Mendonça Pessanha

 Nota: Este artigo é sobre o oficial superior durante as Guerras Peninsular e Civil Portuguesa. Se procura o deputado, veja Francisco Correia de Mendonça.

Francisco Correia de Mendonça Pessanha, mais conhecido por Mendonça Pessanha (Lagos, 1775 - Lagos, 28 de Setembro de 1856), foi um militar e vereador português. Destacou-se pela sua conduta durante a Guerra Peninsular e a Guerra Civil Portuguesa, tendo derrotado o comandante miguelista Remexido durante o cerco de Lagos.[1]

Mendonça Pessanha
Nome completo Francisco Correia de Mendonça Pessanha
Dados pessoais
Nascimento 1775
Lagos
Morte 28 de setembro de 1856
Lagos
Nacionalidade Portugal Portugal
Vida militar
Hierarquia Major

Biografia editar

Nascimento editar

Nasceu em Lagos no ano de 1775, filho de Francisco de Paula Mendonça.[1]

Carreira militar e política editar

Assentou praça como soldado no Regimento de Infantaria de Lagos, em 19 de Maio de 1788, sendo nomeado cadete em 24 de Setembro de 1792, e ajudante em 2 de Novembro de 1798.[1] Em 21 de Outubro de 1807, foi promovido a capitão do Regimento de Infantaria n.º 2, e, em 28 de Outubro de 1808, a major deste destacamento.[1] Passou a major do Regimento de Milícias de Lagos em 24 de Junho de 1820.[1]

Participou numa campanha militar em 1797, e esteve presente, já com a patente de major, na libertação de Lisboa, durante a Primeira invasão francesa de Portugal.[1] Dirigiu igualmente uma campanha de aprisionamento de desertores, e fez a condução de um comboio de armas para as forças militares no Sul, por entre os exércitos inimigos.[1] Foi nomeado para artilhar a praça de Lagos, e criar baterias nas imediações da cidade e na Serra de Monchique, de forma a defender a cidade de ataques franceses.[1] Distinguiu-se por pacificar a população de Alvor, e por ter salvo várias pessoas em Monchique, que tinham sido injustamente acusadas pela população de apoiar os franceses.[1] Também foi nomeado para comandar o cordão contra as actividades de contrabando, inspeccionar as capitanias-mor, e assegurar as protecções contra a disseminação da cólera.[1] Ofereceu doze espingardas para a reorganização do regimento, dirigiu a mudança da artilharia de Ayamonte para Vila Real de Santo António, e capturou e conduziu até Elvas um grupo de desertores que tinham fugido de Juromenha.[1]

Foi um dos fundadores da loja maçónica de Lagos, tendo sido perseguido em 1823 como liberal e pedreiro-livre.[1] Foi enviado para a Torre de São Julião da Barra em 1828, mas conseguiu evadir-se.[1]

Em 28 de Agosto de 1833, Mendonça Pessanha, que na altura possuía a patente de tenente-coronel, assumiu a defesa da praça de Lagos, que estava a ser cercada por forças miguelistas, lideradas pelo Remexido.[1] Conseguiu libertar a cidade, embora a sua conduta tenha sido criticada, devido ao seu uso frequente da pena capital contra a população e os militares inimigos.[1] Este facto foi aproveitado pelos miguelistas, que o acusaram em vários impressos distribuídos pela cidade.[1] Mendonça Pessanha também implementou várias medidas para combater a fome durante e após o cerco, tendo, por exemplo, convencido em 1833 os proprietários rurais a cederem o trigo e outros géneros, e no ano seguinte conseguiu levantar as proibições que existiam à importação de carne, farinha e azeite.[1]

Não obstante a sua polémica administração da cidade durante a guerra, conseguiu granjear o apoio popular; com efeito, numa petição, entregue pelo administrador do concelho à Câmara Municipal em 9 de Setembro de 1836, os habitantes da cidade pediam que Mendonça Pessanha, então já reformado com a patente de tenente-coronel, fosse nomeado como governador de Lagos, devido à sua conduta durante o cerco.[1] Foi posteriormente eleito como vereador da Câmara Municipal.[1]

Em 22 de Outubro de 1839, foi nomeado como director da Irmandade de Nossa Senhora da Glória, como louvor por ter salvo o conteúdo do Convento de Nossa Senhora da Glória, que teve de ser abandonado durante o combate.[1]

Em 1845, foi distribuído pela cidade o opúsculo Scenas da vida moral, civil e politica de Francisco Correia de Mendonça, onde se teceram várias acusações contra Mendonça Pessanha.[1] Também foi distribuído um outro folheto, denominado de Os amores de Correia de Mendonça com a freira....[1]

Falecimento e família editar

Faleceu na cidade de Lagos, em 28 de Setembro de 1856.[1][2] Casou com Thereza Luiza d'Azevedo, e foi pai do deputado Francisco Correia de Mendonça.[1] Teve uma filha ilegítima, Josepha Apolinária de Mendonça, que depois deserdou no seu testamento.[1]

 
Placa toponímica da Rua Mendonça Pessanha, em Lagos.

Homenagens editar

Recebeu vários louvores durante a sua carreira militar, destacando-se um do Rei D. João VI, em 16 de Abril de 1816.[1]

Em 30 de Março de 1887, a Câmara Municipal de Lagos deliberou colocar o seu nome na antiga Rua do Jardim; no entanto posteriormente decidiu-se dar o nome de Dr. Mendonça à rua, em honra do seu filho, Francisco Correia de Mendonça.[1] Assim, o nome de Mendonça Pessanha foi colocado na antiga Rua do Saco.[3][2]

Referências

  1. a b c d e f g h i j k l m n o p q r s t u v w x y z aa ROCHA, 1910:346-358
  2. a b FERRO, 2010:341-350
  3. «Freguesia de Santa Maria» (PDF). Câmara Municipal de Lagos. Consultado em 13 de Dezembro de 2018. Arquivado do original (PDF) em 22 de Fevereiro de 2014 

Bibliografia editar

  • FERRO, Silvestre Marchão (2002). Vultos na Toponímia de Lagos. Lagos: Câmara Municipal de Lagos. 358 páginas. ISBN 972-8773-00-5 
  • ROCHA, Manuel João Paulo (1991) [1910]. Monografia de Lagos. Faro: Algarve em Foco. 488 páginas 


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