Luiz Alberto Figueiredo

diplomata brasileiro; ex-ministro das Relações Exteriores do Brasil

Luiz Alberto Figueiredo Machado (Rio de Janeiro, 17 de julho de 1955[1]) é um diplomata e advogado brasileiro, atual Embaixador Extraordinário para a Mudança do Clima do Brasil desde fevereiro de 2023[2]. Foi ministro das Relações Exteriores entre 2013 e 2014, durante o governo de Dilma Rousseff.[3]

Luiz Alberto Figueiredo
Luiz Alberto Figueiredo
Luiz Alberto Figueiredo em 2013
Embaixador Extraordinário para a Mudança do Clima
Período 17 de fevereiro de 2023
até a atualidade
Ministro Mauro Vieira
Antecessor(a) Sergio Barbosa Serra
Embaixador do Brasil no Catar
Período 8 de dezembro de 2019
até 17 de fevereiro de 2023
Ministro Ernesto Araújo
Carlos França
Mauro Vieira
Antecessor(a) Roberto Abdalla
Sucessor(a) a ser indicado
Embaixador do Brasil em Portugal
Período 3 de outubro de 2016
até 24 de novembro de 2019
Ministro José Serra
Aloysio Nunes
Ernesto Araújo
Antecessor(a) Mário Vilalva
Sucessor(a) Carlos Alberto Simas Magalhães
Embaixador do Brasil nos Estados Unidos
Período 1 de janeiro de 2015
até 16 de agosto de 2016
Ministro Mauro Vieira
José Serra
Antecessor(a) Mauro Vieira
Sucessor(a) Sérgio Silva do Amaral
Ministro das Relações Exteriores do Brasil
Período 26 de agosto de 2013
até 31 de dezembro de 2014
Presidente Dilma Rousseff
Antecessor(a) Antonio Patriota
Sucessor(a) Mauro Vieira
Representante Permanente do
Brasil nas Nações Unidas
Período 16 de janeiro de 2013
até 26 de agosto de 2013
Ministro Antonio Patriota
Antecessor(a) Maria Luiza Ribeiro Viotti
Sucessor(a) Antonio Patriota
Dados pessoais
Nascimento 17 de julho de 1955 (68 anos)
Rio de Janeiro, RJ

Em janeiro de 2013, foi nomeado Representante Permanente do Brasil nas Nações Unidas, cargo que ocupou até sua nomeação como ministro em agosto do mesmo ano[4]. Após deixar o ministério, atou como embaixador do Brasil nos Estados Unidos (2015-2016),[5] em Portugal (2016-2019)[6] e no Catar (2019-2023).[4]

Em 18 de novembro de 2019, foi agraciado com o grau de Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique, de Portugal.[7]

Vida profissional editar

Formou-se em direito pela Universidade do Estado do Rio de Janeiro (UERJ) em 1977,[8] graduando-se pelo Instituto Rio Branco (IRBr) dois anos depois.[9] Dono de uma história de forte superação pessoal, deixou para trás quase toda[10] a gagueira da infância.[11]

Desde 1981, integrou e chefiou delegações brasileiras em diversas reuniões multilaterais sobre temas como meio ambiente, desenvolvimento sustentável, desarmamento e segurança internacional, direito do mar, Antártica, espaço exterior, saúde e trabalho. Apelidado pelos colegas de "Fig",[12] atuou, por muitos anos, como negociador-chefe brasileiro em conferências internacionais sobre temas ambientais, especialmente as dedicadas à mudança do clima e à biodiversidade.[13]

 
O secretário de Estado dos EUA, John Kerry, se reúne com o ministro das Relações Exteriores do Brasil, Luiz Alberto Figueiredo, na cidade de Nova York em 27 de setembro de 2013.

