333 Segundo Teodoreto, ele era um ariano e morreu logo em seguida. [29]
26 Eufrônio de Antioquia 333 - 334 333 - 334 Segundo Teodoreto, o sucessor escolhido de Eulálio era pra ter sido Eusébio de Cesareia, mas ele rejeitou o convite e abriu a possibilidade para a ascensão de Eufrônio, que era também um ariano. [30]
27* Placêncio de Antioquia 334 - 341 - O Concílio de Antioquia (341) foi presidido Placêncio, que era um ariano. Algumas listas citam Filaclo como sendo o bispo neste período. [31]
27* Filaclo de Antioquia - 334 - 342 Nada mais se sabe sobre ele, exceto tratar-se de um ariano. Algumas listas citam Placêncio como sendo o bispo neste período. [4]
28 Estêvão I de Antioquia 341 - 345 342 - 344 Ariano, participou do Concílio de Sárdica (343) liderando o grupo ariano juntamente com Acácio de Cesareia, o sucessor de Eusébio de Nicomédia. Ele era um adversário de Atanásio de Alexandria e terminou foi deposto no Concílio de Antioquia de 344 [32]
29 Leôncio de Antioquia 345 - 350 344 - 357 Segundo Teodoreto, Leôncio era frígio e teria se castrado para poder viver com uma mulher chamada Eustolia sem ser acusado de atos pecaminosos, uma história que Teodoreto reputa a Atanásio e que teria provocado a sua deposição do presbiterato. Apesar de não declarar abertamente, Leôncio era um ariano convicto e o demonstrou por seus atos, principalmente negando o avanço dos fiéis ortodoxos e promovendo os arianos, como fez em 350, quando ordenou Aécio de Antioquia, o grande líder do anomoeanismo. Ele foi o responsável por disseminar o canto antifonal, inventado por Flaviano e Diodoro, ortodoxos, em Antioquia, de onde ele se espalhou por todo o império. [33][34][35][36]
30 Eudóxio de Antioquia 350 - 354 358 - 359 Um dos mais influentes arianos, Eudóxio foi também arcebispo de Constantinopla de 27 de janeiro de 360 até sua morte, em 370, tendo sido anteriormente bispo de Germanícia e bispo de Antioquia. Participou de todos os principais concílios sobre o arianismo (Antioquia, Sárdica, Filipópolis, Sirmio e Concílio de Selêucia) [37][38]
31 Melécio de Antioquia 354 360 - 362 Ele participou do Concílio de Selêucia e subscreveu à fórmula acaciana (semi-ariana). Ele foi exilado pelos arianos e acabou formando um grupo paralelo de postulantes ao trono de Antioquia. Essa divisão deu origem ao período chamado de cisma meleciano, que iria complicar a situação na sé de Antioquia pelos próximos cinquenta anos. [39]

Cisma meleciano

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Esta deposição resultou no chamado Cisma meleciano, que resultou em diversos postulantes ao trono de Antioquia:

Patriarcas de Antioquia

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Após o Concílio de Calcedônia, a sé episcopal foi elevada ao nível patriarcal e os seus bispos receberam a honra de serem chamados de Patriarca de Antioquia[3].

Os não-calcedônios siríacos reconheceram Severo como patriarca legítimo até sua morte em 538 Em 544, o líder não-calcedônio Tiago Baradeu consagrou Sérgio de Tela como Bispo de Antioquia, abrindo o duradouro cisma entre a Igreja Síria e a Igreja Grega.

