No Woman, No Cry

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"No Woman, No Cry" é uma canção reggae de Bob Marley and the Wailers. A música foi gravada em 1974 e lançada no álbum de estúdio Natty Dread.

"No Woman, No Cry"
Single de Bob Marley
do álbum Natty Dread
Lançamento 1974
Duração 4:06 min
Composição Vincent Ford[1]
Produção The Wailers

É a canção mais regravada e aclamada da história do reggae.[1] A versão que se tornou mais conhecida foi gravada ao vivo em Londres e lançada no álbum Live! de 1975, tendo sido considerada a definitiva.[2] É esta a versão incluída na compilação Legend da qual fazem parte os maiores sucessos do cantor. Esteve presente na lista das 500 melhores canções de todos os tempos da revista Rolling Stone.[3]

A canção foi regravada por vários artistas, entre eles Rancid, NOFX, Boney M, Murder One, Joan Baez, Xavier Rudd, Jimmy Buffett, The Fugees, Sublime, Hugh Masekela e Gilberto Gil, músico e ex-ministro da cultura do Brasil. Mas apenas a banda de ska punk Spunge teve permissão da família de Marley para alterar a letra para o seu álbum Room For Abuse.

A elegância e simultaneamente simplicidade das canções de Marley, o movimento e convicção da sua voz, a alma e a resposta da sua audiência quando cantava a música ao vivo, fez de "No Woman, No Cry" uma experiência quase espiritual para muitos ouvintes, chegando a soar como um salmo.[4]

Autoria editar

Apesar de os créditos da canção serem creditados a Vincent Ford, a autoria da canção permanece controversa. Vincent Ford era amigo de infância de Bob, cinco anos mais velho do que ele, deu as primeiras lições de violão e administrava uma cozinha comunitária no gueto de Trenchtown, onde ambos cresceram. De acordo com Bob Marley, a música foi escrita por Vincent Ford em 1974, quando ambos estavam no pátio de Ford, lembrando de seu passado, das rodas de violão e dos amigos que faleceram.[1]

Entretanto, as circunstâncias sugerem que poderia ter sido o próprio Bob, e não Vincent Ford, o autor da canção. À época, Marley e os Wailers haviam recentemente assinado um contrato com a Island Records, por intermédio de Chris Blackwell, mas Bob estava preocupado com um contrato que ele havia assinado previamente com o produtor Danny Sims, da Cayman Music, e ele não queria que suas novas canções fossem associadas à Cayman, então ele teria registrado algumas de suas canções como de sua esposa, Rita, do grupo The Wailers ou de amigos próximos, para evitar restrições de execução e complicações com o ex-produtor, além de prover uma ajuda permanente para familiares e amigos. Esta foi a alegação de Danny Sims, ao acionar judicialmente a família Marley requerendo direitos sobre a canção. A sentença, no entanto, foi pelo arquivamento do processo e rejeição do pleito de Sims. Não há evidências de que Vincent Ford não tenha escrito a canção, e ele próprio nunca afirmou não tê-la escrito.[1] Porém, uma parte da crítica especializada ainda defende esta versão, incluindo o biógrafo de Bob Marley, Timothy White, no livro Catch a Fire: The Life of Bob Marley (Brasil: Queimando Tudo ).

Vincent Ford também é creditado como autor das canções Positive Vibration e Crazy Baldheads (com Rita Marley), lançadas no álbum de estúdio seguinte do grupo.[1]

Letra editar

A música é uma contemplação das alegrias, tristezas[5] e complexidade da vida pobre no gueto, ao mesmo tempo em que humaniza seus moradores como pessoas com as mesmas aspirações e esperanças que qualquer um.[6]. Descreve a vida nos jardins públicos de Trenchtown, onde Ford e Marley viveram durante a adolescência[1] Para Cooper, a separação e a perda formam o tema primário da canção, e é destacada pela alternância "tivemos/perdemos" na passagem "good friends we have/ oh, good friends we have lost" ("bons amigos tivemos/ bons amigos perdemos").[7]

A letra também se destaca por representar como personagem uma mulher, residente do gueto, que é consolada e motivada com empatia, sem conotação sexual.[8] Assim como "Johnny Was", discute a condição das mulheres em contextos não-românticos, representando-as como vítimas de uma rede de pobreza e violência do gueto urbano.[9]

É a única faixa do álbum que faz referência explícita à Jamaica, uma vez que as demais letras, ainda que permitam reconhecer o país, são escritas de maneira a permitir uma interpretação específica ou universal, simultaneamente.[8]

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Referências

  1. a b c d e f Leigh, Spencer (7 de janeiro de 2009). «Vincent Ford: Songwriter credited with composing 'No Woman, No Cry'» (em inglês). The Independent. Consultado em 15 de janeiro de 2013 
  2. Chang 1998.
  3. "500 Greatest Songs of All Time". Rolling Stone
  4. Goldman 2007, p. 51-52.
  5. Green 2012.
  6. Walker 2005, p. 47-48.
  7. Cooper 1995, p. 130.
  8. a b Walker 2005, p. 53.
  9. Walker 2005, p. 62.
  10. Paprocki 1999, p. 36.
  11. Alexander 2007, p. 357.
  12. Moskowitz 2007, p. 53.
  13. «No Woman No Cry 'songwriter' dies» (em inglês). BBC News. 1 de janeiro de 2009. Consultado em 15 de junho de 2013 
  14. Kenner, Bob (3 de janeiro de 2009). «Vincent Ford Dies at 68; Inspired Classic Bob Marley Songs» (em inglês). The New York Times. Consultado em 15 de junho de 2013 

Bibliografia editar

Ligações externas editar