Lomariopsidaceae é uma família de samambaias pteridófitas, com distribuição natural maioritariamente tropical, que a classificação de 2016 do Pteridophyte Phylogeny Group (a PPG I), coloca na subordem Polypodiineae (eupolypods I) da ordem Polypodiales.[1] Alternativamente, pode ser tratada como a subfamília Lomariopsidoideae de uma família Polypodiaceae sensu lato muito ampla.[2][3] Apesar de os indivíduos da família apresentarem características distintas entre os grupos, compartilham um característico meristema ventral do rizoma. Alguns membros das Lomariopsidaceae são cultivados como planta ornamental.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLomariopsidaceae
Classificação científica
Reino: Plantae
Divisão: Polypodiophyta
Clado: Tracheophyta
Classe: Polypodiopsida
Ordem: Polypodiales
Subordem: Polypodiineae
Família: Lomariopsidaceae
Alston
Géneros
Sinónimos

Diversidade Taxonômica

editar

Essa família é composta por quatro gêneros, Cyclopeltis, Dracoglossum, Dryopolystichum, Lomariopsis e cerca de 70 espécies. A família possui uma das morfologias mais heterogêneas entre as samambaias, apresentando características variadas entre os gêneros. [4]

Espécies encontradas no Brasil

editar

Ocorrem 3 gêneros, com as seguintes espécies: [5]

Morfologia

editar

A família possui como característica marcante um amplo meristema ventral do rizoma. Nessa família, o esporângio é mantido por dois sistemas vasculares.[6] São características por pecíolo com feixe vascular em forma de meia lua. [6] Podem ser rastejantes ou trepadeiras, e apresentam características linhas espalhadas pelo esclerênquima. Apresentam dimorfismo entre indivíduos férteis e inférteis, sendo que as folhas férteis apresentam região laminar mais reduzida. Os estômatos são em sua maioria paracíticos. Pneumatóforos ocorrem no pecíolo ou na base do pecíolo. Os esporos possuem forma monolete e elipsoidal, com estruturas semelhantes a asas em sua superfície. Muitas espécies possuem protalo cordado com ou sem pelos laterais multicelulares.[7] Essa família apresenta diferente morfologia em folhas jovens e adultas, e talo do esporângio formado por 3 colunas de células, esporos bilaterais com períneo dobrado.[8]

Tabela comparativa de características morfológicas dos quatro gêneros de Lomariopsidaceae [4]
Característica Cyclopeltis Dracoglossum Dryopolystichum Lomariopsis
Habitat Terrestre Terrestre Terrestre Hemiepífita
Rizoma Ereto Rasteira Ereto Trepadeira
Divisão das folhas (plantas maduras) Pinada Simples Pinada Pinado-pinatífida
Articulação das pinas Articulada Não se aplica Não articulada Articulada
Venação Livre Reticulada Livre Livre
Esporângio Soro arredondado Soro arredondado Soro arredondado Acrosticóide
Indúsio Peltado, se presente Peltado, se presente Peltado Ausente


Taxonomia e filogenia

editar

A classificação de 2016 do Pteridophyte Phylogeny Group (PPG I) incluiu 4 géneros nesta família.[1] Posteriormente, Dryopolystichum foi adicionado em 2017,[4] e Thysanosoria foi depois incluído em Lomariopsis, de forma que os seguintes géneros são presentemente reconhecidos:[9]

O género Nephrolepis foi em tempos colocado nesta família,[10] mas agroa está colocado na sua própria família, Nephrolepidaceae.[1][11] Alguns membros das Lomariopsidaceae são cultivados como planta ornamental.

A família Lomariopsidaceae apresenta a seguinte estrutura filogenética externa (PPG I) e interna (Fern Tree of Life):

Filogenis externa (PPG I, 2016) [1] Filogenia interna (Fern Tree of Life)[12][13]
Polypodiineae (eupolipódios I)

Didymochlaenaceae

Hypodematiaceae

Dryopteridaceae

Nephrolepidaceae

Lomariopsidaceae

Tectariaceae

Oleandraceae

Davalliaceae

Polypodiaceae

Lomariopsidaceae

Dryopolystichum

Cyclopeltis

Dracoglossum

Lomariopsis

Distribuição Geográfica

editar

É uma família que abrange espécies tropicais, encontradas na maioria dos países da América do Sul, até a América Central e sul da América do Norte. Além disso, espécies também são encontradas na Ásia.[8] Registros incluem as determinadas regiões:

