Camomila-vulgar

espécie de planta
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 Nota: Este artigo é sobre a camomila-vulgar. Para outros significados de camomila, veja Camomila.

A Matricaria recutita, comummente conhecida como camomila[1] (não confundir com a Chamaemelum nobile que consigo partilha este nome comum), é uma planta da família das Asteraceae e ao tipo fisionómico dos terófitos.[2]

Como ler uma infocaixa de taxonomiaCamomila-vulgar
Inflorescências da camomila
Inflorescências da camomila
Classificação científica
Reino: Plantae
Clado: angiospérmicas
Clado: eudicotiledóneas
Ordem: Isifonus
Família: Asteraceae
Género: Matricaria
Espécie: M. recutita
Nome binomial
Matricaria recutita
L.
Sinónimos
Chamomilla chamomilla (L.) Rydb.

Chamomilla recutita (L.) Rauschert
Matricaria recutita L.
Matricaria suaveolens L.
etc

Nomes comuns editar

Além de «camomila» (e das variantes gráficas camomila-vulgar, camomila-dos-alemães[3], camomila-da-alemanha[2], camomila-dos-alemães[2]) , esta espécie dá ainda pelos seguintes nomes comuns: matricária[4], margaça-das-boticas[5] e maçanila.[2]

Etimologia editar

O substantivo «camomila» provém do étimo grego χαμαίμηλον (khamaimélon)[6], que significa «maçã do chão»[1], o qual terá chegado até nós por via do baixo latim camomilla.[7]

Características editar

A camomila é conhecida pelas suas pequenas flores brancas que lembram margaridas. Entretanto, sua principal característica é seu aroma intenso e doce, capaz de perfumar grandes ambientes. Possui uma haste ereta e cresce de 25 cm a 50 cm com folhas delgadas e bem recortadas.

Distribuição e habitat editar

A camomila é bem adaptada a climas temperados, tendo originado-se no sul e leste da Europa, norte da África e oeste da Ásia. Esta espécie prolifera naturalmente em diversos países dessa região, com florações anuais ou bianuais.[8] Propaga-se bem em locais de temperatura amena, com sol pleno, solos bem drenados, argilo-arenosos e férteis.

Cultivo editar

O cultivo da camomila é normalmente realizado através da semeadura de sementes, de tal forma que estas não sejam cobertas completamente pelo solo, uma vez que a luz solar contribui para a germinação. A época ideal de plantio no Sul do Brasil ocorre entre março e abril. Contudo, o plantio em épocas mais secas é possível desde que as sementes sejam bem irrigadas.[9]

Apesar de bem adaptada à região Sul do Brasil e até mesmo a regiões mais quentes[carece de fontes?], a camomila produzida no Brasil apresenta baixa qualidade e produtividade (aproximadamente 500 kg ha−1), recebendo pouco destaque comercial em comparação a outros países produtores como a Argentina.[10]

Acredita-se assegurar a saúde das plantas ao redor, convivendo bem com as couves, cebolas, mentas e repolho. [carece de fontes?]

Uso editar

 
Camomila seca utilizada para fazer chá.

A incorporação do óleo essencial de camomila em soluções tópicas tem sido estudada há décadas devido a sua propriedade bactericida, sobretudo em relação a bactérias gram-positivas como estafilococos. O óleo essencial de camomila também exibe propriedade fungicida significativa em fungos da espécie Candida albicans.[11]

Existem indícios de que o extrato de camomila sirva como agente anti-helmíntico. Em testes in vitro, os polifenóis presentes na camomila interferiram negativamente na taxa de eclosão de ovos e motilidade de vermes gastrointestinais Haemonchus contortus, comumente encontrados em ovelhas.[12]

Acredita-se que o óleo essencial de camomila também sirva para reduzir níveis de ansiedade devido à presença do flavonoide apigenina, que age como ligante da benzodiazepina.[13] Desta forma, pode ser usada como coadjuvante no tratamento de distúrbios do sono, embora mais estudos sejam necessários para comprovar sua eficácia.[14][15] Efeitos sedativos podem se manifestar em alguns indivíduos dependendo da dose consumida.[16]

