Pilotas de Fórmula 1

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São raras mulheres que estiveram inscritas como pilotos da Fórmula 1 para corridas da categoria. Desde a criação do mundial de Fórmula 1, no ano de 1950, apenas cinco mulheres tiveram a oportunidade de disputar grandes prêmios. Nenhuma delas obteve poles position, pódios, vitórias ou títulos e apenas uma, Lella Lombardi, conseguiu pontuar e, ainda assim, só meio ponto em uma corrida.

Histórico editar

 
Lombardi: única mulher a pontuar.

A história feminina na Fórmula 1 teve como pioneira a italiana Maria Teresa de Filippis que, entre as temporadas de 1958 e 1959, se inscreveu em cinco corridas[1] e largou apenas em três[2] tendo como melhor resultado seu 10º lugar no Grande Prêmio da Bélgica de 1958.[3][4] Entretanto, na etapa seguinte, o Grande Prêmio da França de 1958 De Filippis teve sua participação vetada pelo diretor de prova que alegou que “o único capacete que uma mulher deveria utilizar é o do cabeleireiro”.[5] Maria encerrou sua carreira no Grande Prêmio de Mônaco de 1959.[3] Após quinze anos sem nenhuma mulher na categoria, houve a participação de outra italiana, Lella Lombardi que disputou as temporadas de 1974,[6] 1975[7] e 1976[8] inscrevendo-se em dezessete corridas e largando em doze. Seu melhor resultado foi no Grande Prêmio da Espanha de 1975, onde terminou na sexta colocação. A piloto marcaria 1 ponto, entretanto, a prova foi interrompida antes de serem completados 75% do total de voltas, e foram creditados apenas metade dos pontos aos pilotos. Lella marcou 0.5 ponto e tornou-se a primeira mulher na história a pontuar na Fórmula 1.[2][9][10]

Em 1976 a inglesa Divina Galica tentou se classificar para o Grande Prêmio da Grã-Bretanha de 1976, mas falhou. Entretanto, entrou para a história junto com Lella Lombardi, que também esteve na prova, pois esse foi único Grande Prêmio na história em que duas mulheres estavam inscritas.[8][11] Porém ambas não se classificaram para a prova.[12][13] Em 1980, a sul-africana Desiré Wilson tentou se classificar para o Grande Prêmio da Grã-Bretanha, não obtendo sucesso. No mesmo ano se tornou a única mulher a vencer uma corrida com um carro de Fórmula 1 quando venceu a etapa de Brands Hatch na curta série de Fórmula 1 Britânica, também conhecida como Aurora F1, que era disputada com carros antigos da categoria.[14] Porém tal corrida não valia pontos para o mundial e seu resultado não é homologado. Em homenagem a essa conquista, Desiré tem uma arquibancada em Brands Hatch, com o seu nome.

A última mulher a tentar disputar uma prova de Fórmula 1 foi a italiana Giovanna Amati no ano de 1992. Ela tentou classificar-se para três provas, entretanto falhou em todas as tentativas. Foi substituída por Damon Hill, que também não conseguiu classificar o carro nas corridas seguintes.[15]

Há mais de 20 anos a Fórmula 1 não tem nenhuma mulher como pilota oficial. Sarah Fisher, Katherine Legge, María de Villota, Susie Wolff e Simona de Silvestro chegaram a fazer testes com carros da categoria, entretanto, não disputaram nenhuma corrida.

Lista de pilotas editar

Pilotas oficiais editar

# Nome Temporadas Equipes Corridas
(largadas)
Pole
positions
Vitórias Pódios Títulos Pontos
1   Maria Teresa de Filippis[1][16] 2 2 5 (3) 0 0 0 0 0
2   Lella Lombardi[2][10] 3 3 17 (12) 0 0 0 0 0.5
3   Divina Galica[16] 2 2 3 (0) 0 0 0 0
4   Desiré Wilson[16] 1 1 1 (0) 0 0 0 0
5   Giovanna Amati[16][17] 1 1 3 (0) 0 0 0 0

