Mariuccia Iacovino
Maria Iacovino, conhecida como Mariuccia Iacovino (Rio de Janeiro, 12 de dezembro de 1912 – Rio de Janeiro, 16 de maio de 2008) foi uma violinista e professora brasileira.
Mariuccia Iacovino | |
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Nascimento | 12 de dezembro de 1912 Rio de Janeiro |
Morte | 16 de maio de 2008 Rio de Janeiro |
Cidadania | Brasil |
Cônjuge | Arnaldo Estrella |
Alma mater | |
Ocupação | violinista |
Instrumento | violino |
Teve sua iniciação musical indiretamente, ouvindo em segredo as lições de teoria musical que sua irmã recebia. Em 1918 foi aprovada no exame do Instituto Nacional de Música, passando a estudar violino com Paulina d’Ambrósio. Com 13 anos viajou para a Espanha, onde estudou com Fernández Arbós. Um ano depois estava de volta ao Rio, retomando suas aulas com D'Ambrósio e diplomando-se em 1927. Em 1930 venceu o concurso do Instituto Nacional de Música e viajou novamente para a Europa para aperfeiçoamento.[1][2]
Depois de retornar passou a dar concertos, muitas vezes colaborando com Alfredo Gomes e Edoardo de Guarnieri, e lecionava violino na Academia de Música Lorenzo Fernandez, onde fundou uma sociedade para organização de recitais de quarteto. Através de D'Ambrósio conheceu Villa-Lobos, e através dele, seu futuro marido, o pianista Arnaldo Estrella, com quem formou o Duo Iacovino Estrella, dedicado à promoção da música de câmara.[2] Em 1945, a convite do governo francês, o casal se fixou em Paris, onde reuniu um grupo de intelectuais que incluía Jorge Amado e Zélia Gattai. Em 1949 Iacovino estreou em Paris a Fantasia de Movimentos Místicos de Villa-Lobos, junto com a Orquestra Cologne, e três anos depois, junto com Jorge Amado, Cândido Portinari e Pablo Picasso, participou do Congresso de Varsóvia, organizado pelo poeta chileno Pablo Neruda em prol da paz.[1] Em 1951 Camargo Guarnieri dedicou-lhe o Choro para violino e orquestra, que ela estreou no ano seguinte com a Orquestra Nacional da França, dirigida por Eugène Bigot.[3] Guarnieri também lhe dedicou a Sonata nº 4 para violino e piano (1956).[4]
Permaneceram na Europa até 1954.[2] Voltando ao Brasil, fundou com o marido em 1957 o Quarteto do Rio de Janeiro, tendo Frederick Stephany na viola e Iberê Gomes Grosso no violoncelo, realizando muitas apresentações no Brasil e Europa e vencendo em 1964 o Concurso Internacional de Quartetos Villa-Lobos.[1] O grupo foi encampado pelo governo do Rio em 1969 e permaneceu ativo até 1979, passando por várias formações, sendo ressuscitado em 2009.[5] Iacovino também fundou em 1968 em Petrópolis a Sociedade Villa-Lobos, dedicada à organização de concertos.[6]
Iacovino desenvolveu uma aplaudida carreira, reconhecida no Brasil e no exterior como uma grande violinista,[6][7][8][9] recebendo o apelido de "a grande dama do violino brasileiro".[7][10][11] Segundo Maria Luiza Nobre, "a violinista foi, e sempre será um ícone no Brasil, desde o começo dos estudos de seu instrumento, sendo reconhecida como menina prodígio, [...] sendo a musa inspiradora de vários compositores brasileiros. [...] Uma grande dama, que continua espiritualmente entre nós para sempre".[10] Apresentou-se em público até pouco antes de morrer aos 95 anos de idade.[12]
Recebeu a Medalha Carlos Gomes. Villa-Lobos, Camargo Guarnieri, Francisco Mignone, Almeida Prado e Radamés Gnattali dedicaram-lhe obras.[12] Os cem anos de seu nascimento foram comemorados com uma missa organizada pela Academia Nacional de Música[10] e um concerto no Teatro Municipal do Rio de Janeiro, junto com a exibição de um vídeo narrando sua trajetória.[7] Em 2014 sua memória foi lembrada em uma exposição em Petrópolis organizada pela prefeitura[6]. Uma orquestra sinfônica de Campos foi batizada com seu nome[7].
Referências
- ↑ a b c Araújo, Luís Edmundo. "Mariuccia Iacovino, 87 anos". Isto É, 2000
- ↑ a b c Bispo, A. A. "Tradição e renovação na difusão camerística — Mariuccia Iacovino e Arnaldo Estrella". In: Revista Brasil-Europa, 2008 (116)
- ↑ "Camargo Guarnieri". Centro Cultural São Paulo
- ↑ Verhaalen, Marion. Camargo Guarnieri: expressões de uma vida. EdUSP, 2001, p. 321
- ↑ Medeiros, Luciana. "Quarteto da Guanabara celebra 50 anos com concerto". Revista Concerto, 21/06/2019
- ↑ a b c "Prefeitura anuncia novidades para a Serra Serata 2014". Prefeitura de Petrópolis, 4/9/2014
- ↑ a b c d Barros, Talita. "A súplica de Mariuccia Iacovinno". Folha de São Paulo, 23/12/2012
- ↑ "Priscila Rato é a convidada do Música e Músicos do Brasil deste domingo". Rádio EBC, 24/03/2019
- ↑ Nobre, Maria Luiza. "A lendária Mariuccia Iacovino". Jornal do Brasil, 12/12/2011
- ↑ a b c Nobre, Maria Luiza. "A Grande Dama do Violino Mariuccia Iacovino". Jornal do Brasil, 12/12/2012
- ↑ "Festival Dell’arte vence desafios e mais uma vez é sucesso". Petrópolis News, 24/07/2014
- ↑ a b Frésca, Camila. "Professores e grandes intérpretes do violino no Brasil". Revista Concerto, 26/1/2009