Mamangaba

género de insetos
 Nota: Se procura outros usos para a palavra abelhão, veja Abelhão.

Mangangá, mamangaba, mangango, mamangava, mangava, mangangava, mangangaba ou ainda vespa-de-rodeio no Brasil; e abelhão, mata-cavalo, abugão em Portugal; e ainda por vezes, tanto no Brasil quanto em Portugal, "zangão" (nome que também pode, porém, designar os machos de qualquer espécie de abelha)[1] são os vários nomes pelos quais são denominados em português as abelhas do gênero/género científico Bombus, que incluem numerosas espécies, como a Bombus terrestris, de ampla distribuição tanto no Brasil[2] quanto em Portugal. Possuem abdome largo e piloso, geralmente de cor negra e amarela. Medem aproximadamente 3 centímetros de comprimento.

Como ler uma infocaixa de taxonomiaMamangava, mangangá, abelhão, zangão
Bombus terrestris
Bombus terrestris
Estado de conservação
Espécie deficiente de dados
Dados deficientes
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Classe: Insecta
Ordem: Hymenoptera
Superfamília: Apoidea
Família: Apidae
Tribo: Bombini
Género: Bombus
Distribuição geográfica

Espécies
Cerca de 250 espécies

Características

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As mamangavas são abelhas grandes[3] (cerca de 3,6 cm), de modo de vida solitário, podendo gerar de 4 a 5 crias por ano, podem nidificar escavando galerias em troncos de árvores mortas, galhos ou qualquer tecido vegetal relativamente seco, sem fendas ou rachaduras, de preferência madeira mole[3], sendo que algumas espécies podem nidificar em tecidos vivos[4]. Embora seja um abelha solitária, pode apresentar ninhos sociais, em que as fêmeas trabalham conjuntamente, entretanto essas abelhas não apresentam modo de vida igual as demais espécies sociais, que vivem obrigatoriamente em grupo.[5]

Os machos são facilmente diferenciados das fêmeas, pois possuem coloração amarela. As mamavagavas são consideras espécies multivoltinas, ou seja, elas poder ter de quatro a cinco gerações por ano, significando que elas constroem e cuidam de seus ninhos durante todo o ano, com maior frequência nos meses de dezembro a março[5]

São grandes, peludas e emitem um zumbido alto ao voar. São muito importantes na polinização de muitas plantas. Uma mamangaba raramente ferroa, a não ser que seja provocada por algum tipo de barulho ou ser vivo; quando isso ocorre, porém, a sua ferroada é muito dolorosa. Ao contrário das abelhas do gênero Apis, uma mamangaba pode ferroar várias vezes.[6]

Geralmente as mamangabas fazem ninhos forrados com pedaços de palha em buracos em troncos de árvore ou no solo, preferentemente em barrancos, podendo também fazer ninhos debaixo do piso de casas ou nos jardins. A mamangaba produz mel em pouca quantidade e armazena-o dentro de potes de cera e não em favos. Pela sua importância na polinização de vários tipos de plantas, principalmente o maracujá, sua perseguição, destruição, caça ou apanha é proibida no Brasil de acordo com a lei federal nº 9605 de 12 de fevereiro de 1998 (artigo 29).[7]

Os abelhões operários, que trabalham na recolha de néctar, usam partes da boca para mordiscar e furar as folhas de plantas que não estão a florir, para as estimular a desabrochar mais cedo.[8]

O Paradoxo da Abelha[9]

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De acordo com o mito, a mamangaba ou abelha seria incapaz de voar pelo tamanho de suas asas não ser proporcional ao seu peso[10]. A história é antiga e se popularizou recentemente por causa do filme Bee Movie - A História de uma Abelha[11][12]. Ela é comumente usada em livros de autoajuda, com o acréscimo de que sem que saiba disso ela voa mesmo assim, por não ligar para o que os humanos acham impossível[13].

A história teria se originado quando um aerodinamicista estava jantando com um biólogo, que buscava entender a aerodinâmica das asas das abelhas. Ele teria feito algumas contas em um guardanapo, esboçando seu voo como o de um avião, e teria provado que ela seria incapaz de voar[14]. Outra possível origem seria Jakob Ackeret, famoso por seu trabalho pioneiro com a dinâmica de gases supersônicos[13][14]. As primeiras aparições na literatura científica são atribuídas a Reinhardt Demoll[15][16] e a Antoine Magnan, que teria feito os cálculos junto com seu assistente André Saint-Lagué[17][18].

As conclusões errôneas ocorreram justamente pela comparação do voo da mamangaba com a de um avião. Enquanto o ar flui em regime laminar pelas asas do avião, a abelha movimenta suas asas de forma a gerar vórtices que a propelem. Apesar de gerar mais força de proporção em comparação ao avião, o voo é instável, pois os vórtices se desfazem rapidamente[19][20]. Por isso, é necessário que as batidas de asas sejam de amplitude curta e de alta frequência[21]. Também, devido ao seu tamanho, o ar se comporta de maneira mais viscosa do que objetos de escala humana[9].