Figueiredo serviu na missão do Brasil junto às Nações Unidas, de 1986 a 1989, na embaixada em Santiago, de 1989 a 1992, na embaixada em Washington, de 1996 a 1999, na embaixada em Ottawa, de 1999 a 2002, e na missão do Brasil junto à UNESCO, de 2003 a 2005.[13]

Entre 2011 e 2013 exerceu o cargo de subsecretário-geral de meio ambiente, energia, ciência e tecnologia. Entre 2005 e 2011, atuou como diretor do Departamento de Meio Ambiente e Temas Especiais, bem como chefiou a Divisão de Política Ambiental e Desenvolvimento Sustentável, de 2002 a 2004 e a Divisão do Mar, Antártica e Espaço, de 1995 a 1996.[13]

Indicado por Dilma Rousseff, atuou como representante permanente do Brasil junto à Organização das Nações Unidas (ONU) de junho a agosto de 2013.[3]

Ministro das Relações Exteriores editar

Após a demissão do Ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que se envolveu em um conflito diplomático com a Bolívia.[14] O Palácio do Planalto anunciou como novo ministro Luiz Alberto Figueiredo, então embaixador do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Patriota passará a ser o novo representante do Brasil nas Nações Unidas.

 
O ministro das Relações Exteriores, embaixador Luiz Alberto Figueiredo durante entrevista coletiva em 2013.

Foi Ministro das Relações Exteriores até dezembro de 2014.

Retirada do embaixador brasileiro de Israel editar

O governo brasileiro emitiu um comunicado oficial em 23 de julho de 2014, em que classifica como "inaceitável" a escalada da violência na Faixa de Gaza e informou que chamou o embaixador em Israel "para consulta".

"O governo brasileiro considera inaceitável a escalada da violência entre Israel e Palestina. Condenamos energicamente o uso desproporcional da força por Israel na Faixa de Gaza, do qual resultou elevado número de vítimas civis, incluindo mulheres e crianças. O governo brasileiro reitera seu chamado a um imediato cessar-fogo entre as partes", dizia o comunicado.

A medida diplomática de convocar um embaixador é excepcional e tomada quando o governo quer demonstrar o descontentamento e avalia que a situação no outro país é de extrema gravidade.[15] O ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo, afirmou em entrevista à TV Globo, que o Brasil reconhece o direito de defesa de Israel, mas que as ações militares na Faixa de Gaza devem ser feitas com "proporcionalidade". O ministro criticou mortes de crianças e civis e as classificou como "inaceitáveis".

"O Brasil, desde o início, condenou tanto o lançamento de foguetes pelo Hamas, e nós fomos abundantemente claros com relação a isso, como condenamos também a reação de Israel. Nós não contestamos o direito de defesa que Israel tem. É um direito que ele tem. Nós contestamos a desproporcionalidade entre uma coisa e outra. Morreram cerca de 700 pessoas na Faixa de Gaza, a grande maioria delas civis e um número também bastante alto de mulheres e crianças. Isso não é aceitável e é contra isso que nós nos manifestamos", afirmou o ministro.[16]

No dia seguinte à decisão, o Governo Israelense lamentou a decisão do Brasil de chamar para consultas seu embaixador em Tel Aviv, uma decisão que, segundo eles, "não contribui para encorajar a calma e a estabilidade na região" e chamou o país de "anão diplomático" por causa do gesto. De acordo com o jornal "The Jerusalem Post", o porta-voz do ministério das Relações Exteriores de Israel, Yigal Palmor, disse que a atitude do governo brasileiro é "uma demonstração lamentável de como o Brasil, um gigante econômico e cultural, continua a ser um anão diplomático".

