Neoclassicismo

movimento artístico
(Redirecionado de Neoclássica)

O neoclassicismo foi um movimento cultural nascido na Europa Ocidental em meados do século XVIII, que teve larga influência na arte e cultura de todo o ocidente até meados do século XIX. Teve como base os ideais do iluminismo e um renovado interesse pela cultura da Antiguidade Clássica, advogando os princípios da moderação, equilíbrio e idealismo como uma reação contra os excessos decorativistas e dramáticos do Barroco.

O Juramento dos Horácios, uma das obras mais conhecidas e influentes da escola neoclássica
por Jacques-Louis David, 1784, Museu do Louvre

Contexto e caracterização geral

editar

Os primeiros sinais do neoclassicismo se fazem notar em vários pontos da Europa nas primeiras décadas do século XVIII, embora desde já se deva advertir que a cronologia dos estilos é sempre muito polêmica, e seus limites, muito imprecisos. O neoclassicismo, como o nome indica, foi um movimento cultural revivalista, que voltou-se para a Antiguidade Clássica — a Grécia e a Roma Antigas — como a principal referência estética e modelo de vida. Considerava-se há muito tempo que a tradição clássica — onde se incluía a cultura renascentista, também um revivalismo classicista — era imbuída de grande autoridade moral e estética, e por isso era um modelo ideal. De fato, a "volta aos clássicos" é um fenômeno recorrente na história da cultura do ocidente.[1][2][3][4][5]

 
Terpsichore: uma típica obra rococó, por François Boucher, 1739
 
A escavação do Templo de Ísis em Pompeia, ilustração de Pietro Fabris no tratado Campi Phlegraei (1776) de William Hamilton
 
As três graças ouvindo a canção de Cupido, uma obra exemplar da estética neoclássica por Bertel Thorvaldsen, Museu Thordvaldsen, Copenhague

Uma série de fatores se conjugaram para que em meados do século XVIII houvesse nascido uma nova corrente classicista, nítida e influente, centralizada em Roma, convivendo com e combatendo as últimas manifestações do Barroco e do Rococó. Dois fatores foram principais: em primeiro lugar, o esgotamento da fórmula barroca e a condenação do que se viu nela como excessos, peso, decorativismo fútil, falta de decoro e irregularidade, acompanhado por um crescente interesse pela Antiguidade clássica de modo geral, com seus valores de racionalismo, modéstia, equilíbrio, harmonia, simplicidade formal, idealismo e desapego do luxo. Em segundo, o neoclassicismo está intimamente ligado ao declínio da influência da religião e à ascensão dos ideais do iluminismo, que tinham base no racionalismo, combatiam as superstições e dogmas religiosos, e enfatizavam o aperfeiçoamento pessoal e o progresso social dentro de uma forte moldura ética. Os valores clássicos permaneceram uma forte referência nas academias de arte e de ciências mesmo durante o Barroco, o estilo anticlássico por excelência.[1][2][6][7][8][9][5]

Também foi inestimável a contribuição de acadêmicos e antiquários como Robert Wood, John Bouverie, James Stuart, Robert Adam, Giovanni Battista Borra e James Dawkins, que publicaram a partir do século XVIII vários relatos detalhados e ilustrados de expedições arqueológicas, sendo especialmente influentes o tratado de Bernard de Montfaucon, L'Antiquite expliquée et representée en figures (1719-24), fartamente ilustrado e com textos paralelos em línguas modernas, não apenas no latim como era o costume acadêmico, e o do Conde de Caylus, Recueil d'antiquités (1752-67), o primeiro a tentar agrupar as obras de arte da Antiguidade clássica segundo critérios de estilo e não de gênero, abordando também as antiguidades celtas, egípcias e etruscas.[1][2][10] Os escritos de Johann Joachim Winckelmann - um erudito alemão de grande influência entre os intelectuais italianos e alemães, incluindo Goethe, e muitas vezes considerado o principal mentor teórico do movimento - enalteceram ainda mais a arte grega, e vendo nela uma "nobre simplicidade e tranquila grandeza", apelou para que todos os artistas a imitassem, restaurando uma arte idealista que deveria ser despida de toda transitoriedade, aproximando-se do caráter do arquétipo. Seu apelo gerou sonora resposta. A história, literatura e mitologia antigas voltavam a ser a fonte principal de inspiração para os artistas, ao mesmo tempo em que eram reavaliadas outras culturas e estilos antigos como o gótico e as tradições folclóricas do norte europeu, produzindo uma heterogeneidade de tendências que tornam o estudo deste período por vezes bastante árduo.[11][10]

