Miguel Calmon du Pin e Almeida (engenheiro)

engenheiro e político brasileiro (1879-1935)
 Nota: Se procura outras acepções, veja Miguel Calmon du Pin e Almeida (desambiguação).

Miguel Calmon Du Pin e Almeida (Salvador, 18 de setembro de 1879[1]Rio de Janeiro, 25 de fevereiro de 1935) foi um engenheiro e político brasileiro, correligionário de Rui Barbosa, ministro da Viação e Obras Públicas e, posteriormente, da Agricultura, Indústria e Comércio nas primeiras décadas da "República Velha". Foi também sobrinho homônimo do Marquês de Abrantes.

Miguel Calmon du Pin e Almeida
Miguel Calmon du Pin e Almeida (engenheiro)
Ministro dos Transportes do Brasil
Período 15 de novembro de 1906
até 18 de junho de 1909
Presidente Afonso Pena
Nilo Peçanha
Antecessor(a) Lauro Müller
Sucessor(a) Francisco Sá
Ministro da Agricultura do Brasil
Período 15 de novembro de 1922
até 15 de novembro de 1926
Presidente Artur Bernardes
Antecessor(a) José Pires do Rio
Sucessor(a) Geminiano Lira Castro
Dados pessoais
Nascimento 18 de setembro de 1879
Salvador, BA
Morte 25 de fevereiro de 1935 (55 anos)
Rio de Janeiro, DF
Nacionalidade brasileiro
Profissão Engenheiro e político
Com Artur Bernardes e outros ministros de Estado (fotografia sob a guarda do Arquivo Nacional).

Biografia editar

Casou-se com Alice da Porciúncula, de família do Rio Grande do Sul.[2]

De 15 de novembro de 1906 a 18 de julho de 1909 foi Ministro e Secretário de Estado dos Negócios da Indústria, Viação e Obras Públicas, do Governo Afonso Pena e depois de Nilo Peçanha.

Retornou ao governo, agora sob a presidência de Artur Bernardes, como Ministro da Agricultura, Indústria e Comércio, de 16 de novembro de 1922 a 15 de novembro de 1926. Bernardes atribuiu a organização da colônia penal de Clevelândia durante seu governo ao ministro Calmon ou ao engenheiro Gentil Norberto, administrador do local. Clevelândia era até então uma colônia do Ministério da Agricultura. Um relatório encaminhado ao ministro determinou que, de 946 prisioneiros desterrados no local entre 1924 a 1926, 491 morreram de várias doenças e 262 escaparam.[3] Segundo Bruno de Almeida Magalhães, biógrafo de Artur Bernardes, o destino era salubre e "toda a lenda acerca de Clevelândia foi irrespondivelmente refutada pelo senador Miguel Calmon, Ministro da Agricultura durante o governo de Bernardes, durante as sessões de 29 e 30 outubro de 1927, sem ter sofrido a menor contestação", o que não condiz com a elevada mortalidade observada pela bibliografia especializada.[4]

Denunciou os crimes do governo Floriano Peixoto contra o proletariado brasileiro durante a Primeira República. Conforme seu discurso,

No governo Floriano Peixoto decretou-se o desterro de várias pessoas de notoriedade nacional para Cucui e Tabatinga. Depois da revolta de 14 de novembro de 1904, Fizeram-se deportações larga manu para a Amazônia, não se sabendo até hoje o paradeiro das centenas, senão milhares, de indivíduos largados ao abandono, sem alimentação nem assistência médica, nas margens dos rios do território do Acre, considerado então região mortífera por excelência.

Os amotinados foram rapidamente varridos da praça, indo os mais audazes e cabeçudos entrincheirar-se no velho bairro da Saúde, perto da obras do porto, onde, cercados pela infantaria do Exército e bombardeados pela artilharia da esquadra, tiveram que render-se à autoridade. O governo mostrou-se então de um severidade deveras espantosa para com a gente miserável do Rio de Janeiro. Sem direito a qualquer defesa, sem a mínima indagação regular de responsabilidade, os populares suspeitos de participação em motins daqueles dias começaram a ser recolhidos em grandes batalhas policiais. Não se fazia distinção de sexo nem de idade. Bastava ser desocupado ou maltrapilho e não provar residência habitual, para ser culpado. Conduzidos para bordo do Lloyd Brasileiro, em cujos porões já se encontravam, a ferros e no regime da chibata, os prisioneiros da Saúde, todos eles foram sumariamente expedidos para o Acre.[5]

Em 1936, sua viúva transfere da mansão dos Calmon, na rua São Clemente, em Botafogo para o Museu Histórico Nacional todo um conjunto completo de obras de arte, móveis, tapetes, documentos, fotografias e bibliotecas que ficou conhecido como "Coleção Miguel Calmon". A mostra nos passa a ideia do estilo de vida dos poderosos da Primeira República.

Não deixou descendentes.[2]

Referências

  1. «Sítio da Presidência da República - galeria dos Ministros de Estado». Consultado em 15 de novembro de 2007. Arquivado do original em 21 de junho de 2008 
  2. a b Baumann, Eneida Santana (2011). «O arquivo da família Calmon à luz da arquivologia contemporânea» (PDF). Salvador, BA: Universidade Federal da Bahia, Programa de Pós-graduação em Ciência da Informação 
  3. Brito, Edson Machado de (2008). Do sentido aos significados do presídio de Clevelândia do Norte: repressão, resistência e disputa política no debate da imprensa (PDF) (Dissertação). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Cópia arquivada (PDF) em 14 de março de 2024 . p. 38, 63.
  4. Assunção Filho, Francisco Moacir (2014). 1924 - Delenda São Paulo: a cidade e a população vítimas das armas de guerra e das disputas políticas (PDF) (Dissertação). Pontifícia Universidade Católica de São Paulo. Cópia arquivada (PDF) em 6 de julho de 2023 . p. 85.
  5. Pinheiro 1999, p. 88-90.

Bibliografia editar

  • Abreu, Regina (1996). A Fabricação do Imortal: Memória, História e Estratégias de Consagração no Brasil. Rio de Janeiro: Rocco. ISBN 8532506674 
  • Pinheiro, Paulo Sérgio (1999). Estratégias da Ilusão. São Paulo: Cia. das Letras 

Ligações externas editar


Precedido por
Lauro Müller
Ministro dos Transportes do Brasil
1906 — 1909
Sucedido por
Francisco Sá
Precedido por
José Pires do Rio
Ministro da Agricultura do Brasil
1922 — 1926
Sucedido por
Geminiano Lira Castro
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