Lycopodiales é uma ordem de plantas vasculares produtoras de esporos da classe Lycopodiopsida (licófitas) que agrupa cerca de 388 espécies extantes repartidas por 16 géneros e duas famílias.[3]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaLycopodiales
Classificação científica
Reino: Plantae
Sub-reino: Tracheobionta
Divisão: Lycopodiophyta
Classe: Lycopodiopsida
Ordem: Lycopodiales
DC. ex Bercht. & J. Presl, 1820[1]
Famílias
Lycopodium annotinum com esporângios (estróbilos) terminais.

Morfologia e características

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As Lycopodiales são plantas perenes, de folha persistente e hábito rastejante. A face inferior dos caules apresenta raízes dicotomicamente ramificadas (em forma de um Y invertido). As folhas são geralmente dispostas em espiral ou alternadas, com um forma lanceolada fortemente alongada. Os esporófilos são de inserção apical e frequentemente espessados, formando estruturas em forma de cone (estróbilos). Os esporângios são semelhantes (sem género), em forma de saco e estão localizados na superfície superior das folhas. Os esporos são geralmente de cor amarelo-enxofre e são semelhantes (isosporia).

Sistemática

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A classificação mais antiga incluía uma definição bastante ampla do género Lycopodium, conferindo-lhe uma circunscrição taxonómica que incluía quase todas as espécies de Lycopodiales. A tendência emergente nos últimos anos é, em vez disso, definir o género Lycopodium de maneira mais restrita e classificar as outras espécies em diferentes géneros, como mostram as análises morfológicas e moleculares. Esses géneros estavam divididos em dois grupos distintos (Lycopodiaceae e Huperziaceae). No então, em classificações atuais, elas formam uma família única, sendo assim os géneros Huperzia, Phlegmariurus e Phylloglossum são incluídos na família Lycopodiaceae.

A hipótese de manter duas famílias separadas, resultando na seguinte estrutura:

No sistema PPG I (do Pteridophyte Phylogeny Group ou PPG, 2016) o grupo é incluído no clado Tracheophyta, sendo colocado como grupo irmão do conjunto formado pelas Selaginellales e Isoetales.[3] Esta situação pouco difere da estabelecida no sistema de Reveal (1999), no qual o grupo era inserido na subordem Lycopodiineae Rabenh., 1849.[5]

A tendência em anos recentes as revisões e tratamentos de flora tem sido no sentido de definir Lycopodium de forma mais estreita e de classificar as restantes espécies em vários géneros, um arranjo que tem sido apoiado por dados morfológicos e moleculares. A partir dos quatro géneros inicialmente considerados por Benjamin Øllgaard,[6] uma análise dos DNA dos cloroplastos produziu o cladograma abaixo (reproduzido aqui apenas até ao nível de género),[7] confirmando a monofilia dos quatro géneros e a sua distância em relação a Isoetes.

Lycopodiaceae sensu lato 
Lycopodiaceae sensu stricto 

Lycopodium

Lycopodiella

Phylloglossum

Huperzia

Isoetes

Apesar dos géneros se agruparem claramente em dois clados (grupos monofiléticos), continua a não existir consenso sobre a criação de uma (Lycopodiaceae sensu lato) ou de duas famílias (Lycopodiaceae sensu stricto e Huperziaceae).

A família Lycopodiaceae, quando definida com uma circusncrição taxonómica mais estreita, inclui o género extante Lycopodium, com espécies como Lycopodium clavatum, Lycopodium obscurum e Lycopodium digitatum, entre muitas outras. Também ncluídas estão as espécies do género Lycopodiella, tais como Lycopodiella inundata. A maioria das espécies de Lycopodium prefere solos acídicos e arenosos, de áreas bem drenadas, enquanto as espécies de Lycopodiella tendem a favorecer solos acídicos e pantanosos.

O outro grande grupo, a extinta família Huperziaceae, inclui o género Huperzia, com espécies como Huperzia lucidula, Huperzia porophila e Huperzia selago. Este grupo também inclui as plantas tuberosas, de configuração incomum, do género Phylloglossum, da Australásia, um grupo considerado, até tempos recentes, como apenas remotamente relacionado com as Lycopodiales, mas que a análise filogenética veio revelar, como é aparente no cladograma atrás, ser um parente próximo do género Huperzia.