Acrescente-se a isso a descoberta de Herculano e Pompeia, duas antigas cidades romanas soterradas por uma erupção do Vesúvio, uma grande surpresa para os conhecedores e o público, tornando-se logo uma parada obrigatória no Grand Tour europeu e local de pesquisa para artistas e antiquários. Embora as escavações que começaram a ser realizadas nas ruínas em 1738 e 1748 não tenham encontrado grandes obras-primas, trouxeram para a luz uma quantidade de relíquias e artefatos que revelavam aspectos do cotidiano romano até então desconhecidos. Seguiram-se outras pesquisas sistemáticas da arte e cultura antiga, formaram-se importantes coleções públicas e privadas de arte e artefatos antigos e o "estilo grego" se tornava cada vez mais um favorito para os decoradores, estilistas de moda e arquitetos. Esses fatores contribuíram de forma importante para a educação de um maior público e para um alargamento da sua visão sobre o passado, estimulando uma nova paixão por tudo o que fosse antigo.[11][2][10]

Apesar de a arte clássica ser apreciada desde muito antes, segundo Cybele Gontar era-o de forma circunstancial e empírica, mas agora o apreço se construía sobre bases mais científicas, sistemáticas e racionais. Com essas descobertas arqueológicas e estudos teóricos tornou-se possível formar pela primeira vez uma cronologia da cultura e da arte dos gregos e romanos, distinguindo o que era próprio de uns e de outros, e fazendo nascer um interesse pela tradição puramente grega que havia sido ofuscada pela herança romana, ainda mais porque na época a Grécia estava sob domínio turco e por isso, na prática, era pouco acessível para os estudiosos e turistas do Ocidente cristão.[11][10]

 
A Morte de Marat, Jacques Louis David 1793, Museus Reais de Belas-Artes da Bélgica

O movimento teve também conotações políticas, já que a origem da inspiração neoclássica era a cultura grega e sua democracia, e a romana com sua república, com os valores associados de honra, dever, heroísmo, civismo e patriotismo. Como consequência, o estilo neoclássico foi adotado pelo governo revolucionário francês como arma ideológica contra o "luxo imoral" e a "afetação decadente" das elites, tipificadas na galante e hedonista arte Rococó, pondo de lado a "nobre simplicidade e tranquila grandeza" de Winckelmann e assumindo ares mais agressivos, dinâmicos, dramáticos e nitidamente propagandísticos, convocando a sociedade à mudança.[11][12] Teve o pintor Jacques-Louis David como seu campeão e assumiu os nomes sucessivos de estilo Diretório, estilo Convenção e mais tarde, sob Napoleão Bonaparte, estilo Império, influenciando outros países. Nos Estados Unidos, no tumultuado processo de conquista de sua própria independência, e inspirados no modelo da Roma republicana, o neoclassicismo se tornou um padrão patrocinado pelo governo, sendo conhecido como Estilo Federal. Entretanto, desde logo o neoclassicismo se tornou também um estilo cortesão, e em virtude de suas associações com o glorioso passado clássico, foi usado pelos monarcas e príncipes como veículo de propaganda para suas personalidades e feitos.[11][13][10]

O neoclassicismo conheceu seu ponto mais alto entre meados do século XVIII e as décadas iniciais do século XIX, quando Winckelmann fazia grande propaganda da cultura antiga e nas artes brilhavam Goethe, David, Haydn, Mozart e Canova, além de muitos outros. É uma das características deste período a coexistência do neoclassicismo com um outro movimento cultural também de larga influência: o romantismo. Ambos foram em muitos pontos estilos antitéticos, pois o romantismo tendia a enfatizar o drama, o movimento, a visão individual, o irracional, o misticismo e a emoção, mas por outro lado, não era inteiramente avesso à referência clássica nem ao idealismo, tendo nascido também sob influência do iluminismo. Muitas vezes será difícil distingui-los. Ao longo do século XIX ambas as escolas viriam a dialogar e se fundir cada vez mais, gerando o academicismo eclético, prosaico e sentimental do fim do século. No início do século XX o neoclassicismo - bem como o romantismo - havia sido suplantado pela estética modernista, embora continuasse a gerar frutos em algumas regiões.[14][13][15][16][10][12] Na década de 1980, cultivada pelos pós-modernos, uma forma atualizada de classicismo apareceu em cena com algum ímpeto, manifestando-se em várias formas de arte.[17]