Pilotas de testes editar

 
Wolff: piloto de testes

Em setembro de 2002 a pilota americana Sarah Fisher teve a oportunidade de guiar um carro da McLaren depois dos treinos livres de sexta-feira em Indianápolis, local do Grande Prêmio dos Estados Unidos de 2002. Ela guiou o modelo MP4-17, conseguiu a oportunidade graças ao patrocínio da Tag Heuer.[18]Katherine Legge fez um teste pela equipe Minardi no Circuito de Vallelunga, na Itália, em novembro de 2005. Ela bateu o carro logo após dar duas voltas no circuito. A britânica voltou a testar o carro alguns dias depois. O teste durou apenas 27 voltas e seu melhor tempo foi de 1m21s176.[16][19][20]

Em 2012 a pilota espanhola María de Villota foi contratada pela equipe Marussia F1 como piloto de testes. Em julho daquele ano sofreu um grave acidente durante os testes aerodinâmicos realizados no aeroporto de Duxford no leste de Londres. Em outubro do ano seguinte, foi encontrada em seu quarto de hotel. Sua morte foi causada por sequelas do grave acidente que sofreu no ano anterior.[21][22][23] Também em 2012, outra mulher foi contratada como piloto de testes. A britânica Susie Wolff assinou contrato com a equipe Williams e passou a participar dos testes em túneis de vento e de desenvolvimento do carro.[24][25]

Em 2014 a Sauber assinou contrato com Simona de Silvestro como "pilota afiliada" afirmando ter a intenção de transforma-la em piloto titular em 2015.[26] Devido a questões financeiras e falta de patrocínio, a piloto não pode competir pela equipe.[27] A Sauber voltou a assinar com uma mulher, dessa vez Tatiana Calderón, em fevereiro 2017. A jovem piloto colombiana foi contratada como piloto de desenvolvimento tendo como função trabalhar do simulador na fábrica em Hinwil junto com os companheiros de equipe Pascal Wehrlein e Marcus Ericsson.[28][29] No ano seguinte, A equipe Sauber promoveu Calderón a pilotos de testes. Ela participará de diversas sessões no simulador da equipe, porém não foi divulgado se ela pilotará em alguma sessão livre de treinos de sexta-feira ao longo dos fins de semana do campeonato. Paralelamente à função na Sauber, a colombiana competirá mais uma temporada na GP3.[30][31]

