Mário Coelho

matador de toiros português (1936-2020)

Mário Coelho Luís ComM (Vila Franca de Xira, 25 de março de 1936 - Vila Franca de Xira, 5 de julho de 2020) foi um matador de toiros português. Atingiu prestígio internacional como bandarilheiro e matador de touros.

Mário Coelho
Nome completo Mário Coelho Luís
Nascimento 25 de março de 1936
Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira, Portugal
Morte 5 de julho de 2020 (84 anos)
Vila Franca de Xira, Vila Franca de Xira, Portugal
Nacionalidade português
Ocupação Matador de Toiros
Prémios Prémio Bordalo (1972) Tauromaquia

Biografia editar

Mário Coelho Luís nasceu em 25 de março de 1936, em Vila Franca de Xira (distrito de Lisboa).[1][2][3]

Desde criança quis ser toureiro, chegando a apresentar-se aos 14 anos como amador Praça de Touros Palha Blanco (Vila Franca de Xira) na Quinta-feira da Ascensão de 1950.[3][4]

Mário Coelho apresentou-se para prestar provas de profissional para praticante de bandarilheiro na Palha Blanco, em Vila Franca de Xira, em 1955, e tomou a alternativa de bandarilheiro, na Praça do Sítio (Nazaré), a 13 de setembro de 1958.[3][5] Nas temporadas seguintes foi o bandarilheiro de maior relevo nível nacional conquistando os Prémios mais importantes do País.

Integrou as quadrilhas das principais figuras portuguesas do toureio a pé, como Manuel dos Santos, José Júlio e Diamantino Viseu.[6].

Em Espanha acompanhou Francisco Corpas Brotons e Andrés Vázquez tendo alcançado o escalão do Melhor Bandarilheiro do Mundo e o único na História do toureiro que saía a ombros em diversas Praças de Espanha e Portugal. O bandarilheiro que mais prémios conquistou.

Apresentou-se na Monumental de Las Ventas como novilheiro debutante em 4 de maio de 1967 após 11 novilhadas em dois meses, a 25 de julho de 1967, Mário Coelho tomou a alternativa em Badajoz, tendo como padrinho Julio Aparicio e como testemunha Manuel Cano «El Pireo».[7][8] O toureiro confirmou a alternativa na Monumental do México em 1975, confirmando na Monumental de Madrid a 14 de maio de 1980 durante a feira San Isidro.

Tendo vivido em Espanha e no México durante vários anos,[3] a carreira de Mário Coelho passaria por França, Marrocos Canadá, EUA, Angola e Moçambique, mas sobretudo pelas praças da América Latina como México, Venezuela, Perú, Colômbia e Equador.[3]

Na sua trajectória de 1955 a 1990, Mário Coelho por todos os países onde andou toureou 3149 touros em 1472 corridas e em 205 festivais.

No campo,neste meio século campero,tentou em 139 ganadarias do Mundo,incluindo Portugal e algumas delas sendo o seu tentador e conselheiro durante 20, 30 ou mais de 40 anos. Em todos estes 50 anos, tentou 158 touros puros,1292 novilhos,13416 vacas e novilhas e retentou 310 já corridos. Chamamos a atenção que este número de novilhos não significa que os toureasse todos,pois só se toureiam os que revelam bravura.Mas para isso há que colocá-los no cavalo do picador,para saber os que são seleccionados e assim serem toureados. Assim como as vacas, todas elas passaram pelo capote ou muleta do Maestro e pelos seus olhos também.

Somando tudo,é um número fantástico de 18947 cabeças, o que lhe deu uma riqueza incalculável de conhecimento.

Mário Coelho durante a sua trajectória de Matador alternou com as maiores figuras do toureio como Ordoñez, Camino, Ojeda,Manzanares, Palomo, Capea, Damaso, Manolo Martinez e Eloy Cabazos e tantos outros.

Foi durante 20 anos considerado o Matador que melhor bandarilhava no mundo.

Mário Coelho foi dos poucos matadores a exercer a função numa arena portuguesa quando, a 12 de setembro de 1984 numa corrida picada alternando com Niño de la Capea e Paco Ojeda na Praça Daniel do Nascimento, na Moita, deu uma estocada fulminante no toiro Corisco, da ganadaria Ernesto de Castro. Por tal acto seria julgado em tribunal e ilibado.[9][10][11]

Em 1990 despediu-se do público, cortando a coleta numa grandiosa corrida realizada no Campo Pequeno.[3] A cerimónia do corte de coleta realizada pelo seu filho, um dos momentos mais simbólicos da vida do toureiro: "havia lenços brancos e muitas lágrimas" enquanto se comentava nas bancadas "que grande despedida". Nesse mesmo dia, Mário Coelho jurou que não mais voltaria a envergar o traje de luces nem voltaria a deixar crescer a coleta.

Em outubro de 2001 foi aberta ao público a Casa Museu Mário Coelho, localizada junto à Igreja Matriz de Vila Franca de Xira, na habitação onde o toureiro nasceu, resultado de uma parceria estabelecida entre este, a Câmara Municipal e a Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira.[1]

Em 2005, ano em que comemorou 50 anos de toureio, Mário Coelho publicou um livro onde estão reunidos textos autobiográficos, com o título Da Prata ao Ouro, com prefácio de Agustina Bessa-Luís.[12] A 23 de Junho desse mesmo ano foi feito Comendador da Ordem do Mérito.