Patriarcas posteriores

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Listas sucessórias das Igrejas calcedônias

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Listas sucessórias das Igrejas não-calcedônias

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Ver também

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A Pentarquia
Bispo de Roma
(Lista de Papas)
Patriarca da Igreja de Alexandria
(Lista de patriarcas)
Patriarca da Igreja de Antioquia
(Lista de patriarcas)
Patriarca da Igreja de Jerusalém
(Lista de patriarcas)
Patriarca da Igreja de Constantinopla
(Lista de patriarcas)


Referências

  1. «Brill's New Pauly Supplements I - Volume 1 : Chronologies of the Ancient World - Names, Dates and Dynasties». doi:10.1163/2214-8647-bnps1-all. Consultado em 5 de dezembro de 2024 
  2. Nicholson, Oliver (2018). «The Oxford Dictionary of Late Antiquity». Oxford Reference. doi:10.1093/acref/9780198662778.001.0001. Consultado em 5 de dezembro de 2024 
  3. a b «Greek Orthodox and Syrian Orthodox Patriarchs of Antioch» (em inglês). Spirit Restoration. Consultado em 1 de janeiro de 2012. Arquivado do original em 9 de agosto de 2011 
  4. a b c «Primates of the Apostolic See of Antioch» (em inglês). St. John of Damascus Faculty of Theology, University of Balamand. Consultado em 24 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 31 de julho de 2011 
  5. a b «Patriarchs of Antioch: Chronological List» (em inglês). Syriac Orthodox Resources. Consultado em 24 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 15 de junho de 2002 
  6.   "Evodius" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  7.   "St. Ignatius of Antioch" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  8. «Santo Herodião» (em inglês). Catholic Online. Consultado em 7 de maio de 2011 
  9. Blum, Richard (2009). Cornelius, Bishop of Antioch, 128. Constantine Prefigured: A Candle For The Way (em inglês). Bloomington: Trafford Publishing. 352 páginas. Consultado em 7 de maio de 2011. Cópia arquivada em 19 de setembro de 2012 
  10. Cesareia c. 300, cap. 20
  11.   "Theophilus (1)" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  12.   Este artigo incorpora texto do verbete Theophilus, bishop of Antioch no "Dicionário de Biografias Cristãs e Literatura do final do século VI, com o relato das principais seitas e heresias" (em inglês) por Henry Wace (1911), uma publicação agora em domínio público.
  13.   "St. Serapion" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  14. Fox, John (1851) [1550]. «The seventh persecution under Decius». In: Cumming, John. Acts and monuments of the Church (em inglês). 1. Londres: George Virtue 
  15. «St. Asclepiades» (em inglês). Catholic Online. Consultado em 7 de maio de 2011 
  16. Cesareia 300, cap. 21
  17. Cesareia 300, cap. 29
  18. João Crisóstomo. «Homília a São Bábila» (em inglês). Consultado em 7 de maio de 2011 
  19. Cesareia 300, cap. 39
  20.   "St. Babylas" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  21. Cesareia 300, cap. 43
  22. Gillman, Ian e Hans-Joachim Klimkeit (1999). Christians in Asia before 1500 (em inglês). Ann Arbor: University of Michigan Press. p. 30 
  23.   "Paul of Samosata" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  24. a b Cesareia 300a, cap. 30
  25. a b c Cesareia 300a, cap. 32
  26. Auguste François Lecanu. Pictorial half hours with the saints. Transl (em inglês). Dublin: James Duffy. p. 4. Consultado em 25 de dezembro de 2011 
  27. Cirro c. 450, cap. 5
  28. Filostórgio, em Fócio I. «7». Epítome da História Eclesiástica de Fócio (em inglês). ii. [S.l.: s.n.] 
  29. Cirro c. 450, cap. 21
  30. Cirro c. 450, cap. 21
  31. «Council of Antioch (AD 341)» (em inglês). Fourth century. Consultado em 26 de dezembro de 2011 
  32. Henry Melvill Gwatkin. «The Arian Controversy» (em inglês). Aolib.com. Consultado em 26 de dezembro de 2011. Arquivado do original em 26 de abril de 2012 
  33. Cirro 450, cap. 8
  34. Cirro 450, cap. 19
  35.   "Diodorus of Tarsus" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  36.   "The Rite of Constantinople" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  37. Cirro 450, cap. 20
  38.   "Semiarians and Semiarianism" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.
  39.   "Meletius of Antioch" na edição de 1913 da Enciclopédia Católica (em inglês). Em domínio público.

Bibliografia

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