Nazaré

capital do distrito Norte, Israel
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 Nota: Para outros significados, veja Nazaré (desambiguação).

Nazaré (em hebraico: נָצְרַת; romaniz.:Náẓərat; em hebraico tiberiano: Nāṣəratṯ; em árabe: الناصرة; an-Nāṣira ou an-Naseriyye) é a capital e maior cidade do distrito Norte de Israel. Também funciona como uma capital árabe para os cidadãos árabes de Israel que constituem a vasta maioria da população local.[2] No Novo Testamento, a cidade é descrita como local de nascimento de Maria, mãe de Jesus e onde o mesmo passou sua infância, e por este motivo é um centro de peregrinação cristã, com muitos santuários celebrando as associações bíblicas.

Nazaré

Vista panorâmica da cidade de Nazaré
Hebraico נָצְרַת (Náẓərat)
Árabe الناصرة (an-Nāṣira)
Governo Cidade
Distrito
Coordenadas 32° 42′ N, 35° 18′ L
População 72 200[1]
Área metropolitana: 185 000
Prefeito Ramiz Jaraisy
Website www.nazarethinfo.org

Etimologia editar

Desde o tempo de Eusébio de Cesareia, porém, até o século XX especula-se que a etimologia de Nazaré deriva de netser, um "ramo" ou "broto", enquanto o Evangelho de Felipe (apócrifo) deriva o nome de nazara, que significa "verdade".[3]

Geografia e população editar

 
Um bairro de Nazaré ao pôr-do-sol

A Nazaré moderna está sobre em um platô, a cerca de 350m acima do nível do mar, situada entre em meio aos montes de 1 600 pés que formam a parte mais ao sul da cadeia de montanhas do Líbano.[4] Está a cerca de 25 km do Mar da Galileia e a cerca de 9 km a oeste do monte Tabor.

De acordo com o Escritório Central de Estatísticas de Israel, Nazaré tem uma população de aproximadamente 65 000 (em 2005). A imensa maioria de seus residentes são cidadãos árabes de Israel, dos quais 31,3% são cristãos e 68,7% são muçulmanos.[5] Nazaré forma uma área metropolitana com os conselhos locais de Yafa an-Naseriyye ao sul, Reineh, Mashhad e Kafr Kanna ao norte, Iksal e a cidade adjacente de Nazaré Illit ao leste e Elot ao oeste. Juntas, elas formam a região metropolitana de Nazaré, que tem uma população de aproximadamente 185.000, dos quais mais de 145.000 são árabes.[6]

História editar

História antiga e evidência arqueológica editar

A pesquisa arqueológica revelou um centro funerário e religioso em Kfar HaHoresh, a cerca de duas milhas de Nazaré, datado como tendo aproximadamente 9 000 anos (correspondendo ao período que é conhecido como Neolítico pré-cerâmica B).[7] Os restos de 65 indivíduos foram encontrados, enterrados sob imensas estruturas horizontais de pedra, algumas das quais chegam a 3 toneladas de gesso branco produzido no próprio local. Caveiras humanas ornamentadas que foram descobertas no local levaram os arqueólogos a acreditar que Kfar HaHoresh foi um importante centro de culto naquela era remota.[8]

Chad Emmet é autor de um estudo sociológico sobre a Nazaré moderna intitulado "Além da Basília: cristãos e muçulmanos em Nazaré". Este livro tenta "compreender melhor como cristãos e muçulmanos conseguiram viver juntos por séculos em uma relativa paz, numa região conhecida por seus conflitos étnicos e religiosos, e determinar até que ponto eles permaneceram segregados em bairros diferentes de acordo com suas religiões."[9] Emmet afirma que as escavações arqueológicas na vizinhança das atuais Basílica da Anunciação e Igreja de São José revelaram pedaços de cerâmica da Idade do Bronze (2 200 a 1 500 a.C.) e artefatos, silos e moinhos da Idade do Ferro (1 500 a 586 a.C.).[10] Entretanto, escavações conduzidas antes de 1931 na área venerada pelos franciscanos não revelaram "nenhum traço de colonização romana ou grega" ali,[11] e, de acordo com estudos feitos entre 1955 e 1990, nenhuma evidência arqueológica dos períodos assírio, babilônio, persa, helênico ou do início do período romano foi encontrada.[12][13] Bagatti, o principal arqueólogo nos sítios venerados em Nazaré, desenterrou grandes quantidades de artefatos do final do período romano e do período bizantino,[14] o que assegura a indiscutível presença humana ali do século II em diante.

