Lista de peixes da bacia do rio São Francisco
Esta lista reúne as espécies de peixes encontrados na bacia do rio São Francisco. Tendo por curso d'água principal o rio São Francisco, chamado "Rio da Integração Nacional", que atravessa os estados de Minas Gerais, Bahia, Pernambuco, Alagoas e Sergipe, no Brasil.[1] Segundo estudo publicado em 2022, a bacia do São Francisco tinha 304 espécies de peixes descritas, e que se encontram ameaçadas por ações humanas como a pesca predatória, desrespeito ao chamado período de defeso, poluição, barragens e outras causas.[2]
Os especialistas Alexandre Lima Godinho e Hugo Pereira Godinho informam que "historicamente, o rio São Francisco foi uma das principais fontes brasileiras de pescado. Ele fornecia peixes suficientes para alimentar sua população ribeirinha e para atender ao mercado de outras regiões do Nordeste e do Sudeste do Brasil. A pesca era também uma das importantes fontes geradoras de recursos para sua população ribeirinha". Os autores acrescentam que "pescadores desportivos, provavelmente aos milhares, dirigiam-se anualmente às margens do rio. Centenas de estabelecimentos comerciais, como hotéis, restaurantes, clubes de pesca, peixarias e lojas, obtinham na pesca sua fonte principal ou secundária de recursos"[3] As espécies com maior interesse pesqueiro são apaiari, piau-verdadeiro, pescada-cascuda, tucunaré, tilápia-do-congo e tilápia-do-nilo.[4]
Com a transposição do rio, os organismos federais realizam o monitoramento da migração das espécies de suas águas para as localidades nordestinas atendidas, a fim de minorar o impacto; as barreiras colocadas, bem como as bombas usadas, são barreiras contra a passagem de peixes grandes, mas as espécies pequenas, bem como larvas e ovos, conseguiram passar com possíveis impactos sobre as espécies nativas da zona de caatinga servida pelas águas.[4]
Conservação e registro
editarMuitas das espécies nativas do rio desapareceram antes mesmo de serem catalogadas, ou se tornaram muito difíceis de serem encontradas. Entre os anos de 1985 e 2020 o rio perdeu metade de seu volume de água, o que causou grande impacto sobre os peixes do bioma, aliado à introdução de espécies invasoras.[5] O estudo da ictiofauna e sua preservação são ações que visam mitigar o impacto antrópico, não apenas para proveito econômico como a piscicultura e a pesca artesanal (que gera renda aos ribeirinhos), como preservar o equilíbrio dos ecossistemas são-franciscanos.[2]
A cidade de Belo Horizonte possui o Aquário da Bacia do Rio São Francisco, inaugurado em 5 de março de 2010 pela Fundação Zoo-Botânica. Ocupando uma área de aproximadamente 3 000 m², em dois pavimentos, abriga 22 recintos (tanques) que, em seus variados tamanhos e formatos, contam com um total de mais de 1 milhão de litros de água e era, quando de sua inauguração, o maior aquário público temático de água doce do país, destinado a abrigar cerca de 1 200 peixes de cinquenta espécies endêmicas da bacia.[1]
Com um acervo que teve início em 2002, na cidade baiana de Paulo Afonso existe um museu que reúne a biota do rio. A iniciativa é capitaneada pela Universidade do Estado da Bahia e em 2022 havia reunido 433 exemplares de 93 espécies distintas de peixes da bacia, cujo acervo começou a ser constituído em 2006 como "Coleção de Referência do Rio São Francisco".[5]
O Instituto Federal do Sertão Pernambucano realizou um banco de dados com espécies do rio, que resultou numa coleção que era utilizada em mostras educativas e em 2019 passou a ser exibida de modo permanente na sede da instituição, na cidade de Petrolina.[6]
Peixes nativos e endêmicos
editarMais de 150 espécies nativas foram registrados na bacia, e novas ainda são identificadas, além das espécies ali introduzidas.[3] Dentre os principais peixes são-franciscanos tem-se:[7]
Nome científico • Autoridade(s) • Sinônimo(s) | Imagem | Nome(s) popular(es), observações e ref. |
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Conorhynchos conirostris (Valenciennes, 1840)
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Acestrorhynchus lacustris (Lütken, 1875)
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Anchoviella vaillanti (Steindachner, 1908)
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Apareiodon ibitiensis (Amaral Campos, 1944) Apareiodon mogiguacuensis (Travassos, 1952) |
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Apareiodon hasemani (Eigenmann, 1916) | ||
Apareiodon piracicabae (Eigenmann, 1907)
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Astyanax bimaculatus (Lineu, 1758)
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Astyanax fasciatus (Cuvier, 1819)
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Bryconops affinis (Günther, 1864)
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Brycon hilarii (Valenciennes, 1850)
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Brycon orthotaenia (Günther, 1864)
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Characidium fasciatum (Reinhardt, 1866)
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Cichlasoma bimaculatum (Lineu, 1758)
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Corydoras aeneus (Gill, 1858) | ||
Curculionichthys sagarana (Roxo, Silva, Ochoa & Oliveira, 2015)
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Cyphocharax gilbert (Quoy & Joseph Paul Gaimard, 1824)
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Duopalatinus emarginatus (Valenciennes, 1840)
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Eigenmannia microstoma (Reinhardt, 1852)
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Franciscodoras marmoratus (Reinhardt, 1874)
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Geophagus brasiliensis (Quoy & Gaimard, 1824)
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Gymnotus carapo (Lineu, 1758)
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Hasemania nana (Lütken, 1875)
