Le Cousin Pons

Romance realista francês escrito por Honoré de Balzac
(Redirecionado de O Primo Pons)

Le Cousin Pons (em português, O Primo Pons[1]) é o título do romance realista do escritor francês Honoré de Balzac, publicado originalmente como folhetim no jornal Le Constitutionnel, no ano de 1847, e editado em um volume neste mesmo ano. Este romance faz parte das Cenas da vida parisiense de sua Comédia Humana, na seção Os parentes pobres, sendo que o Primo Pons antecede La Cousine Bette, também de 1847, com o qual apresenta uma certa simetria: o primo Pons é tão ingênuo e bondoso quanto a prima Bette é amarga e destrutiva. O Primo Pons é uma das melhores e mais sombrias obras de Balzac, onde ele demonstra todo seu pessimismo em relação à humanidade.

Le Cousin Pons
O primo Pons (BR)
Le Cousin Pons
Ilustração dO Primo Pons.
Autor(es) Honoré de Balzac
Idioma Francês
País  França
Gênero Romance realista
Série Scènes de la vie Parisienne
Ilustrador Alcide Théophile Robaudi
Lançamento 1847
Edição brasileira
Tradução Fernando Py
Editora Ediouro
Lançamento 1997
Páginas 351
ISBN 850063152X
Cronologia
La Cousine Bette
Un homme d'affaires

"Narrando a história de um velho músico, apreciador de bons pratos e, principalmente, possuidor de uma grande coleção de quadros e objetos de arte, reunidos durante quarenta anos, o realismo de Balzac atinge o pleno, sem quaisquer descaimentos românticos ou fantásticos, num equilíbrio de proporções antes não alcançado em sua obra."[2]

Enredo editar

O primo Pons é descrito no romance como antiquado e ridículo.

"Mantendo em certos pormenores do vestuário, apesar de tudo, uma fidelidade às modas de 1806, esse passante lembrava o Império sem ser demasiadamente caricatural. [...] Esse velho, seco e magro, usava um spencer [espécie de dolmã usado pelos oficiais de cavalaria] de cor de avelã por sobre um casaco esverdeado com botões de metal branco!... Um homem de spencer, em 1844, é como se Napoleão [...] se dignasse a ressuscitar por duas horas."

Maurice Ménard o classifica na mesma categoria do pai Séchard, do pai Grandet ou do pai Goriot: estes são homens de uma outra época, deslocados num século que não é o deles[3].

O protagonista tem, ainda, duas outras manias que o transformam em vítima: sua gulodice e a paixão por colecionar objetos preciosos e quadros dos grandes mestres[4]. Homem pobre, vivendo com seu amigo fiel, o alemão Schmucke, em condições quase sórdidas, ele se sujeita a todas as humilhações para ser convidado a um bom jantar na rica família de seus primos Camusot de Marville, em realidade nobres de data recente, que o desprezam. Os Camusot de Marville são arrivistas, ricos de honestidade duvidosa (juiz Camusot). Eles são pouco mais polidos que a senhoria do primo Pons, e tão gananciosos quanto ela. Eles nunca compreendem o espírito delicado de seu parente.

Mas, quando descobrem que sua coleção vale uma fortuna, haverá uma batalha feroz entre a prima Camusot; a senhoria, madame Cibot; o antiquário Rémonencq e o colecionador Élie Magus para se apropriarem do tesouro, com a ajuda do médico Poulain e seu cúmplice, o vil advogado Frasier. No Capítulo 56, "A Parte do Leão", enquanto o pobre Pons, doente, dorme, os "corvos, farejando o cadáver", Cibot, Fraisier, Rémonencq e o "velho judeu imundo" (sic) Magus entram às escondidas na sua casa a fim de avaliarem a coleção: "Era um espetáculo de afligir o coração, o dessas quatro ambições diferentes a sopesar a herança durante o sono daquele cuja morte era o assunto de sua cobiça." Os dois ingênuos, Pons e o fiel Schmucke, serão esmagados por esta ganância, cuja violência eles são incapazes de imaginar. "O autor descreve, neste romance, como em vários outros, de que modo a cobiça, a velhacaria e a malvadez levam sempre vantagem sobre os bons sentimentos e a pureza de coração".[2]

Uma curiosidade: no Capítulo 21, "Tratado das Ciências Ocultas", o autor declara sua crença no ocultismo e prevê (erroneamente) que "chegará a ocasião em que tais ciências serão ensinadas como atualmente se ensina a química e astronomia".

Referências

  1. Honoré de Balzac. A comédia humana. Org. Paulo Rónai. Porto Alegre: Editora Globo, 1954. Volume X
  2. a b Fernando Py (tradutor), Apresentação de O Primo Pons na edição da Ediouro.
  3. Maurice Ménard, Balzac et le comique dans La Comédie humaine. Presses Universitaires de France, 1983.
  4. Ver o verbete "PONS (Sylvain)" em Repertory of the Comédie Humaine, em inglês.

Ligações externas editar

Ver também editar