Emmet também afirma que "casas e sepulturas feitas de pedra construídas sobre cavernas, naturais ou escavadas na rocha, também foram encontradas, e que datariam da era romana (63 a.C. - 324 d.C.).""[15] No entanto, a afirmação costumeira de que os Nazarenos eram trogloditas (ou seja, viviam em cavernas) é impossível, pois "as cavernas da Galileia são úmidas e molhadas de dezembro a maio, e só poderiam ser usadas durante o verão e o outono."[16]

Finalmente, Emmet afirma que "Sob o espectro dos dados arqueológicos, especula-se que os primeiros habitantes de Nazaré possam ter sido os cananeus, depois os israelitas e judeus da Galileia."[15] De fato, os habitantes da região na Idade do Bronze devem ter sido cananeus, mas a falta de evidência arqueológica mostra que a presença israelita na bacia ainda não foi substanciada.

James Strange, um arqueólogo americano, ressalta que “Nazaré não é mencionada nas fontes antigas judaicas antes do século III. Isto provavelmente reflete a sua falta de proeminência tanto na Galileia como na Judeia.”[17] Strange primeiro estimou a população de Nazaré na época de Cristo como de “aproximadamente 1600 a 2000 pessoas”, e, numa publicação subsequente, em um máximo de 480 pessoas.[18]

Alguns historiadores sugeriram que a ausência de referências textuais a Nazaré no Velho Testamento e no Talmude, assim como nas obras de Josefo, sugeririam que uma cidade chamada 'Nazaré' nem mesmo existia nos dias de Jesus.[19]

Muitos autores supõem que a antiga Nazaré foi construída em uma encosta, como era exigido pelas escrituras: "[E levaram Jesus] ao topo do monte no qual a cidade fora construída, para que o pudessem arremessar para baixo" (Lucas 4:29). O monte em questão, no entanto, o Nebi Sa'in, é muito íngreme para as antigas moradias.[20] Bagatti mostrou, no entanto, que esta área foi claramente usada para tumbas e trabalhos de agricultura nas Idades do Bronze e do Ferro, assim como na segunda metade da ocupação romana.[21]

Na metade dos anos 1990, um lojista chamado Elias Shama descobriu túneis sob sua loja, próxima ao Poço de Maria em Nazaré. Os túneis foram identificados como sendo o hipocausto de uma terma. O sítio ao redor foi escavado nos anos de 1997 e 1998 por Y. Alexandre, e os restos arqueológicos expostos foram estabelecidos como datando dos períodos dos romanos, cruzados, mamelucos e otomanos.[22][23][24]

Uma tabuleta que está atualmente na Biblioteca Nacional de Paris, datada de 50 d.C., foi enviada de Nazaré para Paris em 1878. Ela contém uma inscrição conhecida como a "Ordenança de César", que prescreve a pena de morte para aqueles que violarem tumbas e sepulturas. No entanto, suspeita-se que esta inscrição tenha vindo de Nazaré de algum outro lugar (possivelmente Séforis). Bagatti escreve: “Não temos certeza de que ela foi encontrada em Nazaré, ainda que ela tenha vindo de Nazaré para Paris. Em Nazaré viviam vários vendedores de antiguidades, que conseguiam material antigo de diversos lugares.”[25] C. Kopp é mais definitivo: "Deve-se aceitar com certeza que a [Ordinância de César]... foi trazida ao mercado de Nazaré por mercadores de fora."[26] Jack Finegan descreve outras provas arqueológicas relacionadas ao povoamento da região de Nazaré durante as Idades do Bronze e do Ferro, e acrescenta que "Nazaré era um povoado fortemente judaico no período romano."[27] A questão crítica agora sob o ponto de vista do debate acadêmico é de quando no período romano Nazaré veio a existir, ou seja, se os assentamentos lá começaram antes ou depois do ano 70 d.C. (primeira guerra judaico-romana).[28]

Referências bíblicas editar

 
Poço de Maria - este santuário, celebrando a Virgem Maria, é um símbolo de Nazaré localizado em uma antiga fonte.

De acordo com o Novo Testamento, Nazaré era a terra natal de José e Maria, e o local da Anunciação, quando Maria foi informada pelo anjo Gabriel que teria Jesus como seu filho. Nazaré é também o local onde Jesus passou parte de sua vida, desde quando voltou do Egito em algum ponto de sua infância até os seus 30 anos.

