Meknès
Esta página cita fontes confiáveis, mas que não cobrem todo o conteúdo. (Março de 2012) |
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Município | ||||
Símbolos | ||||
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Apelido(s) | Versalhes de Marrocos; cidade dos cem minaretes | |||
Localização | ||||
Localização de Meknès em Marrocos | ||||
Coordenadas | ||||
País | Marrocos | |||
Região (1997-2015) | Meknès-Tafilalet | |||
Prefeitura | Meknès | |||
História | ||||
Fundação | Século VIII | |||
Fundador | Berberes Micnasas | |||
Administração | ||||
Prefeito | Ahmed Hilal (2009, PAM) | |||
Características geográficas | ||||
Área total | 94 km² | |||
População total (2004) [1][2] | 469 169 hab. | |||
• Estimativa (2012) | 616 110 | |||
Densidade | 4 991,2 hab./km² | |||
Altitude | 552 m | |||
Código postal | 50000 | |||
Antiga capital do reino (1672-1727) |
Meknès ou, na sua forma portuguesa, Mequinez[3] (em árabe: مكناس; romaniz.: Maknâs; em árabe marroquino: M'knâs; em tifinague: ⴰⵎⴻⴽⵏⴰⵙ; romaniz.: Mknas ou Ameknas) é uma cidade do centro-norte de Marrocos, capital da província homónima, que faz parte da região Meknès-Tafilalet. Em 2004 tinha 469 169 habitantes[1] e estimava-se que em 2012 tivesse 616 110 habitantes.[2]
É uma das maiores cidades do país e uma das mais importantes historicamente, sendo uma das chamadas "cidades imperiais", juntamente com Fez, Marraquexe e Rabate, por ter sido a capital durante o reinado do proeminente sultão alauita Mulei Ismail, entre 1672 e 1727. O centro histórico de Meknès está classificado como Património da Humanidade pela UNESCO desde 1996.
Situada na planície fértil do Saïs, onde se também se situa Fez, a norte do Atlas Médio, 150 km a oeste de Rabate e 60 km a leste de Fez, na sua produção industrial predominam a transformação de frutas e verduras, a elaboração de azeite de palma,[necessário esclarecer] as fundições de metal, as destilarias, o fabrico de cimento e o artesanato, sobretudo de tapetes e lã. As principais produções agrícolas são cereais e frutas.
A cidade está rodeada por uma cintura tripla de muralhas que abriga o palácio do sultão e uma cidadela do Califado Almóada. Ao norte, encontram-se as ruínas romanas de Volubilis e a cidade santa de Mulei Idris, fundada em 788.
Em fevereiro de 2010, a queda de um minarete de uma mesquita no centro de Meknès devido a fortes chuvadas provocou 41 mortes.
EtimologiaEditar
A cidade deve o seu nome à tribo berbere Micnasa, cujos membros são chamados Imknassen no plural e Ameknas no singular. Ameknas significa guerreiro ou combatente em língua berbere. Os ativistas amazigues (berberes) chamam à cidade Ameknas, nome usado, por exemplo, nos comunicados do MCA (Movimento Cultural Amazigue).
Geografia e demografiaEditar
Meknès encontra-se a uma altitude de mais de 500 , no planalto do Saïs, entre o Médio Atlas (a sul) e as colinas dos contrafortes meridionais do Rife. A cidade é atravessada pelo rio (oued) Boufekrane, que separa a almedina (cidade velha) da cidade nova (ville nouvelle ou Hamria).
Estima-se que a população total da conurbação de Meknès se aproxime do milhão de habitantes, embora no município de Meknès propriamente dito vivessem menos de metade desse número em 2004.[1] A maior parte da população trabalha no centro da cidade, onde se encontra a quase totalidade dos serviços administrativos da região de Meknès-Tafilalet. Um serviço recente de autocarros urbanos serve uma rede de transportes públicos com um perímetro de 40 km em volta da cidade, que liga os subúrbios e zonas rurais com o centro.
