Lupicino (cônsul em 367)

 Nota: Para outras pessoas de mesmo nome, veja Lupicino.

Flávio Lupicino (em latim: Flavius Lupicinus) foi um oficial militar romano do século IV, ativo durante o reinado dos imperadores Constâncio II (r. 337–361), Joviano (r. 363–364) e Valente (r. 365–378). Participou de uma expedição à Britânia contra os invasores pictos e escotos sob Constâncio II e sob Valente auxiliou-o em suas campanhas contra o usurpador Procópio (r. 365–366). Também ficou conhecido por sua atuação no Oriente, sobretudo sua perseguição aos heréticos.

Lupicino
Nacionalidade
Império Romano
Ocupação Oficial
Religião Catolicismo

Vida editar

 
Soldo de Joviano (r. 363–364)
 
Soldo de Valente (r. 364–378)

Lupicino aparece pela primeira vez em 359-360, quando serviu na Gália como mestre da cavalaria sob o césar Juliano, o Apóstata em sucessão de Severo 8. Ele é mencionado em telhas provenientes do nordeste da Gália e o sofista Libânio alude a este ofício. Em 360, Juliano enviou-o à Britânia para repelir as incursões dos pictos e escotos em território romano.[1] No mesmo ano, quando o imperador Constâncio II (r. 337–361) exigiu que Juliano lhe enviasse tropas, Lupicino foi instruído a comandá-las, porém ele ainda estava ausente na Britânia.[2]

Quando Constâncio II tomou ciência da auto-proclamação de Juliano à posição de augusto, nomeou Gomoário mestre da cavalaria em sucessão de Lupicino. Temendo que Lupicino se revoltaria com a notícia, Juliano bloqueou o transporte marítimo à Britânia e tratou de prendê-lo quando retornou à Gália mais tarde.[2] Ele esteve entre os oficiais romanos que caíram em desgraça durante o curto reinado de Juliano, permanecendo encarcerado por alguns anos.[3]

Sob Joviano (r. 363–364), foi libertado e nomeado mestre da cavalaria no Oriente, onde reteria este ofício até 367, quando exercia função sob Valente (r. 365–378).[4] Nessa posição, viajou até a Síria para reunir legiões para lutar em nome de Valente contra o usurpador Procópio (r. 365–366).[5] Em 366, na Frígia, participou ao lado de Valente na Batalha de Tiatira onde Gomoário, à época um general de Procópio, foi derrotado.[6] Como recompensa por sua ajuda, foi nomeado cônsul anterior em 367 com Jovino.[7]

Se sabe que Lupicino era cristão ortodoxo e que teria perseguido no Oriente os heréticos eufemitas. Libânio elogiou seu mandato como mestre no Oriente por seu apoio à literatura e filosofia e por tê-lo protegido da acusação de Fidélio e seus amigos cristãos. Segundo Amiano Marcelino, Lupicino era "de fato um homem belicoso e habilidoso em assuntos militares, mas alguém que erguia suas sobrancelhas como chifres e vociferava no trágico coturno (como diziam), e sobre quem os homens estavam há muito tempo em dúvida se ele era mais avarento ou mais cruel."[7]

Ver também editar

Cônsul do Império Romano
 
Precedido por:
Graciano

com Dagalaifo

Lupicino
367

com Jovino

Sucedido por:
Valentiniano  II

com Valente II


Referências

  1. Gibbon 2008, p. 218.
  2. a b Martindale 1971, p. 520.
  3. Gibbon 2008, p. 222.
  4. Martindale 1971, p. 520-521.
  5. Gibbon 2008, p. 310.
  6. Cameron 1997, p. 90.
  7. a b Martindale 1971, p. 521.

Bibliografia editar

  • Cameron, Averil (1997). The Cambridge Ancient History. 13. Cambridge: Cambridge University Press. ISBN 0521302005 
  • Gibbon, Edward (2008). The History of the Decline and Fall of the Roman Empire. 2. Roma: Cosimo, Inc. ISBN 1605201227 
  • Martindale, J. R.; A. H. M. Jones (1971). «Flavius Lupicinus 6». The Prosopography of the Later Roman Empire, Vol. I AD 260-395. Cambridge e Nova Iorque: Cambridge University Press