Em João 1:46, Natanael pergunta: "Pode algo de bom sair de Nazaré?" O sentido desta questão tem sido debatido. Alguns analistas sugerem que isto significaria apenas que Nazaré era muito pequena e pouco importante. Mas outros dizem que a questão não se refere ao tamanho de Nazaré e sim à sua "bondade". Na verdade, Nazaré era vista com hostilidade pelos evangelistas, pois os habitantes da cidade não acreditavam em Jesus (vide Rejeição de Jesus em sua cidade) e «ele não poderia fazer sua obra poderosa lá» (Marcos 6:5). Em todos os evangelhos pode-se ler o famoso dito, "Um profeta só não é respeitado em seu próprio país, entre sua própria gente, e em seu próprio lar" (Mateus 13:57; Marcos 6:4; Lucas 4:24; João 4:44) Em uma passagem, os nazarenos até mesmo tentam matar Jesus jogando-o de um penhasco (Lucas 4:29). Muitos acadêmicos, desde W. Wrede (em 1901)[29] notaram que o assim-chamado "segredo messiânico", através do qual a verdadeira natureza e missão de Jesus passariam despercebidos por tantos, incluindo seu estreito círculo de discípulos (Marcos 8:27–33; cf. apenas aqueles para quem o Pai revelar Jesus serão salvos, João 6:65, João 17:6–9 etc.). Assim, a questão de Natanael está consistente com a visão negativa de Nazaré nos evangelhos canônicos e com o fato de que até mesmo os irmãos de Jesus não acreditavam nele (João 7:5).

Referências extra-bíblicas editar

Referências textuais fora da Bíblia não ocorrem até cerca de 200 d.C., quando Sexto Júlio Africano, citado por Eusébio de Cesareia[30]), menciona “Nazara” como sendo uma vila na "Judeia" e a localiza perto de uma “Cochaba”, até agora não identificada. Esta curiosa descrição não bate com a tradicional localização de Nazaré na Baixa Galileia.[31] Na mesma passagem Africano escreve sobre os desposyni, irmãos de Jesus, que ele afirma "terem mantido os registros de sua descendência com grande cuidado". Textos posteriores mencionando Nazaré incluem um do século X que fala de um certo mártir chamado Conon que teria morrido na Panfília durante o reinado de Décio (249-251), e declarou em seu julgamento: "Pertenço à cidade de Nazaré na Galileia e sou parente de Cristo, a quem sirvo, como meus antepassados fizeram."[32] Este Conon é tido como legendário.[33]

Em 1962 uma inscrição em hebraico descoberta em Cesareia, datando do final do século III ou início do século IV, menciona Nazaré como um dos lugares no qual a família de sacerdotes de Hapizés residiu após a revolta de Barcoquebas (132-135 d.C.)[34] Dos três fragmentos que foram encontrados, é possível mostrar que a inscrição era uma lista completa de vinte e quatro linhagens sacerdotais (cf. I Crônicas 24:7–19; Neemias 11:12), com cada linhagem (ou família) tendo sido designada sua ordem apropriada e o nome de cada uma das cidades ou vilas na Galileia onde se assentaram. Um aspecto interessante dessa inscrição é que o nome de Nazaré não está grafado com o "z" (como se esperaria dos Evangelhos em grego) mas com o tsade hebraico ("Nasareth" ou "Natsareth").[35]

Epifânio escreve em seu Panarion (c. 375 d.C.)[36] sobre um certo conte José de Tiberíades, um judeu rico, já de idade avançada, que se converteu ao cristianismo na época de Constantino I. O conde José afirmava que quando jovem teria construído igrejas em Séforis e outras cidades habitadas unicamente por judeus.[37] Nazaré foi mencionada, embora a grafia não esteja clara. [38] De qualquer maneira, Joan Taylor escreve: "É possível concluir agora que existiu em Nazaré, a partir da primeira parte do século IV, uma igreja pequena e incomum que abrangia um complexo de cavernas."[39] A cidade foi judaica até o sécuo VI.[40]

No século VI diversas lendas sobre a Virgem Maria começaram a despertar interesse no local entre peregrinos, que fundaram a Igreja da Anunciação no sítio de uma fonte de água fresca, conhecida hoje como o Poço de Maria. Em 570, o Anônimo de Piacenza relata viagens de Séforis a Nazaré e se refere à beleza das mulheres hebreias dali, que afirmavam que a Santa Maria era sua parente, e registra: "A casa de Santa Maria é uma basílica."[41]

