Luis Carrero Blanco

Luis Carrero Blanco (Santoña, 4 de março de 1904 [1]Madrid, 20 de dezembro de 1973) foi um militar e político espanhol. Ocupou diversos cargos no governo franquista; foi assassinado em um atentado da ETA quando era presidente do governo de Espanha durante a etapa final dessa ditadura.

Luis Carrero Blanco
Luis Carrero Blanco
Luis Carrero Blanco
Presidente do governo da Espanha
Período 8 de junho de 1973
a 20 de dezembro de 1973
Antecessor(a) Francisco Franco
Sucessor(a) Torcuato Fernández Miranda
Dados pessoais
Nascimento 4 de março de 1904
Cantabria
Morte 20 de dezembro de 1973 (69 anos)
Madrid
Assinatura Assinatura de Luis Carrero Blanco

Formação editar

Ingressou na Escola Naval em 1918 contando com 14 anos e participou da campanha de Marrocos de 1924-1926.

A Guerra Civil editar

Ao começar a Guerra Civil fugiu por temor a ser executado por milícias republicanas e refugiou-se nas embaixadas do México e França, até conseguir em junho de 1937 evadir-se para a zona sublevada. Situado no comando do destróier Huesca e, posteriormente, de um submarinho, chegou a ser chefe de Operações do Estado-Maior da Marinha.

 
Monumento a Luis Carrero Blanco em sua cidade natal.

Cargos de Governo editar

Em 1940 redigiu um informe recomendando a neutralidade espanhola na II Guerra Mundial. Desde então tornou-se homem de confiança de Franco, foi nomeado Subsecretário (1941) e Ministro da Presidência (1951), logo Vice-presidente (1967), o que implicou um acréscimo crescente do seu peso específico no governo do Estado. No seu trabalho procurou limitar a influência dos falangistas, promoveu a modernização econômica e administrativa do Estado, embora sempre dentro do franquismo, e apoiou o planejamento da sucessão monárquica do regime, na figura de Juan Carlos I.[2]

Em junho de 1973 foi nomeado Presidente do governo, o que fazia pensar que se tornaria no homem forte do Estado à morte do ditador e no pilar sobre o qual se sustentaria o franquismo sem Franco, mas o seu falecimento a 20 de dezembro de 1973 num atentado perpetrado por ETA em Madrid abortou essas expetativas.

Assassinato: a "Operação Ogro" editar

"Operação Ogro" foi o nome em chave com o que ETA denominou a este magnicídio. Os membros de ETA deslocaram-se até Madrid e alugaram um porão no número 104 da Rua Claudio Coello; a partir dali escavaram um túnel até o centro da quadra, onde colocaram cerca de 100 quilogramas de Goma-2 que fizeram explodir, em 20 de dezembro de 1973, o carro de Carrero Blanco, quinze minutos antes do começo do julgamento contra dez membros do então sindicato clandestino Comissões Operárias, conhecido como "Processo 1001".

A explosão, que acabou com a vida de Carrero Blanco,[3] foi tão violenta que o carro voou pelos ares e caiu na açotéia de um edifício anexo à igreja onde assistira à missa momentos antes. Também faleceram outras duas pessoas, o inspetor de Polícia José Antonio Bueno Fernández, e o condutor do veículo, José Luis Pérez Mogena.

Carrero Blanco, que sido advertido da possibilidade de sofrer um atentado[4] recusara aumentar as suas escassas medidas de segurança; o seu horário e os seus itinerários eram invariáveis e o carro no que se deslocava não estava blindado.

O objetivo do atentado, segundo indicava o comunicado no que ETA assumia a sua autoria, era intensificar as divisões então existentes no seio do regime franquista entre os "aberturistas" e os "puristas". Segundo declarações posteriores de Txikia, um dos membros do comando, Carrero Blanco era "uma peça fundamental" e "insubstituível" do regime e representava o "franquismo puro":

 
Placa em honra a Carrero Blanco no lugar onde sofreu o atentado que acabou com a sua vida.

A complexidade do atentado fez suspeitar que talvez outras organizações estiveram implicadas, estando a CIA entre as mais mencionadas, o que foi desmentido pelos próprios autores do atentado.[5]

A única pessoa que supostamente viu o conhecido como "homem da gabardina branca" que entregou os horários e rotas de Carrero Blanco no "Hotel Mindanao" de Madrid, foi assassinado em 1978 por uma organização paramilitar, o Batalhão Basco-Espanhol.[6] Assim mesmo, um dos supostos autores materiais do atentado foi assassinado pouco depois.

Consequências editar

O magnicídio teve grande repercussão na Espanha da época, sendo muito diversos os sentimentos que provocou e as suas consequências políticas posteriores.[7][8]

Ver também editar

Referências

Bibliografia editar

  • AGIRRE, Julen (Eva Forest): Operación ogro: como y por que ejecutamos a Carrero Blanco, Hendaye [etc.], Mugalde / Ruedo Ibérico, 1974, 191 pp.
  • FERNÁNDEZ SANTANDER, Carlos: El almirante Carrero, Esplugas de Llobregat, Ed. Plaza & Janés, 1985, 1ª, 284 pp.
  • TUSELL, Javier: "Carrero, eminencia gris del régimen de Franco", Temas de Hoy, 1993, 478 pp. Série: Grandes temas; 18.

Precedido por
Francisco Franco
Presidentes do governo de Espanha
1973 - 1973
Sucedido por
Torcuato Fernández Miranda