Literatura

editar
 Ver artigo principal: Literatura do neoclassicismo

Os textos empregam linguagem clara, sintética, gramaticalmente correta e nobre. A forma liberta-se um pouco do rigor do classicismo anterior. A principal expressão do movimento na literatura é o arcadismo, manifestado na Itália, em Portugal e no Brasil.

Na França, os novos ideais iluministas são a base dos textos. Os principais autores são Montesquieu (1689-1755) e Voltaire (1694-1778). O primeiro é autor, entre outras, da obra Do Espírito das Leis. Voltaire experimenta vários gêneros: tragédia (A Morte de César), poesia (Discurso sobre o Homem), contos fantásticos (Zadig) e romance de fundo moral (Cândido, ou O Otimismo). No final do século, uma visão crítica da aristocracia é dada por Choderlos de Laclos (1741-1803), em As Relações Perigosas, e pelos romances eróticos do Marquês de Sade (1740-1814) e de Restif de la Bretonne (1734-1806). Na Inglaterra destacam-se Robinson Crusoe, de Daniel Defoe (1660-1731), e As Viagens de Gulliver, de Jonathan Swift (1667-1745).

A sua principal expressão na literatura, o arcadismo, foi um movimento literário que buscava basicamente a simplicidade, oposto à confusão e do retrocedimento Barroco. Retrata a vida pastoril e harmônica do campo. As referências clássicas voltam, e as obras são recheadas de seres da mitologia grega. Porém se observa que a mitologia, que era um acervo cultural concreto de Grécia, Roma e mesmo do Renascimento, agora se converte apenas num recurso poético de valor duvidoso. Também se destaca Éclogas de Virgílio e dos Idílios de Teócrito, obras clássicas que retratam a natureza harmônica, e por isso são os dois autores mais imitados pelos árcades.

Os árcades, ao contrário do Barroco, preferiam uma visão equilibrada do mundo. Sem exageros, sem conflitos, apenas a simplicidade.

Artes plásticas

editar
 Ver artigo principal: Academicismo

A arte neoclássica busca inspiração no equilíbrio e na simplicidade, bases da criação na Antiguidade. As características marcantes são o caráter ilustrativo e literário, marcados pelo formalismo e pela linearidade, poses escultóricas, com anatomia correta e exatidão nos contornos, temas "dignos" e clareza na composição. Sua sistematização era feita através do sistema conhecido como academicismo, que estabelecia uma série de normas práticas e teóricas para a produção da boa arte.

Nascendo como uma reação ao Barroco e ao Rococó, a arte neoclássica não foi apenas um movimento artístico, mas também cultural, que refletiu as mudanças que ocorriam na época marcadas pela ascensão da burguesia. Este estilo procurou expressar e interpretar os interesses, a mentalidade e os hábitos da burguesia manufatureira e mercantil da época da Revolução Francesa e do Império Napoleônico, mas também expressou muitos valores políticos e cívicos quando patrocinado pelo Estado.

Principais características do neoclassicismo nas artes plásticas

editar
  • formalismo e racionalismo.
  • retorno ao estilo greco-romano.
  • academicismo e técnicas apuradas.
  • culto à teoria de Aristóteles.
  • ideal da época: democracia.
  • na pintura, exatidão nos contornos, sobriedade nos ornamentos e no colorido, pinceladas que não marcavam a superfície, dando à obra um aspecto impessoal onde predominava o desenho sobre a cor
  • na escultura, preferência pelo mármore branco, considerado o mais nobre dos materiais.

