Matinta Perera
Matinta Perera é uma personagem do folclore brasileiro, mais precisamente na Região Norte do país.[1] Trata-se de uma bruxa velha[2] que à noite se transforma em um pássaro agourento que pousa sobre os muros e telhados das casas e se põe a assobiar, e só para quando o morador, já muito enfurecido pelo estridente assobio, promete a ela algo para que pare (geralmente tabaco, mas também pode ser café, cachaça ou peixe). Assim, a matinta para e voa, e no dia seguinte vai até a casa do morador perturbado para cobrar o combinado. Caso o prometido seja negado, uma desgraça acontece na casa do que fez a promessa não cumprida.
Origem
editarNão se sabe ao certo a origem da lenda, muitos dizem que se trata de uma feiticeira que usa da magia para se transformar em matinta. Os mais velhos diziam que a sina de transformação seria hereditária, ou seja passaria de mãe para filha No caso de não haver herdeira para a sina matinta, a dona da maldição se esconde na floresta e espera que uma mulher passe por lá. Quando uma mulher finalmente passa, então ela pergunta: "quem quer?". Se a moça responder: "eu quero!" então ela se torna ainda naquela noite a Matinta Perera
Versões
editarNas cidades amazônicas existem duas versões para a lenda da matinta, a primeira é que ela se transforma em uma coruja rasga-mortalha ou num corvo, outra versão diz que ela se veste de uma roupa preta que lhe cobre todo o corpo dando-lhe nos braços uma espécie de asa para que possa planar sobre as casas.
Armadilha
editarHá quem diga que existe um jeito de prender a Matinta e os materiais são simples: uma tesoura, uma chave comum, um rosário bento e uma vassoura virgem. A chave deve ser enterrada e a tesoura fincada em cima do local, o rosário se põe por cima da tesoura. Toda matinta que passar por ali ficará presa, mas depois que ela for libertada deve-se varrer o local com a vassoura para que a sina não se espalhe. Outra versão diz que ela não pode ouvir o nome de qualquer deus enquanto estiver transformada, pois se não o feitiço acaba, já que, sendo uma bruxa, não tem uma religião.
Cancioneiro popular
editarO repentista Teobaldo Patacho, mestre do cancioneiro popular paraense, transforma em versão da canção "Paixão Cabeluda" (Do álbum "Pára no Pará", de 1987) a lenda regional do casamento atribulado entre a atormentada Matinta e o deslizante Boto. Segundo as versões mais populares, a união foi desfeita pelo boto, por não aturar o cheiro de cachaça e de fumo com que a esposa chegava em casa todas as noites, mas também é comum se encontrar versões relegando à jovem Matinta o fim das núpcias, dado que o Boto era muito afeito a procurar jovens donzelas à beira do Rio Guamá.
Carnaval
editarNo ano de 2015, a lenda foi mencionada no enredo da São Clemente, "A Incrível História do Homem que Só Tinha Medo da Matinta Pereira, da Tocandira e da Onça Pé de Boi", uma homenagem ao carnavalesco Fernando Pamplona.[3]
Na música
editarAparece em uma peça das "Lendas Amazônicas" de Waldemar Henrique
Matinta é descrita na letra da música "Matinta", da banda brasileira Armahda.
É citada em "Águas de Março" de Tom Jobim.
Ver também
editarReferências
- ↑ Lenda da Tia Podó a matinta perera de Igarapé-Miri
- ↑ Extra (16 de fevereiro de 2015). «São Clemente traz bruxas na comissão de frente; fotos». Consultado em 31 de agosto de 2016
- ↑ Galeria do Samba. «Carnaval 2015». Consultado em 10 de outubro de 2016