  • Cyclopeltis J.Sm: Ásia (Indonésia, Taiwan, Vietnã, Camboja, Tailândia), América do Sul e América Central (Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, República Dominicana, Nicarágua). [14]
  • Dracoglossum': América Central (Guiana Francesa, Colômbia, Costa Rica, Panamá). [15]
  • Dryopolystichum': Nova Guiné. [4]
  • Lomariopsis': América do Sul e América Central (Brasil, Bolívia, Peru, Equador, Colômbia, Costa Rica, Guatemala, República Dominicana, Nicarágua, Porto Rico, Cuba), África (Guiné, Gabão, Angola, Zâmbia, Zimbábue, Moçambique, Madagascar), Ásia (Indonésia, Taiwan, Vietnã, Filipinas, Malásia, Nepal, Tailândia). [16]

As espécies do gênero Lomariopsis, por exemplo, crescem em florestas úmidas e regiões de menor elevação. Na Amazônia brasileira, especificamente no estado do Pará, são encontrados os gêneros Cyclopeltis J. Sm., Lomariopsis Fée, Nephrolepis Schott,e cerca de 10 espécies.[6] No território brasileiro, existem registro da família em 21 dos 25 estados (Acre, Alagoas, Amapá, Amazonas, Bahia, Ceará, Distrito Federal, Espírito Santo, Goiás, Maranhão, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Pará, Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro, Rio Grande do Sul, Rondônia, Roraima, Santa Catarina, São Paulo e Sergipe) e no Distrito Federal.[17]

Referências

editar
  1. a b c d PPG I (2016). «A community-derived classification for extant lycophytes and ferns». Journal of Systematics and Evolution. 54 (6): 563–603. doi:10.1111/jse.12229  
  2. Christenhusz, Maarten J.M.; Chase, Mark W. (2014). «Trends and concepts in fern classification». Annals of Botany. 113 (9): 571–594. PMC 3936591 . PMID 24532607. doi:10.1093/aob/mct299 
  3. «Lomariopsidaceae Alston». Plants of the World Online. Royal Botanic Gardens, Kew. Consultado em 1 de agosto de 2019 
  4. a b c d C. Chen (2017). «Phylogenetic analyses place the monotypic Dryopolystichum within Lomariopsidaceae». PhytoKeys. 78: 83–107. PMC 5543276 . PMID 28781553. doi:10.3897/phytokeys.78.12040 
  5. A.C.P. Santiago; J.M. Costa; S. Maciel. «Lomariopsidaceae in Flora e Funga do Brasil». Jardim Botânico do Rio de Janeiro. Consultado em 14 de fevereiro de 2025 
  6. a b c Maciel, S.; Pietrobom, M. R. (2010). «Dryopteridaceae e Lomariopsidaceae (Polypodiopsida) do Campo Experimental da Embrapa Amazônia Oriental, Moju, Pará, Brasil». Rodriguésia. 61 (3): 405-414 
  7. Kramer, K. U.; Green, P. S. (1990). Kubitzki, K., ed. Pteridophytes and gymnosperms. 1. Berlin: Springer-Verlag. pp. 1–404 
  8. a b Moran, R. C. (2000). «Monograph of the Neotropical Species of Lomariopsis (Lomariopsidaceae)». Brittonia. 52 (1). 55 páginas. doi:10.2307/2666495 
  9. Hassler, Michael; Schmitt, Bernd (janeiro 2020), «Lomariopsidaceae», Checklist of Ferns and Lycophytes of the World, Version 8.20, consultado em 3 de fevereiro de 2020 
  10. Eric Schuettpelz; Kathleen M. Pryer (2007). «Fern phylogeny inferred from 400 leptosporangiate species and three plastid genes» (PDF). Taxon. 56 (4): 1037–1050. JSTOR 25065903. doi:10.2307/25065903. Cópia arquivada (PDF) em 20 de agosto de 2008 
  11. Maarten J. M. Christenhusz, Xian-Chun Zhang & Harald Schneider (2011). «A linear sequence of extant families and genera of lycophytes and ferns» (PDF). Phytotaxa. 19: 7–54. doi:10.11646/phytotaxa.19.1.2 
  12. Nitta, Joel H.; Schuettpelz, Eric; Ramírez-Barahona, Santiago; Iwasaki, Wataru; et al. (2022). «An Open and Continuously Updated Fern Tree of Life». Frontiers in Plant Science. 13: 909768. PMC 9449725 . PMID 36092417. doi:10.3389/fpls.2022.909768  
  13. «Tree viewer: interactive visualization of FTOL». FTOL v1.3.0. 2022. Consultado em 12 dezembro 2022 
  14. iNaturalist
  15. iNaturalist
  16. iNaturalist
  17. «Reflora - Herbário Virtual». Flora do Brasil. Consultado em 14 de fevereiro de 2025