Em resposta à declaração, o Ministro Figueiredo disse durante um evento em São Paulo registrado pela rádio CBN.: "Somos um dos 11 países do mundo que têm relações diplomáticas com todos os membros da ONU e temos um histórico de cooperação pela paz e ações pela paz internacional. Se há algum anão diplomático, o Brasil não é um deles". Mas não contestamos o direito de Israel de se defender, jamais contestamos isso. O que contestamos é a desproporcionalidade das coisas".[15]

Após deixar o ministério, atuou como embaixador brasileiro junto ao Catar, Portugal e Estados Unidos.[17]

Embaixador Extraordinário para a Mudança do Clima editar

Em 17 de fevereiro de 2023, foi indicado ao cargo de Embaixador Extraordinário para a Mudança do Clima do Brasil. O cargo, ocupado pela última vez em 2010, foi recriado pelo governo Lula a fim de retomar a prioridade da agenda climática na política externa brasileira.[2][17]

Referências

  1. «Ambassador Luiz Alberto Figueiredo Machado» (em inglês). ONU. Consultado em 26 de agosto de 2013. Arquivado do original em 7 de outubro de 2013 
  2. a b «Quem é Luiz Alberto Figueiredo, embaixador extraordinário para a Mudança do Clima do Brasil». Um só Planeta. 17 de fevereiro de 2023. Consultado em 5 de junho de 2023 
  3. a b «Dilma demite ministro Patriota após episódio com senador boliviano». G1. 26 de agosto de 2013. Consultado em 26 de agosto de 2013 
  4. a b «EMBAIXADORES APROVADOS PELO SENADO FEDERAL». Senado Federal 
  5. «Embaixada do Brasil em Washington» 
  6. «Governo formaliza nomeação de embaixadores de quatro países». Valor Econômico. 19 de agosto de 2016. Consultado em 20 de agosto de 2016 
  7. «Cidadãos Estrangeiros Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "Luiz Alberto Figueiredo Machado". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 11 de dezembro de 2019 
  8. Gois, Chico de (26 de agosto de 2013). «Luiz Alberto Figueiredo, o novo chanceler brasileiro». O Globo. Consultado em 26 de agosto de 2013 
  9. «Ambassador Luiz Alberto Figueiredo Machado» (em inglês). Financial Times. Consultado em 26 de agosto de 2013 
  10. Ambassador Luiz Fernando Figueiredo talks about COP-16 [1]
  11. «Luiz Alberto Figueiredo, um diplomata sem firula que busca consensos». O Globo. Consultado em 22 de dezembro de 2015 
  12. «Luiz Roberto Figueiredo, um diplomata sem firula que busca consensos, do jornal O Globo» 
  13. a b c «Ministro de Estado das Relações Exteriores». Consultado em 5 de setembro de 2013. Arquivado do original em 16 de janeiro de 2012 
  14. G1, Nathalia PassarinhoDo; Brasília, em (26 de agosto de 2013). «Dilma demite ministro Patriota após episódio com senador boliviano». Política. Consultado em 14 de fevereiro de 2023 
  15. a b G1, Do; Brasília, em (23 de julho de 2014). «Brasil chama de 'inaceitável' violência em Gaza e convoca embaixador». Mundo. Consultado em 15 de fevereiro de 2023 
  16. G1, Do; Paulo, em São (24 de julho de 2014). «Israel chama Brasil de 'anão diplomático' por convocar embaixador». Mundo. Consultado em 15 de fevereiro de 2023 
  17. a b «Embaixador Extraordinário para a Mudança do Clima». Ministério das Relações Exteriores. Consultado em 5 de junho de 2023 

Ligações externas editar

Cargos políticos
Precedido por
Antonio Patriota
Ministro das Relações Exteriores do Brasil
2013 — 2014
Sucedido por
Mauro Vieira
Postos diplomáticos
Precedido por
Maria Luiza Ribeiro Viotti
Representante Permanente do Brasil nas Nações Unidas
2013
Sucedido por
Antonio Patriota
Precedido por
Mauro Vieira
Embaixador do Brasil nos Estados Unidos
2015 — 2016
Sucedido por
Sérgio Amaral
Precedido por
Mário Vilalva
Embaixador do Brasil em Portugal
2016 — 2019
Sucedido por
Carlos Alberto Simas Magalhães
Precedido por
Roberto Abdalla
Embaixador do Brasil no Catar
2019 — atualmente
Sucedido por
a ser indicado