O Trabalho

Jornal trotskysta

O Trabalho é o mais antigo jornal da imprensa operária ainda em circulação no Brasil, editado sem interrupções desde 1978, foi a principal voz dos trotskystas brasileiros durante o período final da ditadura militar brasileira.[1]

O Trabalho



Capa do número 0 do Jornal O Trabalho, de 1º de Maio de 1978
Periodicidade Quinzenal
Formato Tabloide
Sede São Paulo
País Brasil
Preço R$ 5,00
Fundação 1 de maio de 1978 (45 anos)
Proprietário Corrente O Trabalho do PT
Publicações irmãs A Verdade
Página oficial otrabalho.org.br

Desde sua primeira edição é um jornal auto-sustentado, ou seja, é mantido pela contribuição dos próprios trabalhadores, mantendo o princípio de independência financeira diante da classe capitalista. O jornal O Trabalho é órgão de imprensa da Corrente O Trabalho do PT, Seção Brasileira da Quarta Internacional, formada por militantes trotskistas que rejeitaram a política do "entrismo sui generis" aplicada por Michel Pablo a partir de 1953 nas seções da IV Internacional.[2][3]

Seu principal dirigente é o economista Markus Sokol, que na época da luta armada integrou a Vanguarda Armada Revolucionária – Palmares (VAR – Palmares)[4].

Origem editar

Em novembro de 1976, ocorreu uma reunião na cidade de Praia Grande/SP na qual foi decidida a fusão entre a Fração Bolchevique-Trotskista, a Organização de Mobilização Operária (OMO) e o Grupo Outubro. Dessa fusão surgiu a Organização Marxista Brasileira (OMB). Posteriormente a OMB fundiu-se com a Organização Comunista 1° de Maio, o que deu origem à Organização Socialista Internacionalista (OSI)[4].

No final dos anos 70, várias organizações que reivindicavam o legado trotskismo no Brasil uniram-se ao Comitê Internacional pela Reconstrução da Quarta Internacional - CORQUI, que tinha como um de seus principais dirigentes Pierre Lambert. Da unificação desses grupos surgiu a Organização Socialista Internacionalista - OSI, que em 1981 ingressou no Partido dos Trabalhadores. A Organização Socialista Internacionalista - OSI então tornou-se uma corrente interna ao PT, adotando o nome do seu periódico, O Trabalho[3].

O jornal circulou pela primeira vez no dia 1º de maio de 1978, durante o período da ditadura militar brasileira, e teve como editor o jornalista Paulo Moreira Leite[4]. Grande parte de seu relativo prestígio na esquerda brasileira dava-se por suas ligações com a corrente estudantil "Liberdade e Luta", conhecida como "Libelu", que ficou muito conhecida por ser uma das primeiras organizações a levantar a palavra de ordem "Abaixo a Ditadura"[3].

Durante a Ditadura Militar o jornal foi perseguido pelo Serviço Nacional de Informações por seu posicionamento anti-racista[5].

Unificação com a Convergência Socialista editar

No início dos anos 80, logo depois que a OSI ingressou no PT (após um curto período de vacilação), houve uma tentativa frustrada de unificação com a Convergência Socialista, atualmente PSTU. O fracasso dessa tentativa é até hoje motivo de polêmica entre os dois grupos; os "morenistas" (como se intitulam os membros do PSTU) afirmam que a organização francesa ligada a O Trabalho (OCI), havia "capitulado" ao recém eleito governo de François Mitterrand na França, da coalizão PS/PCF. Já os partidários de Pierre Lambert negam qualquer "capitulação", afirmando que os "morenistas" têm uma compreensão equivocada da política de Frente Única, elaborada por Lênin e Trotsky no terceiro Congresso da Internacional Comunista[6]. Essas diferenças afastaram os dois grupos até os dias de hoje, como expressam a permanência de O Trabalho na Central Única dos Trabalhadores e no Partido dos Trabalhadores e a criação da CONLUTAS pelo PSTU.

Dissolução no Partido dos Trabalhadores editar

Em 1986 uma forte crise atingiu O Trabalho. A maioria de sua direção à época, que tinha como seu principal expoente Luis Favre (político franco-argentino que permanece no PT), contrariando as orientações internacionais, decidiu se dissolver no interior da tendência Articulação do PT (da qual faziam parte Lula, José Dirceu e as principais lideranças do PT e da CUT) e não mais editar o jornal. Um importante grupo, particularmente em São Paulo, conseguiu manter a continuidade do jornal e da organização, que perdeu muitos militantes[6].

Cisões editar

Dentre as cisões dessa organização, merecem destaque:

Arquivo histórico editar

Parte do arquivo histórico do grupo encontra-se disponível para pesquisa no Centro Sérgio Buarque de Holanda da Fundação Perseu Abramo.

Ver também editar

Referências

  1. da Silva, Michel (15 de setembro de 2021). «A importância da imprensa operária na luta dos trabalhadores». Esquerda Marxista. Consultado em 28 de abril de 2023 
  2. «O Trabalho do PT, seção brasileira da 4ª Internacional». PT-DF. Cópia arquivada em 2 de dezembro de 2013 
  3. a b c Ozaí da Silva, Antonio (2001). «O Trabalho (OT) – Corrente Interna do Partido dos Trabalhadores». Universidade Estadual de Maringá (UEM). Revista Espaço Acadêmico. 1 (1). ISSN 1519-6186 
  4. a b c d Dias, Renato (2017). Soldados de Leon: meus inimigos estão no poder. Trotskistas no Brasil, a luta de classes, o internacionalismo e as revoluções socialistas no século 21. [S.l.]: RD Movimento. p. 35-36. OCLC 1023492010. OL 32599700W 
  5. Carlos Madeiro. «Repressão aos negros: Documentos mostram como a ditadura espionou movimento contra o racismo, com agentes infiltrados e perseguições». UOL Notícias. Consultado em 31 de março de 2019 
  6. a b DA SILVA, Antônio Ozaí. História das tendéncias no Brasil: origens, cisões e propostas. Proposta Editorial. São Paulo, 1986.

Ligações externas editar