Certos compostos presentes na camomila extraídos com água quente podem auxiliar na modulação da glicose sanguínea, sugerindo um possível mecanismo protetivo do chá de camomila em indivíduos com tendência a diabetes.[17][18] O extrato de camomila também é popularmente utilizado para tratar sintomas gástricos associados à má digestão (dispepsia).[19]

A camomila pode ser utilizada também em cremes e pomadas. Alguns cremes a base de camomila são destinados à prevenção dos efeitos deletérios da radioterapia nas células epiteliais.[20][21] Para fins estéticos, certos tipos de preparados são utilizados para clarear o cabelo.[carece de fontes?] A planta atua progressivamente nos pigmentos capilares de forma a atribuir ao cabelo um tom mais claro, chegando mesmo ao louro natural. Existem disponíveis no mercado dezenas de shampoos de camomila e, ainda, outras loções aclaradoras que também recorrem a este processo natural. [carece de fontes?]

A camomila também é popularmente indicada para tratamento de queimaduras de sol, conjuntivite e olhos cansados, apesar de não haver evidências científicas até o momento que suportem sua eficácia para estes fins.[22]

Medicina alternativa editar

A camomila é uma das ervas mais popularmente utilizadas na medicina alternativa[23] visando o tratamento ou prevenção de males como rinite alérgica, inflamações, espasmos musculares, distúrbios menstruais, insônia, úlceras, lesões, distúrbios intestinais, reumatismo e hemorroidas.[22] O óleo essencial feito a partir das flores da camomila também possui fins cosméticos e aromaterápicos.[24]

Riscos editar

A cumarina presente na camomila potencializa o efeito de medicamentos anticoagulantes, como a varfarina, aumentando o risco de hemorragias internas e levando a graves complicações.[25] Além disso, o pólen encontrado em certos preparados de camomila podem desencadear reações alérgicas em alguns indivíduos.[26]