Referências

  1. «Bombus ruderatus (Fabricius, 1775) Zangão - Portal da Biodiversidade dos Açores». Consultado em 22 de janeiro de 2013 
  2. Júnior, José Eustáquio Santos; Santos, Fabrício R.; Silveira, Fernando A. (2015). «Hitting an Unintended Target: Phylogeography of Bombus brasiliensis Lepeletier, 1836 and the First New Brazilian Bumblebee Species in a Century (Hymenoptera: Apidae)». PLOS ONE (em inglês) (5): e0125847. ISSN 1932-6203. PMID 25992624. doi:10.1371/journal.pone.0125847 
  3. a b Oliveira Filho, José Hugo de; Freitas, Breno Magalhães (agosto de 2003). «Colonização e biologia reprodutiva de mamangavas (Xylocopa frontalis) em um modelo de ninho racional». Ciência Rural: 693–697. ISSN 0103-8478. doi:10.1590/S0103-84782003000400017. Consultado em 26 de novembro de 2023 
  4. HURD, P. D. Jr. (1978). An annotated catalog of the carpenter bees (genus Xylocopa Latreille) of the Western Hemisphere (Hymenoptera: Anthophoridae). 1978 pp.106 pp. ref.many. Washington, DC.: Smithsonian Institution Press. 
  5. a b Junqueira, Camila Nonato (2018). GUIA PRÁTICO PARA CRIAÇÃO E MANEJO DE POLINIZADORES DO MARACUJÁ-AMARELO (PDF). Uberlândia - MG: UFU. p. 18. 28 páginas. ISBN 978-85-53168-08-8 
  6. «Acidentes por abelhas». Ministério da Saúde. Consultado em 26 de novembro de 2023 
  7. «LEI Nº 9.605, DE 12 DE FEVEREIRO DE 1998.». www.planalto.gov.br. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  8. Sequeira, Inês (22 de maio de 2020). «Abelhões mordiscam as plantas para aumentarem produção de flores». Wilder. Consultado em 19 de dezembro de 2020 
  9. a b «The buzz on bumblebees». plus.maths.org (em inglês). 1 de dezembro de 2000. Consultado em 14 de junho de 2021 
  10. «How Do Bees Fly? (Inglês)». Forbes. 2018. Consultado em 13 de junho de 2021 
  11. «A quote by Bee Movie». www.goodreads.com. Consultado em 13 de junho de 2021 
  12. «Há um pôster de abelhas na NASA dizendo que elas não foram feitas para voar?». E-farsas - Desvendando fake news desde 2002!. 19 de setembro de 2020. Consultado em 13 de junho de 2021 
  13. a b «Bumblebees Can't Fly». Snopes.com (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2021 
  14. a b McMasters, John H. "The Flight of the Bumblebee and Related Myths of Entomological Engineering: Bees Help Bridge the Gap between Science and Engineering." American Scientist 77, no. 2 (1989): 164-69. Acessado em 13 de Junho, 2021. Disponível em <http://www.jstor.org/stable/27855657>.
  15. Demoll, Reinhardt (1918). Der flug der insekten und der vögel. [S.l.: s.n.] 
  16. «The Bumblebee Flight Myth». Animal Dynamics (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2021 
  17. Magman, Antoine (1934). Le vol des insectes. [S.l.: s.n.] 
  18. «Bumblebees Can't Fly». Snopes.com (em inglês). Consultado em 13 de junho de 2021 
  19. Fell, Andy (5 de fevereiro de 2020). «Bumblebees Carry Heavy Loads in Economy Mode». UC Davis (em inglês). Consultado em 14 de junho de 2021 
  20. COMBES, Stacey A.; GAGLLARDI; Susan F.; SWITZER, Callin M.; DILLON, Michael E. "Kinematic flexibility allows bumblebees to increase energetic efficiency when carrying heavy loads." Science Advances Vol. 6, no. 6, eaay3115. Acessado em 14 de Julho, 2021. Disponível em <https://advances.sciencemag.org/content/6/6/eaay3115/tab-pdf>
  21. ALTSHULER, Douglas L.; DICKSON, Willian B.; Vance, Jason T.; ROBERTS, Stephen P.; DICKINSON, Michael H. "Short-amplitude high-frequency wing strokes determine the aerodynamics of honeybee flight." PNAS December 13, 2005 102 (50) 18213-18218; Acessado em 14 de junho, 2021. Disponível em <https://doi.org/10.1073/pnas.0506590102>

Ligações externas

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