Ludovisi (rione de Roma)

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Ludovisi é um dos vinte e dois riones de Roma, oficialmente numerado como Rione XVI, localizado no Municipio I. Até o século XIX, a região era uma bela villa dos Ludovisi, aVilla Ludovisi, quase totalmente destruída para a construção do novo distrito. Apenas alguns remanescentes, como o Casino di Villa Boncompagni Ludovisi, sobreviveram.

Mapa do Rione XVI - Ludovisi.

Entre suas ruas, a mais importante é a Via Veneto.

História editar

 
Brasão de Ludovisi: três faixas douradas e um dragão dourado, tudo em fundo vemelho. É o brasão da família Ludovisi.

Ludovisi é um dos riones criados após a unificação da Itália (assim como San Saba, Testaccio e Prati, nascido na convenção de 1886 entre os herdeiros dos Ludovisi, os Boncompagni de Piombino, e a Comuna de Roma. Pelos seus termos, o príncipe de Piombino entregou para ser loteada a Villa Ludovisi, cerca de 25 hectares de parques entre a Muralha Aureliana e o centro histórico dos riones Trevi e Colonna, uma propriedade que, entre os séculos XVII e XIX, chegava até a Porta Salária (moderna piazza Fiume).

Urbanização editar

Este loteamento, com sua história e seus protagonistas, pode ser considerado como um episódio exemplar do desenvolvimento iniciado pelos Saboia em sua nova capital, desenvolvimento fundamentado na especulação imobiliária que atraiu interessados de toda a Europa e, no espaço de menos de vinte e cinco anos, levou ao Escândalo da Banca Romana.

Em 1862, foi fundada, em Turim, a Società Generale Immobiliare, que veio seguindo a capital do nascente Reino da Itália, dos Saboia, conforme ela avançava para Roma, primeiro mudando-se para Florença (ainda em 1862) e depois para Roma (1880). Ela tornou-se a grande protagonista, por mais de um século, da especulação imobiliária na cidade de Roma.[1]

Sobre o desenvolvimento do novo rione Ludovisi, pode-se dizer que o projeto de loteamento foi o mesmo do utilizado pela Sociedade no resto da capital. Não é de se estranhar a inclusão do príncipe Ignazio Boncompagni di Piombino entre os dezoito integrantes da "junta provisória" que passou a governar Roma (6 nobres, 4 burgueses e 8 proprietários de terras e comerciantes rurais),[2] que tinha, entre suas prioridades iniciais, a formação de uma comissão de arquitetos e engenheiros encarregados de selecionar os projetos "para a construção de novos quartiere nas regiões [da cidade] que prioritariamente se destinariam a novas construções". A região citada foi a zona alta entre o Esquilino e o Píncio, já identificada por sua proximidade da Estação Termini, e cujos lotes já estavam sendo vendidos a investidores do norte da Itália e estrangeiros.

Depois de estudos, opiniões e debates, o primeiro plano regulatório do desenvolvimento da "terceira Roma", foi firmado em Viviano em 1873, legitimando as sete convenções com a Comuna de Roma para a edificação de novos quartiere que o Estado já havia ratificado "independente de tudo". A primeira convenção, com os Merode sobre o vale de San Vitale, já estava firmada antes da conquista da cidade; outros novos riones foram programados no Célio, Esquilino, Castro Pretório e Testaccio ("pela arte glamorosa, grandes escritórios, depósitos e edifícios para abrigar os operários"), totalizando mais de 100 hectares e uma previsão de mais de 50 000 residentes. Restavam naquela época o Prati di Castello, considerada uma zona politicamente sensível por causa da proximidade com o Vaticano.[3]

Passaram-se depois mais de dez anos, durante os quais continuaram a crescer os novos imóveis e os preços das áreas ainda livres, até a aprovação, em 1883, com base numa lei de 1881, de uma plano regulatório oficial e vinculante. Embora este "Plano Viviani" previsse a inviolabilidade da Villa Ludovisi, a nobreza urbana também queria participar da especulação. Assim, o príncipe (apenas titular na época) Rodolfo Boncompagni estipulou, num acordo com a cidade em 1886 e com a Società Generale Immobiliare, o loteamento e a "construção de um bairro de habitações privadas na antiga Villa Ludovisi".[4] É notável que, neste acordo, Giuseppe Giacomelli, administrador delegado da SGI, era também o "procurador geral" do príncipe Rodolfo.

O negócio foi concluído às vésperas da crise que envolveu o príncipe de Piombino e levou a SGI à beira da falência, da qual se salvou, em 1898, granças a uma concordata com os credores. Superada a fase aguda da crise, a construção dos terrenos loteados ganhou força: imóveis elegantes já estavam construídas na via di Porta Pinciana, em 1890 foi concluído o Palazzo Margherita, em 1905 surgiu a Villa Maraini, o Hotel Flora e o Hotel Excelsior, e, em 1906, a via Veneto.

Vias e monumentos editar

Edifícios editar

Palácios e villas editar

Outros edifícios editar

Igrejas editar

Referências

  1. Paola Puzzuoli. La politica delle aree della Società generale immobiliare (PDF). [S.l.: s.n.] Consultado em 24 de setembro de 2015. Arquivado do original (PDF) em 28 de dezembro de 2013 
  2. Franco Ferrarotti (2009). Armando Armando, ed. Spazio e convivenza: come nasce la marginalità urbana. Roma: [s.n.] p. 51 
  3. Franco Ferrarotti (2009). Armando Armando, ed. Spazio e convivenza: come nasce la marginalità urbana. Roma: [s.n.] p. 50ss. 
  4. O texto completo está em Franco Ferrarotti (2009). Armando Armando, ed. Spazio e convivenza: come nasce la marginalità urbana. Roma: [s.n.] p. 71-74. 

Bibliografia editar

  • A. Majanlahti, "The families who made Rome - A history and a guide". Chatto & Windus, 2005. ISBN 0-7011-7687-3 (em inglês)
  • "Roma - Guia American Express", Editora Civilização, 2004. ISBN 972-26-1319-7 (em português)

Ligações externas editar

 
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