Referências

  1. a b Infopédia. «camomila | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 2 de dezembro de 2022 
  2. a b c d «Jardim Botânico UTAD | Espécie Matricaria recutita». Jardim Botânico UTAD. Consultado em 2 de dezembro de 2022 
  3. Infopédia. «camomila-dos-alemães | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 2 de dezembro de 2022 
  4. Infopédia. «matricária | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 2 de dezembro de 2022 
  5. Infopédia. «margaça-das-boticas | Dicionário Infopédia da Língua Portuguesa». infopedia.pt - Porto Editora. Consultado em 2 de dezembro de 2022 
  6. «χαμαίμηλον - WordSense Dictionary». www.wordsense.eu (em inglês). Consultado em 2 de dezembro de 2022 
  7. Ferreira, Aurélio Buarque de Holanda (1986). Dicionario Aurelio da Lingua Portuguesa. [S.l.]: Positivo. 328 páginas. ISBN 9788538583110 
  8. Moumita Das (14 de julho de 2014). Chamomile: Medicinal, Biochemical, and Agricultural Aspects. [S.l.]: CRC Press. p. 49-50. ISBN 978-1-4665-7760-2 
  9. Panizza, Sylvio (2000). Plantas Que Curam. Cheiro De Mato. São Paulo Brazil: IBRASA. ISBN 9788534800679 
  10. Corrêa Jr., C.; Taniguchi, E. (1992). «Aspectos da cultura de camomila no Estado do Paraná». Horticultura Brasileira. 10 (1). 52 páginas 
  11. Aggag, M.; Yousef, R. (1972). «Study of antimicrobial activity of chamomile oil». Planta Medica (em inglês). 22 (06): 140–144. ISSN 0032-0943. doi:10.1055/s-0028-1099596. Consultado em 11 de outubro de 2017 
  12. Hajaji, S.; Alimi, D.; Jabri, M. A.; Abuseir, S.; Gharbi, M.; Akkari, H. (maio de 2017). «Anthelmintic activity of Tunisian chamomile (Matricaria recutita L.) against Haemonchus contortus». Journal of Helminthology: 1–10. ISSN 0022-149X. doi:10.1017/S0022149X17000396 
  13. Shinomiya, Kazuaki; Inoue, Toshio; Utsu, Yoshiaki; Tokunaga, Shin; Masuoka, Takayoshi; Ohmori, Asae; Kamei, Chiaki (2005). «Hypnotic Activities of Chamomile and Passiflora Extracts in Sleep-Disturbed Rats». Biological and Pharmaceutical Bulletin. 28 (5): 808–810. doi:10.1248/bpb.28.808 
  14. Zick, Suzanna M.; Wright, Benjamin D.; Sen, Ananda; Arnedt, J. Todd (22 de setembro de 2011). «Preliminary examination of the efficacy and safety of a standardized chamomile extract for chronic primary insomnia: A randomized placebo-controlled pilot study». BMC Complementary and Alternative Medicine. 11. 78 páginas. ISSN 1472-6882. doi:10.1186/1472-6882-11-78 
  15. Gyllenhaal, Charlotte; Merritt, Sharon L.; Peterson, Sara Davia; Block, Keith I.; Gochenour, Tom (1 de junho de 2000). «Efficacy and safety of herbal stimulants and sedatives in sleep disorders». Sleep Medicine Reviews. 4 (3): 229–251. doi:10.1053/smrv.1999.0093 
  16. Viola, H.; Wasowski, C.; Levi de Stein, M.; Wolfman, C.; Silveira, R.; Dajas, F.; Medina, J. H.; Paladini, A. C. (junho de 1995). «Apigenin, a component of Matricaria recutita flowers, is a central benzodiazepine receptors-ligand with anxiolytic effects». Planta Medica. 61 (3): 213–216. ISSN 0032-0943. PMID 7617761. doi:10.1055/s-2006-958058 
  17. Kato, Atsushi; Minoshima, Yuka; Yamamoto, Jo; Adachi, Isao; Watson, Alison A; Nash, Robert J. (10 de setembro de 2008). «Protective Effects of Dietary Chamomile Tea on Diabetic Complications». Journal of Agricultural and Food Chemistry. 56 (17): 8206–8211. ISSN 0021-8561. doi:10.1021/jf8014365 
  18. Li, Wei; Dai, Rong-Ji; Yu, Yu-Hong; Li, Liang; Wu, Chong-Ming; Luan, Wei-Wei; Meng, Wei-Wei; Zhang, Xin-Sheng; Deng, Yu-Lin (junho de 2007). «Antihyperglycemic effect of Cephalotaxus sinensis leaves and GLUT-4 translocation facilitating activity of its flavonoid constituents». Biological & Pharmaceutical Bulletin. 30 (6): 1123–1129. ISSN 0918-6158. PMID 17541165 
  19. Valussi, Marco (1 de março de 2012). «Functional foods with digestion-enhancing properties». International Journal of Food Sciences and Nutrition. 63 (sup1): 82–89. ISSN 0963-7486. doi:10.3109/09637486.2011.627841 
  20. Maddocks-Jennings, Wendy; M Wilkinson, Jenny; Shillington, David (1 de novembro de 2005). «Novel approaches to radiotherapy-induced skin reactions: A literature review». Complementary Therapies in Clinical Practice. 11 (4): 224–231. doi:10.1016/j.ctcp.2005.02.001 
  21. Kostler, W. J.; Hejna, M.; Wenzel, C.; Zielinski, C. C. (2001). «Oral Mucositis Complicating Chemotherapy and/or Radiotherapy: Options for Prevention and Treatment». CA: A Cancer Journal for Clinicians. 51 (5): 290–315. ISSN 0007-9235. doi:10.3322/canjclin.51.5.290 
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