Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI)

Observatório astronômico situado no município de Itacuruba no estado de Pernambuco, Brasil
Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica
Características
Código IAU
Y28
Tipo
observatório astronómico (en)
Construção
Altitude
390 m
Localização
Coordenadas
Website
Mapa

O Observatório Astronômico do Sertão de Itaparica (OASI) é um observatório astronômico situado no município de Itacuruba no estado de Pernambuco. O OASI dista cerca de 425 km da capital Recife e faz parte do projeto IMPACTON (Iniciativa de Mapeamento e Pesquisa de Asteroides nas Cercanias da Terra do Observatório Nacional), um projeto estruturante do Observatório Nacional. O IMPACTON iniciou formalmente em 2005, ano em que foram aprovados todos os recursos orçamentários para a compra e operação de um telescópio robótico dedicado ao seguimento e caracterização física de objetos próximos da Terra (NEOs).[1] Este projeto é pioneiro em observação remota no Brasil e é liderado pelo grupo de Ciências Planetárias do Observatório Nacional. A primeira luz do telescópio ocorreu em 2011 e o início efetivo dos projetos científicos em 2012.[2] Finalmente em fevereiro de 2013 o OASI recebeu do Minor Planet Center da União Astronômica Internacional o código “Y28 Nova Itacuruba”.[3]  Desde 2014 o telescópio do OASI é operado remotamente do Rio de Janeiro, mas conta com assistência técnica in-situ.

O observatório está  localizado na região Nordeste do Brasil a uma altitude de 390 m acima do nível do mar, cujas coordenadas geográficas são 8°47'32.1" S e 38°41'18.7" O, tendo assim o privilégio de poder observar objetos nos dois hemisférios pois está situado próximo da linha do equador. O OASI, junto com o TRAPPIST (Observatório Europeu do Sul em La Serena, Chile), é o único observatório brasileiro dedicado totalmente à observação de pequenos corpos do Sistema Solar.

Na atualidade, o principal objetivo científico do OASI é a caracterização das propriedades físicas e dinâmicas como: determinação da órbita, período de rotação, orientação do eixo de spin, diâmetro e cores superficiais. Principal ênfase têm-se dado na caracterização completa de NEOs para poder corrigir as curvas de fase e os espectros fotométricos ao considerar as variações rotacionais.[4] Apesar do foco principal do projeto ser a observação de NEOs (59,4% dos objetos observados), também têm sido observados outros pequenos corpos do sistema solar como os asteroides do cinturão principal (25,4%), centauros, troianos e objetos transnetunianos (6,2%) e cometas (5,2%).[5]

Telescópio editar

 
Telescópio Itacuruba 1,0 m

O observatório possui um telescópio f/8 automatizado com um conjunto óptico do tipo Classic-Cassegrain com montagem altazimutal, óptica desenvolvida pela empresa alemã Astro Optik e um domo automatizado fabricado em fibra de vidro pela empresa australiana Sirius Observatories. Seu espelho parabólico principal, de razão focal f/3, possui 1,003 m de diâmetro e seu espelho hiperbólico (e = 4,84) secundário possui 0,364 m de diâmetro. Ambos espelhos são revestidos com Al+SiO2 e possuem refletividade maior que 90%. O sistema óptico também inclui um campo redutor para corrigir aberrações residuais e reduzir a razão focal do telescópio para 7,030 m e assim aumentar o campo efetivo para 27,5 mm2.[5] O domo possui um diâmetro de 6,7 m, uma altura de 5,5 m e seu sistema de rotação e abertura/fechamento é controlado por um motor alimentado por energia solar. O telescópio possui três câmeras CCDs disponíveis, uma modelo Apo-U47-MB-0 (cobrindo um campo de 5,9' x 5,9') e outras duas cobrindo um campo de 11,8' x 11,8', modelos Apo-U42- MB-HC-0 e PL4240. Os filtros disponíveis são os U, B, V, R, I do sistema fotométrico Johnson-Cousins e os u, g, r, i, z do sistema fotométrico SLOAN. A roda de filtros permite acomodar simultaneamente sete filtros dentre os disponíveis.

Para monitorar as condições do tempo para as observações remotas é utilizada uma câmera all sky e uma estação meteorológica nas instalações externas do sítio. A estação meteorológica é capaz de monitorar a direção e velocidade do vento, umidade, pressão barométrica, as radiações UV/Solar e chuva acumulada.[5]

Referências

  1. Lazzaro, D. (2010). «Photometric and spectroscopic studies of small Solar System bodies and the IMPACTON project». Boletin de la Asociacion Argentina de Astronomia La Plata Argentina: 315–324. ISSN 0571-3285. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  2. Lazzaro, D.; Rodrigues, T.; Carvano, J. M.; Roig, F.; Mothé-Diniz, T.; Impacton Team (1 de maio de 2012). «The IMPACTON Project: ANew Facility for NEOs Studies in Brazil». 6148 páginas. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  3. De Pra, M.; Lazzaro, D.; Carvano, J.; Gonzales, J. A.; Carvano, J. M. (fevereiro de 2013). «Minor Planet Observations [Y28 OASI, Nova Itacuruba]». Minor Planet Circulars (em inglês). 4 páginas. ISSN 0736-6884. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  4. Rondón, Eduardo; Arcoverde, Plicida; Monteiro, Filipe; Medeiros, Hissa; Navas, Giuliat; Lazzaro, Daniela; Carvano, Jorge M; Rodrigues, Teresinha (1 de abril de 2019). «Photometric characterization of NEOs: 3 Amor and 3 Apollo★». Monthly Notices of the Royal Astronomical Society (em inglês) (2): 2499–2513. ISSN 0035-8711. doi:10.1093/mnras/stz024. Consultado em 17 de agosto de 2021 
  5. a b c Rondón, Eduardo; Lazzaro, Daniela; Rodrigues, Teresinha; Carvano, Jorge M.; Roig, Fernando; Monteiro, Filipe; Arcoverde, Plicida; Medeiros, Hissa; Silva, José (1 de junho de 2020). «OASI: A Brazilian Observatory Dedicated to the Study of Small Solar System Bodies—Some Results on NEO's Physical Properties». Publications of the Astronomical Society of the Pacific (1012). 065001 páginas. ISSN 0004-6280. doi:10.1088/1538-3873/ab87a7. Consultado em 17 de agosto de 2021