A população é maioritariamente jovem e de origem berbere, principalmente de tribos do Atlas, embora haja uma percentagem considerável de rifenhos. Apesar da arabização ser massiva, os berberes tentam preservar a sua língua e a sua identidade cultural.
Os setores do turismo, artesanato e comércio são o núcleo principal da economia local e nos últimos anos conheceram grande desenvolvimento, graças à recuperação de diversos sítios turísticos na almedina.
ClimaEditar
Meknès tem um clima de tipo mediterrânico com influências continentais, notórias sobretudo no inverno e verão. A diversidade geográfica da região faz com que cada uma das suas zonas naturais apresente especificidades climáticas particulares.
O regime térmico de Meknès é marcado pela distância e isolamento das costas marítimas do Mar Mediterrâneo a norte e do Atlântico a oeste, que está origem de amplitudes térmicas diárias extremas, que chegam aos 25,4°C. As temperaturas máximas variam entre os 30 e os 45°C e as mínimas entre 0 e 7°C, mas por vezes baixam abaixo do zero graus.
A precipitação média anual é de 576 mm, registando-se uma média de 84 dias de chuva por ano. A maior parte da precipitação ocorre no outono, sendo ligeiramente menor no inverno e voltando a aumentar na primavera. O verão tende a ser seco.
Dados climatológicos para Meknès | |||||||||||||
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Mês | Jan | Fev | Mar | Abr | Mai | Jun | Jul | Ago | Set | Out | Nov | Dez | Ano |
Temperatura máxima recorde (°C) | 23 | 27 | 31 | 32 | 35 | 42 | 42 | 45 | 42 | 34 | 30 | 41 | 45 |
Temperatura máxima média (°C) | 15 | 15 | 17 | 18 | 22 | 26 | 31 | 31 | 28 | 22 | 18 | 16 | 22 |
Temperatura mínima média (°C) | 5 | 7 | 8 | 9 | 11 | 15 | 18 | 18 | 16 | 13 | 9 | 7 | 12 |
Temperatura mínima recorde (°C) | −2 | −1 | - | 1 | 3 | 7 | 7 | 9 | 7 | 2 | 1 | −1 | −2 |
Precipitação (mm) | 89,4 | 84,4 | 78,4 | 74,3 | 42,6 | 12,5 | 2,1 | 1,9 | 14,1 | 47,4 | 79,6 | 81,2 | 580 |
Dias com chuva | 10,5 | 10,1 | 9,9 | 10,3 | 7,3 | 3,5 | 0,9 | 1,4 | 3,4 | 7,6 | 9,8 | 9,6 | |
Horas de sol | 5,6 | 6,3 | 7,3 | 7,9 | 9,1 | 10,2 | 11,2 | 10,6 | 8,8 | 7,3 | 5,9 | 5,3 | |
Fonte: Weatherbase,[4] Observatório de Hong Kong [5] |
HistóriaEditar
A história de Meknès parece remontar à criação dum povoado rural não fortificado no século VIII. No século seguinte, a tribo berbere dos Meknassa, estabeleceu o seu acampamento a norte do uádi Boufekrane, dando nome à cidade. Os Almorávidas fazem de Meknès um lugar militar no século XI. O Califado Almóada destroem a cidade por esta lhes ter resisitido, reconstruindo-a maior e mais bela, com mesquitas, nomeadamente a Grande Mesquita, entre 1199 e 1213, e poderosas fortificações.
No século XIV a cidade é tomada pelos Merínidas, que fundam madraças (medersas; escolas islâmicas), nomeadamente o Bu Anania, cuja construção começa no início do reinado de Abu Haçane Ali em 1331 mas só foi terminado 20 anos depois, em 1351. No mesmo século, são também construídas casbás (fortalezas) e mesquitas. Durante o período Oatácida, a cidade era próspera.
