Manuel Borges Grainha

Manuel Borges Graínha (Covilhã, 14 de janeiro de 1862 – Lisboa, 4 de abril de 1925) foi um professor liceal, pedagogo e político republicano português.

Biografia editar

Descendente de uma família de comerciantes de lanifícios da Covilhã, Borges Grainha realizou os seus primeiros estudos em colégios da Companhia de Jesus, destinando-se ao sacerdócio. Em 1886 rompe com este percurso, indo viver para Lisboa, onde se liga aos meios republicanos.

Nesta cidade inscreve-se no Curso Superior de Letras, que conclui em 1899, iniciando uma actividade profissional como professor em liceus e colégios privados.

A par da sua actividade profissional como docente, Borges Grainha publicou artigos e livros sobre questões educativas[1].

Anti-clerical editar

Borges Grainha distinguiu-se igualmente pela sua actividade anticlerical, na imprensa e através das obras que publicou ou editou.

Por portaria de 24 de novembro de 1921, Borges Grainha foi encarregado pelo Governo de averiguar as infracções «às leis congreganistas e da Separação»[2].

Maçon editar

Borges Grainha foi iniciado na maçonaria em 1893[1].

O Museu da Revolução editar

Borges Grainha foi o organizador e director do Museu da Revolução de 5 de Outubro de 1910, inaugurado em 29 de Dezembro desse ano, em Lisboa[3][4].

Obras editar

 
Jazigo de Manuel Borges Grainha, Cemitério do Alto de São João

Sobre a Companhia de Jesus editar

  • Os Jesuítas e as Congregações Religiosas em Portugal nos Últimos Trinta Anos: A Propósito do Caso das Trinas. Porto: Tipografia da Empresa Literária e Tipográfica. 1891 
  • O Portugal Jesuíta. Lisboa: Tipografia e Esteriotipia Moderna. 1893 
  • A Questão Religiosa e a Liberdade Através da História. Conferência Feita na Associação Académica do Porto no dia 28 de maio de 1893. Braga: Imprensa Gratidão. 1893 

Sobre a maçonaria editar

  • História da Franco-Maçonaria em Portugal: 1733-1912. Contendo Notícias Históricas Sobre a Carbonária, a Ordem de S. Miguel da Ala, a Formação do Partido Republicano e o Restabelecimento das Congregações Religiosas e sua Reexpulsão. 2.ª edição, 1914; 3.ª edição, Lisboa: Vega, 1976. Lisboa: A Editora Limitada. 1912 

Sobre educação editar

  • A Instrução Secundária de Ambos os Sexos no Estrangeiro e em Portugal. Lisboa: Tipografia Universal. 1905 
  • O Analfabetismo em Portugal: Suas Causas e Meios de as Remover. Relatório Apresentado ao 1.º Congresso Pedagógico de Instrução Primária e Popular promovido pela Liga Nacional de Instrução e realizado em Abril de 1908. Lisboa: Imprensa Nacional. 1908 
  • Meios de facilitar o ensino das primeiras letras e ortografia prática. Lisboa: Imprensa Nacional. 1909 

Referências

  1. a b Marques 1986, pp. 651-652. Nóvoa 2003, pp. 653-658
  2. Cf. OLIVEIRA, Artur Manuel Villares Pires. «O regresso das congregações religiosas nos finais da 1.ª República: um relatório de Borges Graínha[ligação inativa]», in População e Sociedade, n.º 4, 1998, pp 263-284. O artigo inclui, em anexo, um relatório de Borges Grainha.
  3. Museu da Revolução no site da Fundação Mário Soares. Idem.
  4. «Museu da Revolução Arquivado em 19 de novembro de 2011, no Wayback Machine.» in Jornal do Centenário, n.º 6, julho/agosto de 2010.

Bibliografia editar

  • CARVALHO, António Carlos. «Sobre Borges Grainha», in GRAINHA, Manuel Borges. História da Franco-Maçonaria em Portugal, 3.ª ed., Lisboa: Vega, pp. 11–14.
  • Marques, A. H. de Oliveira (1986). Dicionário da Maçonaria Portuguesa. 2. Lisboa: Editorial Delta 
  • Nóvoa, António (dir.) (2003). Dicionário de Educadores Portugueses. sv Manuel Borges Grainha. Porto: Asa