São Jerônimo, escrevendo no século V, diz que Nazaré era um viculus, uma mera vila. A cidade judaica lucrava com o comércio gerado pela peregrinação cristã que começou no século IV, mas as hostilidades anticristãs latentes eclodiram em 614, quando os persas invadiram a Palestina. Naquela época, os habitantes judeus de Nazaré ajudaram os persas a matar os cristãos da terra.[42] Quando o imperador bizantino Heráclio expulsou os persas da Palestina em 630, escolheu Nazaré para uma punição especial. Neste momento a cidade deixou de ser judia.

Domínio islâmico editar

A conquista muçulmana da Palestina no ano de 637 d.C. durante o início do período medieval eventualmente levou à Primeira Cruzada, que começou com um longo período de conflitos. O controle sobre a Galileia e Nazaré mudou frequentemente de mãos durante este período, com o impacto subsequente na constituição religiosa da população.

No ano de 1099 o cruzado Tancredo capturou a Galileia e estabeleceu sua capital em Nazaré. A antiga diocese de Citópolis foi transferida para o Arcebispo de Nazaré. A cidade voltou ao controle muçulmano em 1187, depois da vitória de Saladino na Batalha de Hatim.

O controle cristão da área foi retomado em 1229 como parte dos eventos da Sexta Cruzada, mas terminou em 1263 com a destruição de todos os prédios cristãos pelo sultão Baibars e a expulsão da população cristã até que Fakhr-al-Din II permitisse o seu retorno em 1620.

1947-1948 editar

 
Loja de recordações próxima à Basílica da Anunciação

Nazaré estava no território designado ao estado árabe de acordo com o Plano das Nações Unidas para a partilha da Palestina[43] A cidade não se tornou um campo de batalha durante a Guerra árabe-israelense antes da primeira trégua em 11 de junho, embora alguns dos habitantes tivessem aderido aos desorganizados exércitos camponeses de resistência, e tropas do Exército Árabe de Liberação entraram em Nazaré. Durante os dez dias de batalha que ocorreram entre a primeira e a segunda tréguas, Nazaré se rendeu a tropas israelenses em 16 de julho de 1948, durante a Operação Dekel, oferecendo apenas uma resistência mínima. A rendição foi formalizada em um acordo escrito, no qual os líderes da cidade concordaram em cessar as hostilidades em troca de garantias dos oficiais israelenses, incluindo o Comandante de Brigadas, Ben Dunkelman, líder da operação, de que nenhum dano seria infligido aos civis da cidade. Algumas horas mais tarde o Ramatcal Chaim Laskov ordenou a Dunkelman que evacuasse a população civil de Nazaré. Dunkelman se recusou a obedecer estas ordens. Em grande contraste com o que ocorreu nas cidades vizinhas, os habitantes árabes de Nazaré nunca foram expulsos. [44]

Eventos atuais editar

Os preparos para a visita do Papa a Nazaré no ano 2000 despertou tensões altamente divulgadas com relação à Basília da Anunciação. A permissao concedida em 1997 para a construção de uma praça pavimentada que pudesse receber os milhares de peregrinos cristãos esperados na ocasião do novo milênio causou protestos entre os muçulmanos e a ocupação do lugar sugerido para a praça, considerado como a sepultura de um sobrinho de Saladino. O local era a sede de uma escola construída sob o domínio otomano; chamada de Al-Harbyeh (que significa 'Militar' em árabe), a escola era recordada por muitos dos habitantes mais antigos de Nazaré, e em seu sítio continuavam a funcionar o santuário de Shihab-Eddin e diversas lojas de propriedade da waqf (entidade que administra as propriedades da coletividade islâmica).

A discussão inicial entre as diferentes facções políticas da cidade (representadas no concelho local) girava em torno de onde as fronteiras do santuário e das lojas começariam e onde terminariam. A aprovação inicial do governo de planos subsequentes para a construção de uma grande mesquita no local gerou protestos dos líderes cristãos ao redor do mundo, que continuaram depois da visita papal. Finalmente, em 2002, uma comissão especial do governo interrompeu permanentemente a construção da mesquita.[45][46] Em março de 2006 protestos públicos que se seguiram à interrupção de uma missa de Quaresma por um judeu israelense e sua mulher e filha cristãs detonaram aparatos incendiários dentro da igreja,[47] e demoliram um muro temporário que havia sido ereto em torno da praça pública, terminando assim toda a controvérsia mas esta nunca desapareceu totalmente.