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Hemigrammus gracilis (Lütken, 1875)
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Hemigrammus marginatus (Ellis, 1911)
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Hemiodus gracilis (Günther, 1864)
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Hoplerythrinus unitaeniatus (Agassiz, 1829)
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Hoplias malabaricus (Bloch, 1794)
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Hypostomus commersonii (Valenciennes, 1836);
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Leporinus elongatus (Valenciennes, 1850) Megaleporinus elongatus (Valenciennes, 1850)
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Leporinus obtusidens (Valenciennes, 1837)
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Lophiosilurus alexandri (Steindachner, 1876)
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Moenkhausia costae (Steindachner, 1907)
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Myleus micans (Lütken, 1875)
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Orthospinus franciscensis (Eigenmann, 1914)
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Phalloceros caudimaculatus (R. F. Hensel, 1868)
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Pimelodus maculatus (Lacepède, 1803)
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Poecilia vivipara (Bloch & Schneider, 1801)
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Prochilodus argenteus Spix & Agassiz, 1829 | ||
Prochilodus costatus (Valenciennes, 1850)
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Prochilodus vimboides (Kner, 1859)
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Pseudotatia parva (Mees, 1974)
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Pseudoplatystoma corruscans (Spix & Agassiz, 1829)
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Rhinelepis aspera (Spix & Agassiz, 1829)
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Roeboides xenodon (Reinhardt, 1851)
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Salminus franciscanus* (Lima & Britski, 2007)
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Salminus hilarii (Valenciennes, 1850)
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Serrapinnus heterodon (Eigenmann, 1915)
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Serrasalmus brandtii Lütken, 1875
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Serrasalmus piraya (Cuvier, 1819)
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Stygichthys typhlops (Brittan & Böhlke, 1965)
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Synbranchus marmoratus (Bloch, 1795)
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Triportheus guentheri (Garman, 1890)
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Peixes introduzidos (exóticos e invasores)
editarA existência cada vez maior de espécies invasoras tem sido constatada, sobretudo na área do Baixo São Francisco. O estudioso da Universidade Federal de Alagoas, Emerson Soares, diz que peixes como tucunarés, apaiaris e tilápias se adaptaram ao ambiente, destacando espécies asiáticas, como o panga, que escaparam de criatórios marginais e que “além de serem prolíficos, com grande voracidade, e predadores, tem a questão do aumento da salinidade, devido a retenção de água para geração de energia elétrica e irrigação. Também há as espécies costeiras que adentram nas águas interiores que competem com os organismos nativos de água doce por alimento. Estas são desfavorecidas pela mudança de qualidade de água. Dentre as espécies de peixes costeiras que adentram no continente, citamos camurupim, robalos, tainhas, baiacus e xaréus, por exemplo”.[61]
Nome científico | Autoridade(s) | Sinônimo(s) | Nome(s) popular(es) | Imagem | Observações e ref. |
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Astronotus ocellatus | Agassiz, 1831 |
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Uma das espécies de interesse pesqueiro.[4][62] | |
Cichla spp. | Bloch & Schneider, 1801 | Acharnes (Holmberg, 1891) | tucunaré | Existem de nove a quinze espécies, a referente à bacia não foi individualizada.[3] Nativo do Orinoco | |
Cichla monoculus | Spix & Agassiz (1831) | _ | Tucunaré-amarelo | Introduzido, é endêmico da Bacia Amazônica[2] | |
Clarias gariepinus | Burchell, 1822 | (vide artigo) | bagre-africano | Espécie de origem africana, considerada invasora.[3][63] | |
Colossoma macropomum | Cuvier, 1818 |
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Espécie originária do Orinoco e da amazônia.[3][64] | |
Cyprinus carpio | Lineu, 1758 | — | carpa-comum | Espécie euro-asiática.[3][65] | |
Hoplosternum littorale | Hancock, 1828 | Vide artigo |
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Nativo da amazônia, tem ampla distribuição na América do Sul, sendo sua presença na bacia como presumida introdução.[66][67] | |
Metynnis lippincottianus | Cope (1870) | Metynnis maculatus |
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Considerada invasora, é oriunda da amazônia e de rios paraguaios.[2] | |
Oreochromis sp. | Günther, 1889 | — | tilápia | Tem origem na África e Oriente Médio[3][68] | |
Oreochromis niloticus | Lineu, 1758 | (vide artigo) | tilápia-do-nilo | Foi introduzida pelo DNOCS a partir da década de 1970.[2] | |
Plagioscion squamosissimus | Heckel, 1840 |
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É um peixe de origem amazônica.[3][69][2] | |
Tilapia sp. | A. Smith, 1840 | Chromis Günther, 1862 |
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Tem origem na região sul da África,[3][70] sendo atualmente uma das mais presentes no S. Francisco.[4] |
Referências
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Obra parte do Projeto Manuelzão, com apresentação de Apolo Heringer Lisboa.
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