Marcos editar

Referências

  1. a b c «Primeira mulher a pilotar um Formula 1 é "estrela" em Portimão». Auto Portal. 12 de outubro de 2010. Consultado em 21 de agosto de 2011 [ligação inativa] 
  2. a b c «Espanhola é esperança de presença feminina na F1 após 20 anos». iG. 23 de agosto de 2011. Consultado em 24 de agosto de 2011 
  3. a b «Results of Maria Teresa de Filippis for 1959 season» (em inglês). Fórmula 1 — Site Oficial. Consultado em 26 de agosto de 2011 
  4. «Results of Maria Teresa de Filippis for 1958 season» (em inglês). Fórmula 1 — Site Oficial. Consultado em 26 de agosto de 2011 
  5. Verde (19 de agosto de 2011). «TOP CINQ: Cinco Penélopes Charmosas». iG. Consultado em 26 de agosto de 2011 
  6. «Results of Lella Lombardi for 1974 season» (em inglês). Fórmula 1 — Site Oficial. Consultado em 26 de agosto de 2011 
  7. «Results of Lella Lombardi for 1975 season» (em inglês). Fórmula 1 — Site Oficial. Consultado em 26 de agosto de 2011 
  8. a b «Results of Lella Lombardi for 1976 season» (em inglês). Fórmula 1 — Site Oficial. Consultado em 26 de agosto de 2011 
  9. «1975 Spanish Grand Prix» (em inglês). Fórmula 1 — Site Oficial. Consultado em 26 de agosto de 2011 
  10. a b Mrcor Júnior. «Que fim levou? — Lella Lombardi». iG. pp. 1–2. Consultado em 23 de agosto de 2011. Arquivado do original (php) em 6 de novembro de 2011 
  11. «Results of Divina Galica for 1976 season» (em inglês). Fórmula 1 — Site Oficial. Consultado em 5 de julho de 2012 
  12. a b «Results of 1976 British Grand Prix» (em inglês). The Official Formula 1 Website. Consultado em 24 de março de 2010 
  13. Jacques, Fábio (11 de maio de 2012). «Coluna La Rascasse: As mulheres e a Fórmula 1». F1Mania - Mania de Velocidade (Blog). Consultado em 5 de julho de 2012. Arquivado do original em 2 de maio de 2013 
  14. «DESIRÉ WILSON - YEAR BY YEAR IN RACING — 1980 1st British Formula One Championship Race at Brands Hatch» (PDF) (em inglês). Consultado em 12 de maio de 2011. Arquivado do original (pdf) em 3 de março de 2016 
  15. «Lembra-se de...Giovanna Amati?». Autosport. Consultado em 26 de agosto de 2011. Arquivado do original em 9 de setembro de 2008 
  16. a b c d e Aline Mattheis - F1Mania (19 de agosto de 2009). «Lika In-Loko: Mulheres na F1 - um resgate feminino». Consultado em 22 de abril de 2010. Arquivado do original em 13 de outubro de 2009 
  17. «María de Villota, uma mulher na Fórmula 1». MSN. 22 de agosto de 2011 
  18. Grande Prêmio (19 de setembro de 2002). «"Mal posso esperar", diz Sarah Fisher» (em português). Consultado em 23 de abril de 2010 [ligação inativa] 
  19. Redação Terra (22 de novembro de 2005). «Mulher bate carro de Fórmula 1 na Itália» (html). Terra 
  20. «Mulher encerra testes e espera voltar a guiar F-1» (html). Terra. 23 de novembro de 2005 
  21. «Maria De Villota, piloto de testes da Marussia, sofre grave acidente». Pezzolo. 3 de julho de 2012. Consultado em 16 de setembro de 2012. Arquivado do original (html) em 3 de março de 2016 
  22. «Piloto de testes, María de Villota está consciente após acidente» (shtml). Folha de S. Paulo. 4 de julho de 2012. Consultado em 16 de setembro de 2012 
  23. «María de Villota encontrada morta em quarto de hotel em Sevilha». ESPNF1 
  24. «Williams terá esposa de sócio como piloto de desenvolvimento» (html). iG. 11 de abril de 2012. Consultado em 16 de setembro de 2012 
  25. «Mulher de acionista da Williams vira piloto de testes da equipe» (html). Terra. 11 de abril de 2012. Consultado em 16 de setembro de 2012 
  26. «Suíça é contratada pela Sauber e pode ser primeira mulher a disputar corrida de F-1 em 40 anos». clicrbs.com.br. 17 de fevereiro de 2014. Consultado em 18 de março de 2014 
  27. Ben Anderson (2 de outubro de 2014). «Sauber F1 team says it had no choice on Simona de Silvestro». Autosport. Consultado em 25 de março de 2017 
  28. Pablo Vande Rusten (9 de março de 2017). «Tatiana Calderón: "Há cada vez mais mulheres no automobilismo"». EL PAÍS Brasil. Consultado em 25 de março de 2017 
  29. Jamie Klein (28 de fevereiro de 2017). «Sauber assina com Tatiana Calderón». Motorsport. Consultado em 25 de março de 2017 
  30. Colombiana Tatiana Calderón é anunciada como piloto de testes da Sauber - Globo Esporte, 6 de março de 2018
  31. Sauber promove Tatiana Calderón a piloto de testes - Gazeta Esportiva, 6 de março de 2018
  32. Jean-François Bouzanquet. «Fast Ladies: Female Racing Drivers 1888 to 1970». Consultado em 23 de abril de 2010 
  33. GP Total. «Números (parte final)» (em português). Consultado em 23 de abril de 2010