Em 19 de julho de 2006 um foguete lançado pelo grupo militante xiita libanês Hizbollah como parte da Segunda Guerra do Líbano matou duas crianças em Nazaré. Nenhum dos lugares santos foram danificados.[48]

Um grupo de homens de negócio cristãos declarou em 2007 seus planos de construir a maior cruz do mundo (60m de altura) em Nazaré para celebrar a cidade da infância de Jesus Cristo.[49]

O time de futebol de Nazaré, Maccabi Akhi Nazareth, joga na Liga Artzit.

Economia editar

Em 2011, Nazaré teve mais de 20 empresas árabes de propriedade de alta tecnologia, principalmente na área de desenvolvimento de software. De acordo com o jornal Haaretz a cidade tem sido chamada de "Vale do Silício da comunidade árabe", tendo em conta o seu potencial neste domínio.[ligação inativa]</ref>

Israel Military Industries emprega "cerca de 300" pessoas em Nazaré para a fabricação de munições

Esportes editar

Principal clube de futebol da cidade, Ahi Nazareth, atualmente joga na Liga Leumit, a segunda divisão do futebol israelense. O clube passou duas temporadas no primeira divisão, na temporada de 2003-04 e novamente em 2009-10. Eles são baseados no Ilut Stadium na cidade vizinha Ilut. Outros clubes locais são Al-Nahda Nazaré, atualmente joga no Liga Bet, Beitar al-Amal Nazaré, Hapoel Bnei Nazaré e Hapoel al-Ittihad Nazaré todos jogam na Liga Gimel.

Santuários religiosos editar

 
O minarete da Mesquita Branca e a torre do relógio ao lado da Igreja da Anunciação, vistos do Velho Mercado de Nazaré

Em Nazaré estão inúmeras igrejas, que são suas principais atrações turísticas. As mais importantes celebram eventos bíblicos.

Pontos de vista contrários editar

Alguns historiadores colocaram em dúvida a tradicional associação da cidade com a vida de Jesus, sugerindo que o que era originalmente um título, Nazareno, acabou se transformando no nome de sua cidade natal. Alfred Loisy, por exemplo, em O Nascimento do Cristianismo, afirma que Iesous Nazarene não significava "de Nazaré", mas sim que seu título era "Nazareno".

  • Além isso, existem indicações bíblicas de que Nazareno foi uma tradução imprecisa de "nazarita", uma pessoa que havia feito um voto de santidade e, assim, se separava das massas. Mateus 2:23 afirma sobre Jesus que "E ele veio e morou numa cidade chamada Nazaré: para que se cumpra o que foi dito pelos profetas, Ele será chamado de Nazareno." Como não existem menções anteriores a 'Nazaré' nas Escrituras, diversas bíblias de referência sugerem que a profecia citada neste versículo está se referindo ao versículo do Livro dos Juízes que descreve Sansão como um nazarita.

Frank Zindler, editor da American Atheist Press, afirma que Nazaré não existia no século I[50] Seus argumentos incluem:

  • Nenhum "historiador ou geógrafo da Antiguidade menciona Nazaré antes do início do século IV."[51]
  • Nazaré não é mencionada no Antigo Testamento, no Talmude, nem nos Evangelhos apócrifos ou na literatura rabínica.
  • Nazaré não foi incluída na lista de lugares colonizados pelas tribos de Zebulom (Josué 19:10–16), que menciona doze cidades e seis aldeias.
  • Nazaré não consta entre as 45 cidades da Galileia mencionadas por Josefo (37-100 d.C.).
  • Nazaré também não se encontra entre as 63 cidades da Galileia mencionadas no Talmude.

O ponto de vista de Zindler é historicamente plausível se Nazaré tiver vindo a existir na mesma época em que o os Evangelhos do Novo Testamento estivessem sendo escritos e redigidos. A maioria dos estudiosos situa esta atividade literária entre as duas guerras judaicas (70-132 d.C.).