Morreu aos 84 anos, a 5 de julho de 2020, após pouco mais de uma semana de internamento no Hospital de Vila Franca de Xira, na sequência de contrair a doença respiratória grave, COVID-19.[13]

Prémios e distinções editar

  • Troféu Diário Ilustrado - 1962
  • Troféu Jornal Actualidades - 1963
  • Troféu Casa Paco: Feira de San Isidro, Madrid - 1964
  • Troféu Joselito, Barcelona - 1964
  • Troféu Grupo Tauromáquico Sector 1 - 1964, 1965, 1979
  • Troféu Mayte: Feira de San Isidro, Madrid - 1965
  • Troféu Casa Córdoba: Feira de San Isidro, Madrid -1965
  • Troféu Feira de Zamora - 1965
  • Troféu Feira de Vitória - 1965, 1966
  • Troféu Feira de Santander - 1965, 1967
  • Troféu Feira de Málaga - 1966
  • Troféu Feira de San Sebastián - 1966
  • Troféu Feira de Pamplona - 1966
  • Troféu Jerez de la Frontera - 1967
  • Prémio Especial Vista Alegre, Madrid - 1968, 1972
  • Troféu Jornal Hoopstad - 1971
  • Troféu Casa Armindo - 1971
  • Troféu Feira de Coro, Venezuela - 1971
  • Troféu Cacique de Ouro: Maracay, Venezuela - 1972
  • Troféu Melhor Faena em Barquizimeto, Venezuela - 1972
  • Prémio Imprensa - 1972
  • Troféu Melhor Faena em Maracay, Venezuela - 1972, 1973
  • Troféu Melhor Par de Bandarilhas em Barquizimeto, Venezuela - 1973
  • Troféu Manuel dos Santos: Feira da Moita - 1975, 1984
  • Troféu Sombrero de Plata, Monumental do México - 1976
  • Troféu Lark, Equador - 1976, 1977
  • Troféu Feira de Tuxpan,México - 1976, 1977
  • Troféu Nogales,México - 1976, 1978
  • Troféu Município de Riobamba,Equador - 1977
  • Troféu Rádio Voz Taurina de Portugal - 1977
  • Troféu Domecq, Monumental do México - 1979
  • Troféu Daniel do Nascimento, Feira da Moita - 1979, 1984
  • Troféu Rádio Comercial - 1979, 1987
  • Troféu Texcoco:Feira e Texcoco, México - 1981
  • Troféu Tertúlia Festa Brava - 1984
  • A 28 de junho de 1996 foi reconhecido por Mérito Cultural pela Junta de Freguesia de Vila Franca de Xira no dia da Cidade.
  • Em 1998 recebeu uma Medalha da Santa Casa da Misericórdia de Lisboa.
  • A 20 de setembro de 1990 recebeu do Secretário de Estado da Cultura, a Medalha de Mérito Cultural.
  • A 10 de dezembro de 2004 recebeu a Medalha de Valor Cultural da Câmara Municipal de Vila Franca de Xira.
  • A 23 de junho de 2005 Mário Coelho foi agraciado pelo Presidente da República com a Condecoração de Comendador da Ordem do Mérito.[12][14]
  • Em 2006 recebeu a Medalha da Cidade de Angra do Heroísmo.

Bibliografia editar

Ver também editar

Referências

  1. a b «Casa-Museu Mário Coelho». Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. Consultado em 12 de junho de 2015. Arquivado do original em 20 de junho de 2015 
  2. Nelson Silva Lopes (27 de março de 2011). «Toureiro Mário Coelho surpreendido com festa no dia em que comemorou 75 anos». O Mirante. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  3. a b c d e f Maria da Luz Rozinha (2012). «Jornal da Exposição: Exposição de Fotografia Tauromáquica "Glórias em Vila Franca de Xira"». Indica "1982" como ano de confirmação espanhola. Câmara Municipal de Vila Franca de Xira. p. 3. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  4. Maurício do Vale (13 de setembro de 2014). «Por Outro Lado : Mário Coelho». RTP. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  5. Nelson Silva Lopes (29 de junho de 2005). «Futuro da praça de toiros está comprometido». O Mirante. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  6. «Mário Coelho - da prata ao ouro». Indica "1982" como ano de confirmação espanhola. Barreira de sombra. Consultado em 12 de abril de 2015 
  7. «Cartel de Hoy : Mario Coelho». ABC (em espanhol). Indica incorrectamente "mayo" como mês de nascimento. "Paco" é diminutivo de "Francisco". 14 de maio de 1980. p. 115. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  8. «En Madrid». ABC (em espanhol). 5 de maio de 1967. p. 63. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  9. Maurício do Vale (13 de setembro de 2014). «Afición e paróquia». Correio da Manhã. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  10. Nelson Silva Lopes (29 de junho de 2005). «Futuro da praça de toiros está comprometido». O Mirante. Consultado em 12 de abril de 2015 
  11. Cristiana Vargas (14 de Setembro de 2001). «Pedrito deu uma só estocada». Diário de Notícias. Consultado em 27 de novembro de 2018. Arquivado do original em 14 de setembro de 2001 
  12. a b c Agência Lusa; Mirante (6 de julho de 2005). «Mário Coelho é comendador e cidadão de mérito». O Mirante. Consultado em 12 de junho de 2015 
  13. «Matador de toiros Mário Coelho morreu vítima de covid-19». Público. 5 de julho de 2020. Consultado em 22 de outubro de 2020 
  14. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da análise da busca de "Mário Coelho". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 27 de novembro de 2018 
  15. «Da Prata ao Ouro : História de Um Toureiro». Wook.pt. Consultado em 12 de junho de 2015 

Ligações externas editar