Madalena Frondoni Lacombe

médium portuguesa

Madalena Frondoni Lacombe (Lisboa, 14 de dezembro de 1857 - Lisboa, 20 de dezembro de 1936) foi uma escritora, poetisa, publicista e médium portuguesa.[1]

Madalena Frondoni Lacombe
Madalena Frondoni Lacombe
Madalena Frondoni Lacombe (O Século, 12 de maio de 1910)
Nascimento 14 de dezembro de 1857
Lisboa
Morte 20 de dezembro de 1936
Lisboa
Sepultamento Cemitério dos Prazeres
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Progenitores
Ocupação escritora, poetisa, publicista, mediunidade

Biografia editar

Madalena Frondoni nasceu em Lisboa, a 14 de dezembro de 1857, filha natural do conceituado maestro Angelo Frondoni, autor do Hino da Maria da Fonte, muito popular à época, e de Maria José de Almeida, sendo baptizada na Igreja do Loreto, ao Chiado, a 18 de abril de 1858. Foi legitimada pelo casamento de seus pais, ocorrido na mesma igreja, a 11 de junho de 1859.[2]

A 22 de fevereiro de 1873, em Alcântara, com apenas 15 anos, contraiu matrimónio com o francês Leon Henri Lacombe, natural de Paris, engenheiro da Empresa Industrial Portuguesa, filho de Henri Lacombe e de Anne-Alexandrine Monceaury. Deste casamento constam dois filhos, Paulo Maria Lacombe e Carlos Lacombe, ambos engenheiros.[3][4]

Dedicou-se aos estudos do Espiritismo, praticando sessões em sua residência, deixando muita colaboração em jornais da época sobre estudos psíquicos, muitos transcritos e traduzidos por jornais estrangeiros. Além de publicista, foi também escritora e poetisa, destacando-se das suas obras: Une Visite au Panthéon (1908); Dernières lettres d'un poitrinaire à sa fiancée (1913, prefácio de Henrique Lopes de Mendonça e de Camille Flammarion, em duas edições, uma em português, outra em francês); Segredo da Morte (prefaciado por Ana de Castro Osório); Merveilleux phénomènes de l'au-delà (1920, traduzido para espanhol por Antonio Buendia, e para alemão, pelo professor Schrenk-Wotzing da Universidade de Munique); O homem árbitro do seu destino, Prolegómenos astronómicos e Experiências metapsiquicas.[5][6] O professor e médico francês Charles Richet, Prémio Nobel da Física e professor da Sorbonne Université, ocupou-se longamente destas obras no seu Traité de Métaphysique (1922).

Na revista ilustrada O Occidente, em edição de 10 de setembro de 1913, lê-se a respeito da sua obra Dernières lettres d'un poitrinaire à sa fiancée: " (...) Madame Frondoni Lacombe é uma poetisa muito conhecida no nosso meio literário e também no meio literário francês onde é devida e justamente apreciada. Este seu volume de versos, agora saído a público, é composto em francês e português; e as belezas que encerra e a feitura do verso é tão boa nas duas línguas que não há maneira de saber qual seja a tradução. São dois originais. Neles se revela e patenteia a fina, delicada, artística, amorosa e sentimental alma de mulher que é a ilustre e distinta poetisa Madame Frondoni Lacombe, a quem, com muitos parabéns, enviamos sinceros agradecimentos pela gentileza da oferta do seu valioso trabalho."[7] Colaborou na Revista de Espiritismo, que viu o seu primeiro número publicado em 1927, juntamente com Maria Veleda, Amélia Cardia e Maria O'neill e ofereceu à Federação Espírita Portuguesa uma colecção completa das fotogravuras das suas experiências, colaborando ambém na revista A Arte Musical (1898-1915).[8][9]

Entre 1913 e o final da década de 1920, trabalhou com outros médiuns portugueses, servindo a elite lisboeta, num salão da Avenida da Liberdade. Muitas das experiências contavam com a presença de Francisco Augusto de Oliveira Feijão, José Alberto de Sousa Couto, António Joaquim Freire, entres outros. Chegou a fazer parte das reuniões organizadas pelo médium português Fernando de Lacerda. Foi também amiga pessoal de Camille Flammarion e de sua mulher, com quem colaborou alegadamente em várias experiências espíritas em Paris e na casa de campo dos mesmos em Juvisy-sur-Orge, onde estava instalado um observatório astronómico, mantendo relações próximas com investigadores metapsiquistas estrangeiros.

Faleceu já afastada da sua profissão, a 20 de dezembro de 1936, aos 79 anos, em Lisboa, na sua casa da Avenida da Liberdade, o 3.º andar do número 90, vítima de enfisema pulmonar. Encontra-se sepultada no jazigo da sua família, no Cemitério dos Prazeres, em Lisboa.[10]

Bibliografia editar

  • VASCONCELOS, Manuela. Grandes Vultos do Movimento Espírita Português.

Referências

  1. O Occidente: revista ilustrada de Portugal et do estrangeiro. [S.l.: s.n.] 1913 
  2. «Livro de registo de baptismos da Paróquia do Loreto (1853-12-25 a 1926-10-10)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Consultado em 24 de fevereiro de 2021 
  3. «Angelo Frondoni» (PDF). Biblioteca Nacional de Portugal. Diário Illustrado. 5 de junho de 1891. Consultado em 23 de fevereiro de 2021 
  4. «Livro de registo de casamentos da Paróquia de Alcântara (1873)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Consultado em 24 de fevereiro de 2021 
  5. Oliveira, Américo Lopes (1983). Escritoras brasileiras, galegas e portuguesas. [S.l.]: Tip. Silva Pereira 
  6. A Águia. [S.l.: s.n.] 1928 
  7. «Dernières lettres d'un poitrinaire à sa fiancée» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. O Occidente: revista illustrada de Portugal e do estrangeiro: 278. 10 de setembro de 1913. Consultado em 24 de fevereiro de 2021 
  8. Rita Correia (6 de novembro de 2017). «Ficha histórica:A Arte Musical (1898-1915)» (PDF). Hemeroteca Municipal de Lisboa. Consultado em 5 de dezembro de 2017 
  9. Esteves, João (1998). As origens do sufragismo português: a primeira organização sufragista portuguesa, a Associação de Propaganda Feminista (1911-1918). [S.l.]: Editorial Bizâncio 
  10. «Livro de registo de óbitos da 7.ª Conservatória do registo civil de Lisboa (1936-08-06 a 1936-12-31)». digitarq.arquivos.pt. Arquivo Nacional da Torre do Tombo. Consultado em 24 de fevereiro de 2021