Pintura

editar
 Ver artigo principal: Pintura do neoclassicismo
 
A Banhista de Valpinçon,
por Jean-Auguste Dominique Ingres, 1808, Museu do Louvre
 
Perseu com a cabeça da Medusa: um dos maiores ícones do neoclassicismo escultórico,
por Antonio Canova, c. 1800, Museus Vaticanos

Uma amostra de pintura neoclássica nesse período é O Juramento dos Horácios, do francês Jacques-Louis David. Nesta obra de temática inspirada na história da Roma Antiga, os valores estéticos da Antiguidade servem de veículo condutor a uma mensagem atual: cidadãos (homens livres), agarram em armas, ou seja, tomam nas suas mãos o poder sobre o futuro da nação. A obra fez furor no Salão de Paris em 1784. A pintura neoclássica de David dominou o panorama artístico francês durante quase meio século, fazendo com que ele, acima das contingências políticas, fosse o pintor oficial da Revolução Francesa e, depois, do regime de Napoleão Bonaparte. Outro pintor de destaque é Dominique Ingres, de A Banhista de Valpinçon.

Principais pintores
  • Dominique Ingres (francês, 1780-1867): Formado na oficina de David, permaneceu fiel aos postulados neoclássicos do seu mestre ao longo de toda a vida. Passou muitos anos em Roma, onde assimilou aspectos formais de Rafael e do maneirismo. Ingres sobreviveu largamente à época de predomínio do seu estilo, dado que morreu em 1867. A partir de 1830 opôs-se com veemência, da sua posição de académico, ao triunfo do romantismo pictórico representado por Delacroix. Ingres preferia os retratos e os nus às cenas mitológicas e históricas. Entre os seus melhores retratos contam-se Bonaparte Primeiro Cônsul, A Bela Célia, O Pintor Granet e A Condessa de Hassonville. Nos nus que pintou (A Grande Odalisca, O Banho turco e, sobretudo, A Banhista de Valpinçon) é patente o domínio e a graça com que se serve do traço. A sua obra mais conhecida é Apoteose de Homero, de desenho nítido e equilibrada composição.
Outros pintores

Escultura

editar
 Ver artigo principal: Escultura do neoclassicismo

Na escultura o movimento buscava inspiração no passado. A estatuária grega foi o modelo favorito pela harmonia das proporções, regularidade das formas e serenidade da expressão. Também foi menos ousada que a pintura e arquitetura de seu tempo. Entre os principais escultores destaca-se acima de todos o italiano Antonio Canova (1757-1822), que dominou a cena europeia durante sua maturidade com suas estátuas de heróis e figuras mitológicas, como Perseu com a cabeça da Medusa e Eros revive Psique com um beijo. Seu estilo tem um refinamento incomum, reconhecido por seus contemporâneos como insuperável, e como a mais perfeita encarnação dos ideais de Winckelmann. Outro grande nome e concorrente de Canova foi Bertel Thorvaldsen, autor de um celebrado Jasão com o Velo de Ouro.[18][19] Em muitos outros países o neoclassicismo inspirou grandes escultores, como Jean-Antoine Houdon, William Wetmore Story e Richard Westmacott[20][21][22]

Música

editar

O período compreendido entre meados do século XVIII e meados do século XIX – que, em outras artes, é designado como neoclássico – é conhecido, na música, como período clássico ou classicismo. Grosso modo, a segunda metade do século XVIII é marcada pela simplificação das estruturas musicais barrocas. A música se torna mais simples, passando de um estilo contrapontístico para outro, homofônico. Mozart e Haydn são os compositores mais representativos do auge desse estilo por sintetizaram os trabalhos de seus antecessores, dando forma definida à sonata, à música de câmara, ao concerto e à sinfonia. Já Beethoven é considerado o responsável pela transição do estilo clássico para o romântico.

Já o neoclassicismo na música se refere a um movimento um tanto difuso no século XX, notadamente entre 1920 e 1950, cuja principal figura foi Stravinski. Este, após um período identificado como primitivismo, ou "fase russa", passou a evocar a estética do século XVIII. Isso ocorreu principalmente a partir de seu balé Pulcinella (1920). Outros compositores do século XX podem ser reputados como neoclássicos - em geral aqueles que não buscaram uma estética atonal ou o exacerbado uso de dissonâncias e ruídos, mas que continuaram a compor segundo os parâmetros tonais dos séculos anteriores, ainda que, de alguma forma, renovados. Nesse período, a música erudita revive o final do século XVIII e início do século XIX. O neoclassicismo é, pois, basicamente, uma reação às inovações do modernismo alemão da primeira parte do século XX. Para os compositores neoclássicos, a Humanidade é essencialmente "diatônica" e "tonal". Eles lançam um olhar para o passado, para formas e concepções musicais históricas. Suas características composicionais mais notáveis ​​são, além do retorno à tonalidade e às formas convencionais (suíte de dança, concerto grosso, a forma sonata, etc), a volta à ideia de música absoluta, o uso de texturas musicais leves e a concisão da expressão musical. Uma obra representativa desse estilo é a Sinfonia n° 1 em ré maior, conhecida como Sinfonia Clássica, de Prokofiev, composta entre 1916 e 1917 e que lembra o estilo de Mozart e, principalmente, o de Haydn.

