Maria Magdalena Pinheiro Nogueira

Maria Magdalena Pinheiro Nogueira[1] (Angra do Heroísmo, Açores, 30 de Dezembro de 1861Benfica, Lisboa, 17 de Março de 1925), mãe do poeta e escritor português Fernando Pessoa.[1][2]

Biografia editar

 
Maria Magdalena Pinheiro Nogueira.

Era filha de Luís António Nogueira (1832-1884) e de sua mulher D. Magdalena Amália Xavier Pinheiro (1836-1898).[1] Ambos açorianos, o pai era juiz-conselheiro, jurisconsulto, director-geral do Ministério do Reino, tendo convivido com vários notáveis da época, entre os quais Manuel de Arriaga, primeiro presidente da República Portuguesa, ou o poeta Tomás Ribeiro.[2]

Maria Magdalena teve uma educação distinta. Aprendeu a falar alemão, inglês e francês, sendo que o inglês foi-lhe ensinado pelo mesmo educador dos infantes D. Carlos e D. Afonso[2], o que demonstra o elevado nível social da família. Gostava de ler e de escrever versos.

Casou, aos 25 anos, com Joaquim de Seabra Pessoa, funcionário do Ministério da Justiça e crítico musical, em 5 de Setembro de 1887, na Igreja de Santos-o-Velho, em Lisboa, de quem teve dois filhos, Fernando, nascido a 13 de Junho de 1888, e Jorge, nascido a 21 de Janeiro de 1893, no Largo de São Carlos, freguesia dos Mártires. O marido faleceu de tuberculose em 13 de Julho de 1893, deixando os filhos de 5 anos e 5 meses, respectivamente, órfãos de pai. Jorge faleceu a poucos dias de completar um ano, em 2 de Janeiro de 1894, vítima de complicações pulmonares.

Passados dois anos, a 30 de Dezembro de 1895, Maria Magdalena casou-se por procuração na Igreja das Mercês, em Lisboa, com o comandante João Miguel dos Santos Rosa (Sacramento, Lisboa, 29 de Setembro de 1857 - Pretória, África do Sul, 7 de Outubro de 1919), filho de João dos Santos Rosa e de D. Henriqueta Margarida Alves Ribeiro Rosa, cônsul de Portugal em Durban, na África do Sul, tendo-se instalado na colónia de KwaZulu-Natal, de quem teve mais cinco filhos: Henriqueta Magdalena Nogueira dos Santos Rosa (KwaZulu-Natal, 27 de Novembro de 1896 - 1992), que casou e teve geração; Magdalena Henriqueta Nogueira dos Santos Rosa (KwaZulu-Natal, 22 de Outubro de 1898 - KwaZulu-Natal, 25 de Junho de 1901), trasladada para Lisboa num vapor em Agosto de 1901; Luís Miguel Nogueira dos Santos Rosa (KwaZulu-Natal, 11 de Janeiro de 1900 - 1975), que casou sem geração; João Maria Nogueira dos Santos Rosa (KwaZulu-Natal, 17 de Janeiro de 1903 - 1977), que casou sem geração, e Maria Clara Nogueira dos Santos Rosa (KwaZulu-Natal, 16 de Agosto de 1904 - Santa Isabel, Lisboa, 11 de Dezembro de 1906).

 
Maria Magdalena com o segundo marido, João Miguel dos Santos Rosa.

Fernando Pessoa passou grande parte da sua juventude em Durban, tendo recebido forte influência da língua e cultura inglesas. Em Dezembro de 1915, Maria Magdalena adoeceu, vítima de um acidente vascular cerebral que a deixaria paralisada do lado esquerdo.

Em 1920, depois da morte do marido, Maria Magdalena deixou a África do Sul e regressou a Lisboa. Fernando Pessoa arrendou um apartamento na Rua Coelho da Rocha, número 16, 1.º direito, em Campo de Ourique, para onde foi viver juntamente com a mãe, a meia-irmã e os dois-meios irmãos, a partir de 29 de Março. Foi nesse ambiente familiar e acolhedor que Pessoa passou os últimos quinze anos da sua vida, embora também gostasse de se isolar no seu quarto dedicando-se à leitura e à escrita, principalmente durante a noite. Em 1923, a sua filha Henriqueta casou-se com Francisco Caetano Dias, oficial da Administração Militar. Vão viver para a Quinta dos Marechais, Alto da Boa Vista, Benfica, levando-a com eles, que necessitava de cuidados especiais por estar incapacitada.

Maria Magdalena faleceu a 17 de Março de 1925, na Quinta dos Marechais, aos 63 anos de idade, sendo sepultada no jazigo do pai, no Cemitério dos Prazeres.

Notas editar

  1. Maria Magdalena Pinheiro Nogueira Pessoa, depois do primeiro casamento.
  2. Infante é aquele filho de rei que não é herdeiro do trono (por não ser primogénito).

Referências

  1. a b "Nogueira, Luís António" na Enciclopédia Açoriana.
  2. a b Merelim, P. (1974), Fernando Pessoa e a Terceira. Figuras do ramo materno do poeta. Angra do Heroísmo, Instituto Açoriano de Cultura [Colecção Ínsula, n.º 7].

Ver também editar