Cidades-irmãs editar

Nazaré possui as seguintes cidades-gémeas:

Ver também editar

Referências

  1. cbs.gov
  2. Laurie King-Irani (primavera de 1996). «Review of "Beyond the Basilica: Christians and Muslims in Nazareth"». Journal of Palestine Studies. pp. 103–105 
  3. GosPh 56.12; 62.8, 15; 66.14. Ver J. Robinson (ed.), The Nag Hammadi Library in English, Harper & Row 1977, pp. 131-151.
  4. Mariam Shahin (2005). Palestine: A Guide. [S.l.]: Interlink Books. p. 171 
  5. «Cópia arquivada» (PDF). Consultado em 6 de dezembro de 2007. Arquivado do original (PDF) em 5 de setembro de 2012 
  6. [1] Localidades israelenses com populações de 1000 ou superiores.
  7. Goring-Morris, A.N. “The quick and the dead: the social context of Aceramic Neolithic mortuary practices as seen from Kfar HaHoresh.” In: I. Kuijt (ed.), Social Configurations of the Near Eastern Neolithic: Community Identity, Hierarchical Organization, and Ritual (1997).
  8. «Pre-Christian Rituals at Nazareth». Archaeology: A Publication of the Archaeological Institute of America. Novembro–dezembro de 2003 
  9. Chad Fife Emmett (1995). Beyond the Basilica:Christians and Muslims in Nazareth. [S.l.]: University of Chicago Press. p. 16. ISBN 0226207110 
  10. Chad Fife Emmett (1995). Beyond the Basilica:Christians and Muslims in Nazareth. [S.l.]: University of Chicago Press. p. 15. ISBN 0226207110 
  11. R. Tonneau, Revue Biblique XL (1931), p. 556. Reafirmado por C. Kopp (op. cit., 1938, p. 188).
  12. C. Kopp, “Beiträge zur Geschichte Nazareths.” Journal of the Palestine Oriental Society, vol. 18 (1938), p. 188. F. Fernandez, Ceramica Comun Romana de la Galilea. Madrid: Ed. Biblia y Fe, 1983, p. 63. N. Feig, “Burial Caves in Nazareth,” ‘Atiqot 10 (1990), pp. 67-79 (hebraico).
  13. B. Bagatti, “Ritrovamenti nella Nazaret evangelica.” Liber Annuus 1955, pp. 5-6, 23. B. Bagatti, “Nazareth,” Dictionnaire de la Bible, Supplement VI. Paris: Letouzey et Ané, 1960, col. 318. Bagatti, B. Excavations in Nazareth Jerusalem: Franciscan Printing Press, vol. 1 (1969), pp. 254, 319. “Nazareth” in Encyclopedia Judaica, New York: Macmillan, 1972, col. 900.
  14. B. Bagatti, Excavations in Nazareth, vol. 1 (1969), pp. 272-310.
  15. a b Chad Fife Emmett (1995). Beyond the Basilica:Christians and Muslims in Nazareth. [S.l.]: University of Chicago Press. p. 16. ISBN 0226207110 
  16. M. Aviam, Jews, Christians and Pagans in the Galilee. Rochester: University Press, 2004, p. 90.
  17. Article “Nazareth” in the Anchor Bible Dictionary. New York: Doubleday, 1992.
  18. E. Meyers & J. Strange, Archaeology, the Rabbis, & Early Christianity Nashville: Abingdon, 1981; Article “Nazareth” in the Anchor Bible Dictionary. New York: Doubleday, 1992.
  19. T. Cheyne, “Nazareth.” Encyclopedia Biblica. London: Adam and Charles Black, 1899, Col. 3360. R. Eisenman, James the Brother of Jesus. New York: Penguin Books, 1997, p. 952. F. Zindler, The Jesus the Jews Never Knew New Jersey: American Atheist Press, 2003, pp. 1-2.
  20. B. Bagatti, Excavations in Nazareth, Plate XI, top right.
  21. B. Bagatti, Excavations in Nazareth, pp. 237-310.
  22. Alexandre, Y. “Archaeological Excavations at Mary’s Well, Nazareth,” Israel Antiquities Authority bulletin, May 1, 2006.
  23. Cook, Jonathon (22 de outubro de 2003). «Is This Where Jesus Bathed?». The Guardian 
  24. Cook, Jonathan. (17 de dezembro de 2002). «Under Nazareth, Secrets in Stone.» Verifique valor |url= (ajuda). International Herald Tribune. [ligação inativa]
  25. Bagatti, B. Excavations in Nazareth, vol. 1 (1969), p. 249.
  26. C. Kopp, “Beiträge zur Geschichte Nazareths.” Journal of the Palestine Oriental Society, vol. 18 (1938), p. 206, nº 1.
