Mestre Fuleiro
Antônio dos Santos, mais conhecido como Mestre Fuleiro, (Rio de Janeiro, 27 de novembro de 1912 – Rio de Janeiro, 6 de fevereiro de 1997) foi um compositor, sambista, jongueiro e estivador brasileiro, foi um dos fundadores do G.R.E.S. Império Serrano; pela qual foi Diretor de Harmonia por mais de 50 anos sempre desfilando na tradicional "ala das baianas". Ele é considerado como uma das mais importantes personalidades do Carnaval Carioca de sua época.[1][2]
Mestre Fuleiro | |
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Nome completo | Antônio dos Santos |
Conhecido(a) por | Mestre Fuleiro |
Nascimento | 27 de dezembro de 1912 Rio de Janeiro, DF |
Morte | 6 de fevereiro de 1997 (84 anos) Rio de Janeiro, RJ |
Causa da morte | insuficiência respiratória |
Nacionalidade | brasileiro |
Carreira musical | |
Afiliações |
Biografia
editarNascido no Andaraí, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro; ainda jovem mudou-se para o Morro da Serrinha, em Madureira (Rio de Janeiro), onde, em 23 de março de 1947, juntamente com Mano Décio da Viola, Silas de Oliveira e outros, cria a escola de samba Império Serrano, a partir de uma dissidência da escola de samba Prazer da Serrinha.[3]
Em 1952 compõe para a Império Serrano o samba-enredo "Ana Néri ou Homenagem à Medicina Brasileira", em parceria com Penteado e Mano Décio da Viola.[3] Ainda como compositor, Mestre Fuleiro já teve suas canções gravadas por diferentes cantores como Beth Carvalho, Moacyr Luz, Dona Ivone Lara, Fabiana Cozza e Leci Brandão; as músicas mais conhecidas são Vapor da Paraíba, Tiê, Tantas Primaveras, O Que Seus Olhos Tem, Vejo Em Teus Lábios Risos e Não Me Perguntes.[4]
Mestre Fuleiro, junto com Mestre Darcy (Darcy Monteiro, o Darcy do Jongo), foi um dos responsáveis em manter as tradições do Jongo da Serrinha, que aprendeu com sua mãe Teresa. Para ele era preciso que se ensinasse tanto o jongo tradicional, quanto o jongo espetáculo, para isto ele também introduziu outros instrumentos que no jongo tradicional não eram utilizados; como o violão, como justificativa Fuleiro afirmava que o jongo tradicional do passado não havia instrumentos desse tipo porque os escravos não sabiam tocá-los, por isso só usavam tambores. Estas modernizações eram necessárias para se atrair gerações mais jovens ao jongo como forma de não permitir que este estilo de dança afro-brasileira deixar de existir.[3]
Faleceu em 1997, devido a uma insuficiência respiratória. Foi sepultado no cemitério de Irajá, bairro da Zona Norte da cidade do Rio de Janeiro.[1][2][5] A quadra do Império Serrano foi oferecida ao velório, mas a família recusou a oferta argumentando que isto impediria o último ensaio da escola de samba antes do Carnaval de 1997, que aconteceria três dias depois.[5]
Mestre Fuleiro era primo de Dona Ivone Lara, a primeira mulher a assinar um samba-enredo. Ele ajudou sua prima a fazer parte da ala de compositores da escola Império Serrano, quando na época essa atribuição era tradicionalmente desempenhada por homens; em um ardil premeditado entre os dois, de inicio Fuleiro apresentou na ala dos compositores da Império Serrano os sambas compostos por Dona Ivone como se fossem de autoria dele, e somente alguns tempos depois, quando as canções tiveram ampla aceitação, foi que ele revelou como sendo de sua prima a autoria de tais composições.[6]
Homenagens
editarEm sua homenagem, em Madureira, a Rua Lambari, na qual Mestre Fuleiro residia no Morro da Serrinha, passou a ser denominada como Rua Antônio dos Santos.[7]
O nome de Mestre Fuleiro é citado na canção "Império e Portela", interpretada por Diogo Nogueira, samba autoral inédito do seu álbum "MunduÊ" lançado em 2017, em edição da gravadora Universal Music.[8][9]
Ver também
editarReferências
- ↑ a b «Império Serrano de Luto com a Perda de Mestre Fuleiro». Jornal do Commercio, disponível na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. 8 de fevereiro de 1997. p. A4. Consultado em 5 de junho de 2024
- ↑ a b «Morte de Mestre Fuleiro põe Luto na Festa». Tribuna da Imprensa, disponível na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. 8 de fevereiro de 1997. p. 5. Consultado em 5 de junho de 2024
- ↑ a b c Alessandra Marques; Cláudia Regina Alves da Rocha; Daniela Sampaio; Janine M. Belo (6 de março de 2017). «Entrevista: Mestre Fuleiro é chama». Farofafá. Rio de Janeiro. Consultado em 5 de junho de 2024
- ↑ «Mestre Fuleiro (Antonio dos Santos)». Discografia Brasileira. Consultado em 5 de junho de 2024
- ↑ a b Fefeco (9 de junho de 2023). «O Gurufim de Mestre Fuleiro». Galeria do Samba. Consultado em 20 de abril de 2025
- ↑ «Sorriso de criança aos 75 Anos». Suplemento "Tribina Bis", do jornal Tribuna da Imprensa, disponível na Hemeroteca da Biblioteca Nacional. Rio de Janeiro. 3 de março de 1997. p. 5. Consultado em 5 de junho de 2024
- ↑ Cidade do Rio de Janeiro, Decreto 16396 de 21 de dezembro de 1997. Diário Oficial da Cidade do Rio de Janeiro, Rio de Janeiro.
- ↑ «Império e Portela». site Letras de Músicas. Consultado em 27 de abril de 2025
- ↑ Mauro Ferreira (20 de novembro de 2017). «Diogo Nogueira homenageia Império Serrano e Portela no álbum 'MunduÊ'». Portal de Notícias G1. Consultado em 27 de abril de 2025