Nojo

emoção do cérebro

Nojo, ojeriza ou asco é uma emoção geralmente notada através de expressão facial e tipicamente associada com coisas que são percebidas como sujas, incomestíveis ou infecciosas. Em The Expression of the Emotions in Man and Animals, Charles Darwin escreveu que o nojo se refere a algo revoltante. Primariamente em relação ao sentido do paladar, como realmente percebido ou vividamente imaginado; e secundariamente com relação a qualquer coisa que provoque sentimento similar, através dos sentidos do olfato, tato e mesmo pela simples visão. O nojo é uma das emoções básicas da teoria das emoções de Robert Plutchik. Envolve uma expressão facial característica, uma das seis expressões faciais de emoção de Paul Ekman. Está também associado a uma queda nos batimentos cardíacos, em contraste, por exemplo, com medo ou raiva.[1]

Mulher expressando nojo.

O nojo pode ser dividido ainda em nojo físico, associado com impureza física ou moral, e nojo moral, um sentimento similar relacionado a tomadas de decisão.

Origens e desenvolvimento editar

Pensa-se que o nojo tenha suas origens (e seja idêntico em certos casos) a reações instintivas que evoluíram como parte da seleção natural para comportamentos que ajudavam na proteção contra envenenamento alimentar, exposição ao risco ou infecção.[2]

Como outras pulsões humanas instintivas, o nojo possui um aspecto instintivo e outro socialmente construído. O psicólogo Paul Rozin estudou o desenvolvimento de sentimentos de nojo em crianças.

Jonathan Haidt é um pesquisador cujo trabalho envolve explorar o relacionamento entre vários conceitos tradicionais de moralidade. Sua teoria de intuição moral busca explicar as reações aparentemente pré-racionais e viscerais às violações de ordem moral.

Nojo e vergonha editar

Martha Nussbaum, importante filósofa estadunidense, escreveu o livro intitulado Hiding From Humanity: Disgust, Shame, and the Law, o qual examina o relacionamento entre nojo e vergonha face às leis da sociedade.

Um estudo recente descobriu que mulheres e crianças são mais sensíveis ao nojo do que homens.[2] Pesquisadores tentaram explicar a descoberta em termos evolucionários. Enquanto alguns acham sábio aderir aos sentimentos de nojo de outrem, outros afirmam que reações de nojo são freqüentemente construídas sobre preconceitos que deveriam ser desafiados e reprovados [3].

Estrutura cerebral editar

Experimentos realizados com ressonância magnética revelaram que a insula anterior no cérebro torna-se particularmente a(c)tiva quando sentimos nojo, quando somos expostos a gostos ofensivos e quando vemos expressões faciais de nojo.[4]

Doença de Huntington editar

Muitos pacientes que sofrem da doença de Huntington, uma moléstia neurodegenerativa progressiva transmitida hereditariamente, são incapazes de reconhecer expressões de nojo em outrem e também não demonstram reações de nojo a odores e sabores revoltantes.[5] A incapacidade de reconhecer o nojo em outrem surge em portadores do gene Huntington antes que outros sintomas se manifestem.[6]

Referências

  1. Rozin P, Haidt J, & McCauley C.R. (2000) Disgust em Handbook of Emotions, M. Lewis & J.M. Haviland-Jones (Eds.), 2da. edição (pp637- 653). Nova York: Guildford Press.
  2. a b «Disgust evolved to combat disease»  em BBC News, 15 de Janeiro de 2004.
  3. VENCIGUERRA, Márcio.A natureza do nojo de pobre em Última Instância Arquivado em 5 de julho de 2008, no Wayback Machine.. Visitado em 1 de fevereiro de 2008.
  4. Phillips, ML "et al". A specific neural substrate for perceiving facial expressions of disgust. Nature. 2 de Out. de 1997;389(6650):495-8. PMID 9333238
  5. Mitchell, IJ; Heims, H; Neville, EA; Rickards, H. Huntington's disease patients show impaired perception of disgust in the gustatory and olfactory modalities. Arquivado em 19 de janeiro de 2009, no Wayback Machine.. "Journal of Neuropsychiatry and Clinical Neuroscience", 17:119-121, Fevereiro de 2005. PMID 15746492
  6. Sprengelmeyer, R; Schroeder, U; Young, AW; Epplen, JT. Disgust in pre-clinical Huntington's disease: a longitudinal study. "Neuropsychologia", 2006;44(4):518-33. E-pub. 11 de Ago. de 2005. PMID 16098998

Ver também editar

Ligações externas editar