  27. A Arqueologia do Novo Testamento, Universidade de Princeton Press: Princeton, 1992: pages 44-46.
  28. Zindler, F. "Where Jesus Never Walked," American Atheist, Winter 1996-97, p. 35.
  29. W. Wrede, Das Messiasgeheimnis in der Evangelien(1901)
  30. «7.14». História Eclesiástica. The Alleged Discrepancy in the Gospels in regard to the Genealogy of Christ. (em inglês). I. [S.l.: s.n.]  |nome1= sem |sobrenome1= em Authors list (ajuda) - "Alguns dos mais cuidadosos, no entanto, tendo obtido seus próprios registros privados, seja por lembrar os nomes ou conseguindo-os de alguma outra nos registros, se orgulham de preservar a memória de sua nobre extração. Entre estes estão alguns dos já mencionados, chamados desposyni, devido à sua conexão com a família do Salvador. Vindos de Nazara e Cochaba, vilas da Judeia, em outras partes do mundo desenharam a sua mencionada genealogia de memória e do livro de registros da maneira mais fiel que puderam."
  31. Diversas possíveis "Cochabas" têm sido identificadas: uma a quinze quilômetros norte de Nazaré (no outro lado do Séforis); outra na região de Bashan (ao leste do rio Jordão); e mais duas perto de Damasco. Ver J. Taylor, Christians and the Holy Places. Oxford: 1993, pp. 36-38 (com mapa).
  32. Clemens Kopp, Die heiligen Stätten der Evangelien [Os Lugares Santos dos Evangelhos]. Regensburg: Friedrich Pustet, 1959, p. 90.
  33. Joan Taylor, Christians and the Holy Places. Oxford: 1993, p. 243.
  34. Supõe-se frequentemente que os Hapizés foram a Nazaré depois da Grande Revolta Judaica (70 d.C.), mas R. Horsley apontou que "a data de seu retorno à cidade pode ter sido no segundo (ou até mesmo no terceiro) século [d.C.]." História e Sociedade na Galileia, 1996. Foi em 131 d.C. que o imperador romano Adriano proibiu os judeus de residirem em Jerusalém (Aélia Capitolina na época), forçando-os a outro lugar.
  35. M. Avi-Yonah. "A List of Priestly Courses from Caesarea." Israel Exploration Journal 12 (1962):138.
  36. Pan. I.136. Panarion em grego.
  37. Pan. 30.4.3; 30.7.1.
  38. Compare Pan.30.11.10 and 30.12.9. (Migne Patrologia Latina vol. 41:426-427; Williams, F. The Panarion of Epiphanius of Salamis, Livro I. E. J. Brill 1987, pp. 128-29).
  39. Taylor, J. Christians and the Holy Places. Oxford: Clarendon Press, 1993, p. 265.
  40. Taylor 229, 266; Kopp 1938:215.
  41. p. Geyer, Itinera Hierosolymitana saeculi, Lipsiae: G. Freytag, 1898: pág 161.
  42. C. Kopp, “Beiträge zur Geschichte Nazareths.” Journal of the Palestine Oriental Society, vol. 18 (1938), p. 215. Kopp está citando o escritor egípcio Eutíquio de Alexandria (Eutychii Annales na Patrologia Graeca de Migne, vol. 111 p. 1083).
  43. Plano de partição de Palestina - mapa.
  44. "Truth Whereby Nations Live", por Peretz Kidron. In SAID, Edward e HITCHENS, Christopher (orgs.) (1988). Blaming the Victims. [S.l.]: Verso Books. p. 86-87 
  45. «Final Bar on Controversial Nazareth Mosque». Catholic World News. 4 de março de 2002 
  46. «Nazareth mosque will not be built next to the Basilica of the Annunciation». Israel Insider. 4 de março de 2002. Consultado em 6 de dezembro de 2007. Arquivado do original em 14 de outubro de 2007 
  47. «Thousands of Israeli Arabs protest attack». USA Today. 4 de março de 2006 
  48. «Rocket attacks kill two Israeli Arab children». Reuters. 19 de julho de 2006 
  49. Christian Today Magazine
  50. Zindler, F. "Where Jesus Never Walked," American Atheist, Winter 1996-97, pp. 33-42.[2]
  51. Zindler, F. "Where Jesus Never Walked," American Atheist, Winter 1996-97, p. 34.[3]

Ligações externas editar

 
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