O cladograma que se segue apresenta a estrutura e enquadramento filogenético do agrupamento:

Lycopodiophyta
Lycopodiopsida
Lycopodiales  

Lycopodiaceae

Drepanophycales †

Isoetopsida

Selaginellales

Lepidodendrales †

Pleuromeia †

Isoetales

Agrupa a todos os membros extantes da divisão Lycophyta, um grupo antigo e basal de plantas vasculares. O termo Lycopodiidae pertence à categoria taxonómica de subclasse na moderna classificação de Christenhusz et al. 2011,[8][9][10] sendo nesse sistema o único táxon do grupo que contém representantes vivos. A subclasse é dividida em três ordens:

Clasificação e números de família atribuídos segundo o sistema de Christenhusz et al. 2011,[8][9][10] baseada en Smith et al. 2006,[11] 2008;[12] que fornece uma sequência linear para as licófitas e monilófitas.

Um pó formado por esporos de licopódio (várias espécies do género Lycopodium) é usado para fins de cosmética e em prestidigitação. Como produto cosmético, o «pó de licopódio», elaborado a partir dos esporos secos de licopódio, apresenta a vantagem de absorver facilmente as moléculas de gordura presentes na superfície da pele humana, sendo utilizado como champô seco, para acalmar a irritação da pele de obesos, evitar a formação de escaras, substituindo nestes usos e no tratamento da pele dos bebés o pó de talco. Como o «pó de polipódio» é extremamente inflamável, ardendo com uma chama viva e luminosa, é utilizado para simular chamas em magia e em outras formas de prestidigitação e teatro em que haja necessidade de simular grandes fogos. São conhecidos também alguns usos técnicos e científicos.

As plantas do grupo são também apontadas como diuréticas e anti-reumatismais, sendo utilizadas em vários preparados de medicina tradicional e de homeopatia.[13].

Notas e referências

Notas

  1. Alguns pesquisadores fundem essas duas famílias por elas serem muito próximas de forma taxonômica

Referências

  1. James L. Reveal, Indices Nominum Supragenericorum Plantarum Vascularium 
  2. «Taxonomia de huperziaceae». Gbif.org. Consultado em 6 de junho de 2024. Cópia arquivada em 6 de junho de 2024 
  3. a b The Pteridophyte Phylogeny Group (2016). «A community-derived classification for extant lycophytes and ferns». Journal of Systematics and Evolution. 54 (6): 563–603. doi:10.1111/jse.12229 
  4. P.Beauv. in Mirb., Hist. Nat. Veg. 4: 293. 1802.
  5. Reveal James L. System of Classification. PBIO 250 Lecture Notes: Plant Taxonomy. Department of Plant Biology, University of Maryland, 1999 Sistema Reveal: Lycopodiales.
  6. Øllgaard, V. (1987), «A Revised Classification of the Lycopodiaceae s. lat.», Opera Botanica, 92: 153–78 , cited in Yatsentyuk et al. 2001
  7. Yatsentyuk, S.P.; Valiejo-Roman, K.M.; Samigullin, T.H.; Wilkström, N.; Troitsky, A.V. (2001), «Evolution of Lycopodiaceae Inferred from Spacer Sequencing of Chloroplast rRNA Genes», Russian Journal of Genetics, 37 (9): 1068–73, doi:10.1023/A:1011969716528 
  8. a b Christenhusz et al. 2011. A linear sequence of extant families and genera of lycophytes and ferns. Phytotaxa 19: 7-54.
  9. a b Preface to “Linear sequence, classification, synonymy, and bibliography of vascular plants: Lycophytes, ferns, gymnosperms and angiosperms” http://www.mapress.com/phytotaxa/content/2011/f/pt00019p006.pdf
  10. a b Corrections to Phytotaxa 19: Linear sequence of lycophytes and ferns http://www.mapress.com/phytotaxa/content/2011/f/pt00028p052.pdf
  11. A. R. Smith, K. M. Pryer, E. Schuettpelz, P. Korall, H. Schneider, P. G. Wolf. 2006. "A classification for extant ferns". Taxon 55(3), 705-731 ( pdf)
  12. Smith, A.R., Pryer, K.M., Schuettpelz, E., Korall, P., Schneider, H., & Wolf, P.G. (2008) Fern classification, pp. 417–467 en: Ranker, T.A., & Haufler, C.H. (eds.), Biology and Evolution of Ferns and Lycophytes. Cambridge , Cambridge University Press.
  13. Maria Treben, La santé à la pharmacie du Bon Dieu, pp. 29-31. Pour accéder au livre en ligne, dans la page ici liée: cliquer sur le lien "Treben Maria - La Sante a la pharmacie du Bon Dieu.zip".

Ligações externas

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