O mais célebre dos sultões alauitas, Mulei Ismail, que governou Marrocos durante 55 anos, entre 1672 e 1727, refunda Meknès para fazer dela a sua capital. Mulei Ismail reorganizou o país e assegura a sua pacificação depois de dirigir uma série de expedições militares contra as tribos insubmissas, os turcos otomanos e os cristãos (sobretudo portugueses). Também fortalece o poder central, conhecido como makhzen (palavra árabe de que deriva "armazém", e que tem o mesmo significado literal, que é usada para designar o tesouro real e os aprovisionamentos, que por metonímia designa os territórios sujeitos a impostos e controlados pelo estado, por oposição ao bled-es-Siba ["país da desordem"], onde impera o poder local das tribos mais ciosas da sua independência.
Muulei Ismail glorifica a sua capital graças ao dinheiro confiscado aos marinheiros cristãos capturados no mar e presos na imensa prisão subterrânea que ainda hoje se pode visitar sob a almedina de Meknès. Construiu edifícios, jardins, portas monumentais, fortificações, muralhas gigantescas cujo perímetro ultrapassa 40 km e numerosas mesquitas com belos minaretes. Por essa razão, Meknès é chamada "a cidade dos cem minaretes".
Durante o período colonial francês, entre 1912 e 1956, os franceses apelidaram Meknés de "Versalhes de Marrocos" ou "pequena Paris", realçando a beleza da cidade, frequentemente considerada a mais bela das quatro cidades imperiais. Durante algum tempo ali residiu o marechal Lyautey, que ali tinha o seu quartel-general. A zona mais popular da cidade é a antiga almedina, chamada "Mdina Kdima", onde residia Mulei Ismail.
Monumentos e atrações turísticasEditar
Monumentos religiososEditar
- Mausoléu de Mulai Ismail — mesquita originalmente edificada por Ahmed Eddahbi em 1703, foi transformada no mausoléu do sultão alauita que fez de Meknès a sua capital. O sultão está sepultado junto a uma das suas esposas e dois dos seus filhos. Ao contrário do que é usual nas mesquitas marroquinas, está aberta a não muçulmanos.
- Mesquita Néjjarine — construída no século X, situa-se no centro da almedina.
- Grande Mesquita — erigida pelos Almorávidas no século XI, tem 11 portas e 143 arcadas.
- Mesquita Jamaï Roua — construída em 1790 por Sidi Maomé ibne Abdalá.
- Mausoléu Cheikh El Kamel — construído por Sidi Maomé ibne Abdalá, nele está sepultado El Hadi Benaïssa, fundador da confraria sufista Aissawa.
- Mesquita Bab Berdieyinne — construída no século XVIII por ordem de Khunata bent Bakkar, uma das esposas de Mulei Ismail
Museus e madraçasEditar
- Museu Dar Jamaï — museu etnográfico e de artes marroquinas, instalado num palácio da alta burguesia desde 1920.
- Madraça Bu Inania — instituto teológico fundado pelo sultão Abu Haçane Ali (r. 1331–1351); tem um pátio interior e 26 quartos de tolbas (alunos).
- Madraça Bu Filalia — edifício histórico de carácter educativo e religioso fundado em 1789 por Mulei Ismail.
- Museu da cerâmica rifenha.
Outros monumentos históricosEditar
- Palácio Dar el Makhzen — situado no bairro de El Mechouar Stinia, é rodeado por um corredor de dois quilómetros formado por duas muralhas impressionantes. Era o palácio real de Mulei Ismail.
- Bab Mansour el Aleuj — porta monumental da cidade imperial, construída em 1732. É uma das mais belas obras de Mulei Ismail, e uma a porta mais imponente de Marrocos, senão mesmo da África do Norte.
- Koubat al Khayatine (Sala dos Embaixadores) — pavilhão onde o sultão Mulei Ismail recebia os embaixadores e emissários estrangeiros.
- Bab Lakhmis — porta ricamente decorada datada do século XVII.
- Bab Berdaïne — porta monumental edificada por Mulei Ismail no século XVII.
- Dar el Beida — palácio alauita do século XIX construído pelo sultão Sidi Maomé ibne Abdalá,[necessário esclarecer] atualmente alberga a Academia Real Militar.