O balé neoclássico é a concepção da dança que se desenvolve ao mesmo tempo em que a música neoclássica, com os Ballets russes de Sergei Diaghilev. Sua proposta era tornar mais despojado, em termos de cenografia e narrativas, o estilo imperial russo do século XIX, embora mantendo a estética da sapatilha de ponta e a avançada técnica. O que resta é a dança em si, sofisticada mas, elegantemente moderna.

Arquitetura

editar
 Ver artigo principal: Arquitetura do neoclassicismo
 
Panteão de Paris, com uma fachada inspirada no modelo do templo greco-romano

A arquitetura neoclássica foi produto da reacção ao barroco e ao rococó, levada a cabo pelos novos artistas-intelectuais do século XVIII. Os arquitectos eram formados no clima cultural do racionalismo iluminista, com entusiasmo crescente pela civilização clássica, que se tornara mais conhecida e estudada devido aos progressos da arqueologia e da história.

Algumas características desse movimento artístico na arquitectura são:
  • Materiais nobres (pedra, mármore, granito, madeiras);
  • Processos técnicos avançados;
  • Sistemas construtivos simples;
  • Esquemas mais complexos, a par das linhas ortogonais;
  • Formas regulares, geométricas e simétricas;
  • Volumes corpóreos, maciços, bem definidos por planos murais lisos;
  • Uso de abóbada de berço ou de aresta;
  • Uso de cúpulas, com frequência marcadas pela monumentalidade;
  • Espaços interiores organizados segundo critérios geométricos e formais de grande racionalidade;
  • Pórticos colunados;
  • Entablamentos direitos;
  • Frontões triangulares;
  • Decoração caracterizada por elementos estruturais com formas clássicas, pintura rural e relevo em estuque;
  • Valorização da intimidade e do conforto nas mansões familiares;
  • Decoração de carácter estrutural.

Interiores e mobiliário

editar
 Ver artigo principal: Estilo directório e Estilo império

Teatro

editar

No teatro neoclássico a racionalidade predomina, revalorizam-se o texto e a linguagem poética. A tragédia mantém o padrão solene da Antiguidade. Entre os principais autores está Voltaire. A comédia revitaliza-se com o francês Pierre Marivaux (1688-1763), autor de O Jogo do Amor e do Acaso. Os italianos Carlo Goldoni (1707-1793), de A Viúva Astuciosa, e Carlo Gozzi (1720-1806), de O Amor de Três Laranjas, estão entre os principais dramaturgos do gênero. Outro importante autor de comédias é o francês Caron de Beaumarchais (1732-1799), de O Barbeiro de Sevilha e de As Bodas de Fígaro, retratos da decadência do Antigo Regime e uma inspiração para as óperas de Mozart (1756-1791) e Rossini (1792-1868).

Numa linha que prenuncia o romantismo, trabalha o dramaturgo e filósofo francês Denis Diderot (1713-1784), um dos organizadores da Enciclopédia. Entre suas peças se destaca O Filho Natural. O italiano Metastasio (1698-1782) aproxima o teatro da música, como no melodrama.

Neoclassicismo no Brasil

editar
 
Fachada do edifício da Academia Imperial de Belas Artes, projeto de Grandjean de Montigny.

Em 1816, desembarca no Brasil a Missão Artística Francesa, contratada para fundar e dirigir no Rio de Janeiro uma Escola Real de Artes e Ofícios. Nela está, entre outros, o pintor Jean-Baptiste Debret, que retrata com charme e humor costumes e personagens da época. Em 1826 é fundada a Academia Imperial de Belas Artes, que adota o gosto neoclássico europeu e atrai outros pintores estrangeiros de porte, como Auguste Marie Taunay e Johann Moritz Rugendas. Pintores brasileiros desse período são Manuel de Araújo Porto-Alegre e Rafael Mendes de Carvalho, entre outros.

