Lista de terreiros de candomblé em Ilhéus
Esta é uma lista de terreiros de candomblé em Ilhéus, município do estado brasileiro da Bahia. Ilhéus está situado no Sul da Bahia e a fundação da cidade remonta à doação pelo rei de Portugal João III em 1534 da então Capitania de São Jorge dos Ilhéus a Jorge de Figueiredo Correia.[1] Nesse momento, destaca-se o estabelecimento do Engenho de Santana pelo então sesmeiro Mem de Sá para produção canavieira a partir do trabalho de pessoas escravizadas e traficadas da África.[1] Por muito tempo essas pessoas eram de civilizações bantas, enquanto as populações sudanesas (principalmente, iorubás e jejes) eram em menor número no Brasil, exceto pelo intervalo 1813-1851, em que houve o tráfico maciço de iorubás-nagôs para Salvador, capital da Bahia.[2] A partir desse contexto se desenvolvem as manifestações culturais afro-brasileiras nessa parte do país, notadamente o candomblé e seus espaços de culto.[1]
Por conta da dinâmica demográfica do século XIX, a matriz cultural iorubá predominou no candomblé de Salvador e do Recôncavo baiano, enquanto a maioria dos terreiros ilheenses se identifica com a nação angola, das civilizações bantas.[2] Originalmente, outra diferença eram as características rurais em comparação aos terreiros mais citadinos soteropolitanos.[2] Ao mesmo tempo, guardam ligação com aqueles terreiros, pois os grandes terreiros ilheenses com suas lideranças emergiram na década de 1940 por ocasião de migrações de mães e pais de santo, visitas para cumprir obrigações e extensões da família de santo desde Salvador para Ilhéus.[2] Nessa década, o candomblé já era difundido na capital baiana e a prosperidade econômica em Ilhéus e no entorno em função do ciclo do cacau ultrapassou a estrutura açucareira do Recôncavo e reconfigurava a capital do estado.[2]
Dentre os primeiros terreiros de Ilhéus estão o Ilê Asche Omi Azaritobossi Dewá (fundado em 1973 pela ialorixá Annaildes Moreira Tavares, do rito nagô), o terreiro de Dona Benzinha da Rodagem (localizado na Barreira, da nação jeje consagrado a Nanã Borocô, fundado antes de 1973, porém extinto por não haver sucessores), o Ilê Axé Ijexá Orixá Olufon (remonta ao Engenho de Santana e a uma ancestralidade por volta de 1829, de nação ijexá, transferido para o município vizinho de Itabuna), o Terreiro Matamba Tombenci Neto (localizado no alto da Conquista, fundado em 1885, de nação angola) e o Terreiro de Luando (fundado no começo da década de 1940 por Malungo Monaco, de nação angola).[2]
Houve alguns esforços para catalogar os terreiros de Ilhéus, como também da região em que está inserido, o Sul da Bahia. O Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais Kàwé (NAEB), da Universidade Estadual de Santa Cruz, conduziu um primeiro levantamento na década de 2000 e alcançou a visita de 32 terreiros em Ilhéus.[2][3] Posteriormente, o projeto "Memória de Terreiros do Sul da Bahia" do Núcleo Kàwé cadastrou 77 terreiros, espalhados por 18 dos 40 bairros da zona urbana do município e por cinco dos seus dez distritos rurais.[2][3] Antes disso, a Associação Nacional Cultural de Preservação do Patrimônio Bantu (ACBANTU) havia identificado a existência de 94 terreiros em Ilhéus.[2] As diferenças entre as iniciativas de catalogação se dão pelas dinâmicas de funcionamento dos espaços de culto, que, em geral, ficam um ano fechados em caso de morte da liderança e estas podem não deixar sucessão (como o de Dona Benzinha) ou que ficam enfraquecidos, se não fecham, com a migração da mãe ou pai de santo para outro lugar.[2]
Tabela
editarA tabela abaixo lista os terreiros ilheenses com algumas outras informações pertinentes: imagem, data de fundação, nação de candomblé (quando houver especificação) e coordenadas geográficas em uma hiperligação leva a um mapa com a localização do terreiro no município de Ilhéus. Tais informações estão embasadas nos dados do projeto "Memória de Terreiros do Sul da Bahia" do Núcleo Kàwé.[4]
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Ver também
editarReferências
- ↑ a b c Póvoas, Ruy do Carmo. «Presença do negro na cultura ilheense» (PDF). Universidade Estadual de Santa Cruz. Consultado em 18 de agosto de 2021
- ↑ a b c d e f g h i j Amim, Valéria (maio de 2011). «ÁGUAS DE ANGOLA EM ILHÉUS: CONFIGURAÇÕES IDENTITÁRIAS NO CANDOMBLÉ DO SUL DA BAHIA». Revista Brasileira de História das Religiões. 4 (10). ISSN 1983-2850. doi:10.4025/rbhranpuh.v4i10.30388. Consultado em 18 de agosto de 2021
- ↑ a b «Mapeamento dos Terreiros de Candomblé em Ilhéus». Universidade Estadual de Santa Cruz. Consultado em 18 de agosto de 2021
- ↑ Núcleo de Estudos Afro-Baianos Regionais ─ Kàwé. «Mapeamento dos Terreiros de Candomblé em Ilhéus». UESC - Universidade Estadual de Santa Cruz. Consultado em 2 de outubro de 2021
Bibliografia
editar- Amim, Valéria (25 de fevereiro de 2013). «Águas de angola em Ilhéus: um estudo sobre construções identitárias no candomblé do sul da Bahia». Consultado em 18 de agosto de 2021
- Goldman, Marcio (2003). «Os tambores dos mortos e os tambores dos vivos. Etnografia, antropologia e política em Ilhéus, Bahia». Revista de Antropologia: 445–476. ISSN 0034-7701. doi:10.1590/S0034-77012003000200012. Consultado em 18 de agosto de 2021
- Oliveira, André Luiz de Araujo (2013). «ST8 - 324 A CIDADE E O TERREIRO: PROTEÇÃO URBANÍSTICA AOS TERREIROS DE CANDOMBLÉ NA BAHIA PÓS-ESTATUTO DA CIDADE». Anais ENANPUR (1). ISSN 1984-8781. Consultado em 18 de agosto de 2021
- Reis, Lismar Lucas Santos dos (6 de março de 2021). «Um olhar sobre a resistência do povo de terreiro do bairro do Pontal, Ilhéus (Bahia)». Revista Espaço Acadêmico (227): 75–86. ISSN 1519-6186. Consultado em 18 de agosto de 2021