- Ksar Mansour — palácio e celeiro.
- Coudelaria — criada em 1914 como estabelecimento militar de remonta, em 1947 foi transformado em coudelaria.
- Celeiro e cavalariças — conjunto arquitetural gigantesco edificado por Mulei Ismail.
- Prisão de Cara — conjunto de calabouços subterrâneos, deve o seu nome a um arquiteto e prisioneiro português.
- Lago Agdal — reservatório de água construído por Mulei Ismail para irrigar os jardins e hortas de Meknès e depósito de água da almedina. Tem 319 por 149 metros e mais de dois metros de profundidade.
Outros sítiosEditar
- Fandouk el Hanna — complexo cultural.
- Jardim Lahboul — situado na almedina, no bairro de Al Ismaïlia, alberga um jardim zoológico e um teatro ao ar livre.
- Golf royal — campo de golfe situado na comuna urbana de El Mechouar Stinia, no interior das muralhas de Mulei Ismail, foi construído em 1971, tem nove buracos e alegadamente é o único campo de golfe que é fechado à chave. Está aberto de dia e de noite.
Eventos e festividadesEditar
- Março — Jornadas mediterrânicas da oliveira.
- Abril — Festival Internacional de Cinema de Animação de Meknès (FICAM)
- Abril/Maio — Salão Internacional de Agricultura de Marrocos (SIAM)
- Junho — Festival de Teatro de Meknès
- Julho — Festival de Volubilis - Meknès
- Setembro — Festival da Fantasia (arte equestre do Magrebe)
Cidades irmãsEditar
Notas e referênciasEditar
- Este artigo foi inicialmente traduzido do artigo da Wikipédia em francês, cujo título é «Meknès», especificamente desta versão.
- ↑ a b c Royaume du Maroc - Haut-Comissariat au Plan. «Recensement général de la population et de l'habitat 2004» (PDF). www.lavieeco.com (em francês). Jornal La Vie éco. Consultado em 7 de março de 2012
- ↑ a b «Maroc: Les villes les plus grandes avec des statistiques de la population». gazetteer.de (em francês). World Gazeteer. Consultado em 7 de março de 2012
- ↑ Gonçalves, Rebelo (1947). Tratado de Ortografia da Língua Portuguesa. Coimbra: Atlântida - Livraria Editora. p. 59
- ↑ «Dados meteorológicos de Meknès». www.Weatherbase.com (em inglês). Canty and Associates LLC. Consultado em 14 de março de 2012
- ↑ «Climatological Information for Meknes, Morocco». www.hko.gov.hk (em inglês). Observatório de Hong Kong. Consultado em 14 de março de 2012. Cópia arquivada em 4 de junho de 2011
Ligações externasEditar
- «Meknès (com galeria de fotografias)». www.routard.com (em inglês). Guide Routard. Consultado em 7 de março de 2012
- «Meknès». www.britannica.com (em inglês). Encyclopædia Britannica. Consultado em 7 de março de 2012
- «Meknes». www.maroctourisme.org (em francês). Consultado em 7 de março de 2012
- «Meknes travel - Heritage and simplicity». www.visitmorocco.com (em inglês). Visit Morocco - Moroccan National Tourist Office. Consultado em 7 de março de 2012
- McFarlane, Marilyn. «Meknès: Morocco's Imperial City and World Heritage Site». www.EuropeUpClose.com (em inglês). Europe Travel Blog and Community. Consultado em 7 de março de 2012
- Loeb, Daniel E. «Meknes, Morocco». www.loebtree.com (em inglês). Loeb Family Tree. Consultado em 7 de março de 2012
- Mambro, Valeri Di (28 de abril de 2011). «Meknès, a Versailles marroquina». foradomapa.dimambro.com.br. Fora do Mapa. Consultado em 7 de março de 2012
A cidade de Meknès inclui o sítio "Cidade Histórica de Meknès", Património Mundial da UNESCO. |