A tendência torna-se visível também na arquitetura. Seu expoente é Grandjean de Montigny, que chega com a Missão Francesa. Suas obras, como a sede da reitoria da Pontifícia Universidade Católica no Rio de Janeiro, adaptam a estética neoclássica ao clima tropical. Mesmo que sua fundamentação fosse de uma sociedade agrário-escravocrata e com um comércio relativamente atrasado, tendo um governo monárquico.

Na pintura a influência neoclássica está submetida ao romantismo. A composição e o desenho seguem os padrões de sobriedade e equilíbrio, mas o colorido reflete a dramaticidade romântica. Um exemplo é Flagelação de Cristo, de Vítor Meirelles.

Na literatura, a principal expressão é o arcadismo, caracterizado por um estilo mais simples e objetivo e pela temática voltada para a natureza. Os seus principais poetas encontravam-se em Vila Rica, atual Ouro Preto, importante centro cultural do Brasil na época. A vida no campo é também abordada, mas os pastores europeus são substituídos pelos vaqueiros brasileiros. Cláudio Manuel da Costa, Tomás Antônio Gonzaga e Silva Alvarenga são os principais poetas do movimento no Brasil.

Ver também

editar

Referências

  1. a b c Greenhalgh, Michael. The Classical Tradition in Art. Londres, Icon Editions, 1978
  2. a b c d Bietoletti, Silvestra. Neoclassicism & Romanticism. Sterling Publishing Company, Inc., 2009, pp. 8-16
  3. Mincoff, Marco. "Baroque Literature in England". In. Limon, Jerzy. Shakespeare and His Contemporaries: Eastern and Central European Studies. University of Delaware Press, 1993, p. 11-57
  4. Rosenblum, Robert. Transformations in Late Eighteenth-Century Art. Princeton University Press, 1970, pp. 3-4
  5. a b Palmer, Allison Lee. Historical Dictionary of Neoclassical Art and Architecture. Scarecrow Press, 2011, pp. ix; 1-2
  6. Schwarcz, Lilia Moritz. O Sol do Brasil: Nicolas-Antoine Taunay e as desventuras dos artistas franceses na corte de d. João. São Paulo: Companhia das Letras, 2008. pp. 65-66
  7. Barasch, Moshe. Theories of Art: From Plato to Winckelmann. Routledge, 2000, pp. 330-333
  8. Grenfell, Michael & Hardy, Cheryl. Art rules: Pierre Bourdieu and the visual arts. Berg Publishers, 2007. pp. 110-111
  9. Pevsner, Nikolaus. Academias de arte: passado e presente. Companhia das Letras, 2005. pp. 112-113; 120-133
  10. a b c d e f Kleiner, Fred S. Gardner's Art Through the Ages: The Western Perspective, Volume 2. Cengage Learning, 2009, pp. 599-605
  11. a b c d e Gontar, Cybele. Neoclassicism. In: Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2000
  12. a b Rosenblum, p. 10
  13. a b Janson, Horst Woldemar. History of Art: The Western Tradition. Prentice Hall Professional, 2004, cap 21, s/pp.
  14. Palmer, pp. 13-14
  15. Galitz, Kathryn Calley. "Romanticism". In Heilbrunn Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2000
  16. Forward, Stephanie. Legacy of the Romantics. The Open University. BBC
  17. Palmer, p. 14
  18. Pinelli, Antonio. "Il Perseo di Canova e il Giasone di Thorvaldsen: due modelli di nudo eroico a confronto". IN Kragelund, Patrick & Nykjærpp, Mogens. Thorvaldsen. Volume 18 de Analecta Romana Instituti Danici. Supplementum. L'Erma di Bretschneider, 1991. pp. 25-30
  19. Johns, Christopher M. S. Antonio Canova and the politics of patronage in revolutionary and Napoleonic Europe. University of California Press, 1998, p. 40
  20. Tolles, Thayer. "American Neoclassical Sculptors Abroad". In Timeline of Art History. New York: The Metropolitan Museum of Art, 2000
  21. Greenhalgh, Michael. The Classical Tradition in Art. Londres, 1978
  22. Kriehn, G., & Kleinschmidt, B. (1912). "Sculpture". In The Catholic Encyclopedia. New York: Robert Appleton Company. Retrieved September 21, 2012 from New Advent