Maria Olenewa

bailarina russo-brasileira

Maria Olenewa (Moscou, 28 de março de 1896[1]São Paulo, 15 de maio de 1965) foi uma bailarina, coreógrafa e professora de balé russa, radicada no Brasil, onde foi responsável pela criação de escolas de balé e formação de grandes bailarinas como Eros Volúsia, Madeleine Rosay e Hulda Bittencourt.

Maria Olenewa
Maria Olenewa
Olenewa em anúncio de Leite de Rosas (1934)
Nascimento 28 de março de 1896
Moscou
Morte 15 de maio de 1965 (69 anos)
São Paulo
Nacionalidade russa
Ocupação bailarina
Principais trabalhos Primeira escola de balé do Brasil.

Sua formação seguiu os parâmetros do formalismo russo.[2] Após uma formação na Rússia natal, dali ela fugiu a Paris e, após uma excursão pela América do Sul, veio a se fixar finalmente no Rio de Janeiro e depois em São Paulo, onde morreu por suicídio.[3]

Biografia editar

Filha de Sophia e Vacily Olenewa,[1] nasceu na capital do Império Russo e ali teve sua formação inicial na escola da bailarina Malinowa. Posteriormente fugiu com a família para Paris em virtude do estado revolucionário que derrubara o Czar, em 1916, e ali completou seus estudos com Nelidova e Alexander Domadof. Neste período, em Paris, conheceu Anna Pavlova, de cuja trupe passa a fazer parte.[3]

Na década de 1920 ela excursiona pela América do Sul pela companhia de Anna Pavlova e Lénide Massine.[2]

Em 1927 Olenewa, ao lado de Mário Nunes, conseguiu apoio para fundar a Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal do Rio de Janeiro. O objetivo da criação da escola era possibilitar a futura organização de um corpo de baile para atuar nas temporadas líricas do Theatro Municipal. A instituição existe até hoje e foi renomeada com o nome de sua fundadora no governo de Chagas Freitas, em 1982, passando a chamar-se Escola Estadual de Dança Maria Olenewa. É uma das mais tradicionais escolas de balé do Brasil, sendo a primeira e mais antiga do país.[4] Ali, a partir de 1931, teve por aluno o irmão do cantor Vicente Celestino, Amadeu, que mais tarde dirigiu o Cassino da Urca.[5]

Por essa instituição passaram grandes bailarinas brasileiras como Roberta Marquez (foi primeira-bailarina do Royal Ballet), Márcia Haydée (que atuou com destaque no Stuttgart Ballet), Bertha Rosanova, Isabel Seabra (primeira-bailarina do Scala de Milão), Tamara Capeller, Dennis Gray, Nora Esteves, Márcia Jaqueline, entre outros.[4]

Em 1936, como resultado de seu trabalho pela criação da Escola de Danças Clássicas do Theatro Municipal, foi oficialmente fundado o Corpo de Baile do Theatro Municipal, que é o atual Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro.[6]

Em 1942, apesar do reconhecimento, Olenewa foi afastada da escola de balé e da direção do Corpo de Baile do Theatro Municipal sendo acusada de haver agredido duas das suas alunas por haverem chegado atrasadas. Os pais de uma das alunas a processou, levando a sua demissão. No ano seguinte mudou-se para São Paulo e passou a dirigir a Escola Municipal de Bailado, instituição ligada ao Theatro Municipal de São Paulo.[3][4]

Em 1947 Olenewa funda na cidade de São Paulo sua própria escola, o Curso de Danças Clássicas Maria Olenewa. Dedicou-se ao ensino de balé até 1965, quando cometeu suicídio após receber um falso diagnóstico de câncer, ingerindo vários remédios e saltando da janela de seu apartamento.[2][3]

Sua ex-aluna Hulda Bittencourt registrou que ela sempre dava aulas comendo uma maçã e tendo ao lado uma varinha, que usava para corrigir a postura das alunas; sobre ela registrou que "mesmo aplicando seu conteúdo com severidade, a maior professora de balé do Brasil também era bastante simpática. Maria Olenewa procurou atender todas as minhas necessidades e me ajudar a me tornar professora".[2]

Olenewa recebera um diagnóstico médico e decidiu dar fim à própria vida, saltando do seu apartamento no sétimo andar de um prédio na capital paulista; após ter seu corpo velado na Escola de Bailado do Teatro Municipal de São Paulo, que fundara, seu corpo foi inumado no Cemitério da Consolação na manhã do dia 16 de maio de 1965.[7]

Homenagens editar

Além de dar nome à escola de balé do Rio de Janeiro, em 2001 Dalal Achcar, então presidenta da Fundação Theatro Municipal, lança a série de livros Memórias, com uma biografia da bailarina.[4]

Ver também editar

Referências

  1. a b «Página 6 da Seção 1 do Diário Oficial da União (DOU) de 13 de Abril de 1935». Diário Oficial da União. 13 de abril de 1935. Consultado em 25 de novembro de 2020. Cópia arquivada em 25 de novembro de 2020 
  2. a b c d Hulda Bittencourt (23 de abril de 2017). «Arquivo aberto: A varinha e as maçãs da bailarina russa Maria Olenewa». Folha de S.Paulo (Ilustríssima). Consultado em 7 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 7 de dezembro de 2017 
  3. a b c d Bruna Baena Castilho. «Maria Olenewa». Você e a Dança. Consultado em 16 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 16 de dezembro de 2017 
  4. a b c d Liana Vasconcelos (2 de maio de 2012). «Maria Olenewa, 85 anos de tradição». Revista de Dança. Consultado em 7 de dezembro de 2017. Cópia arquivada em 7 de dezembro de 2017 
  5. Viviane Rosalem. «Amadeu Celestino, 90 anos». IstoÉ. Consultado em 15 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 16 de setembro de 2018 
  6. «Ballet do Theatro Municipal do Rio de Janeiro - História». Theatro Municipal do Rio de Janeiro. Consultado em 15 de dezembro de 2017 
  7. UH (17 de maio de 1965). «SP: Olenewa já sepultada». Rio de Janeiro: Biblioteca Nacional (Brasil). Última Hora (1543 Ano XIV): 1-2. Consultado em 25 de novembro de 2020. Link necessita pesquisa