Organização Comunista de Angola

A Organização Comunista de Angola foi um grupo de inspiração maoísta criado em Angola em 1975 , a partir dos chamados CAC - "Comités Amílcar Cabral" (uma tendência do MPLA fundada em 1974 mas que começou a ser perseguida em 1975).[1]

Organização Comunista de Angola
Organização Comunista de Angola
Fundação 1975
Dissolução a maior parte dos membros foi presa em 1978
Ideologia marxismo-leninismo
maoismo
Publicação Revolução Popular
Antecessor Comités Amílcar Cabral
Membros (1976) cerca de 100
País Angola
Política de Angola

Partidos políticos

Eleições

Os Comités Amílcar Cabral (CAC) editar

Os Comités Amílcar Cabral nasceram a partir do movimento dos estudantes da Universidade de Luanda,[1] na sequência do 25 de abril em Portugal, e com influências que iam desde o maio de 68 francês até às emissões em português brasileiro da Radio Tirana (albanesa) ou mesmo a vinda para Angola de um militante da URML - Unidade Revolucionária Marxista-Leninista (uma organização próxima do Partido do Trabalho da Albânia). Nos primeiros meses após o 25 de abril, e até às direções dos grandes partidos (MPLA, UNITA e FNLA) se instalarem em Luanda, os CAC (adotando uma ideologia marxista-leninista/maoísta) tiveram um grande papel na mobilização política em Luanda, e a partir de certa altura deixaram de ser apenas um movimento de estudantes tendo também uma influência relevante na organização (inclusive para a auto-defesa) dos habitantes dos musseques, os bairros pobres da cidade (isto apesar da maioria dos ativistas estudantis dos CAC serem brancos).[2]

Os CAC apoiaram "criticamente" a direcção do MPLA, de Agostinho Neto, contra a FNLA, a UNITA, a Frente de Unidade Angolana e as próprias oposições internas a Neto (como a "Revolta Activa" e a "Revolta do Leste")[1] tendo nos primeiros tempos sido decisivos para o MPLA (cujos quadros tinham estado quase todos na guerrilha ou no estrangeiro) ganhar influência nas zonas urbanas; tal deu-lhes inicialmente alguma influência, tendo direito a um representante sem direito a voto no Comité Central do MPLA, e levando o movimento a adotar uma linha mais para a esquerda do que o inicialmente previsto (p.ex., adotando o slogan do "Poder Popular" em vez da "Democracia Nacional").[2] Em 1974 e 1975, os CAC organizam greves e protestos contra o Governo de Transição e contra as autoridades coloniais portuguesas, combinando reivindicações independentistas e sociais.[1]

No entanto, à medida que Agostinho Neto consolida a sua posição, os CAC começam a ser marginalizados (sobretudo pela facção de Nito Alves, então em ascensão e próxima do Partido Comunista Português);[1] além disso a direção do MPLA começa a acusar os CAC de estarem a querer construir "um partido dentro do partido", exigindo que os CAC entregassem uma lista dos seus ativistas que se tinham filiado no MPLA (coisa que estes não fizeram).[2]

A Organização Comunista de Angola editar

Em setembro de 1975 os CAC dissolvem-se e dão origem à OCA - Organização Comunista de Angola (inicialmente com o nome "Organização Revolucionária de Angola"), na clandestinidade.[1] A OCA opunha-se ao governo do MPLA, ao que chamava o "social-imperialismo" soviético e defendia a retirada das tropas cubanas,[3] tendo sido reprimida pelo poder.[4] e perseguida pela DISA, a polícia política do novo regime.[1]

Em 1976 os dirigentes da OCA são presos, mas cerca de cem militantes continuam ativos na clandestinidade, e editando o jornal "Revolução Popular"; em 1978 há uma nova vaga de repressão contra a OCA, em que cerca de cem militantes são presos.[1] Em 1980, após uma greve de fome de mais de 20 dias e de uma campanha internacional (dinamizada sobretudo por sectores ligados à União Democrática Popular portuguesa), os presos ligados à OCA e aos antigos CAC são libertados.[2]

Referências

  1. a b c d e f g h Ramos 2000
  2. a b c d Figueiredo 2017
  3. American University (Washington, D.C.). Foreign Area Studies (1979). Kaplan, Irving, ed. Angola, a country study (em inglês). [S.l.]: Department of Defense, Department of the Army. p. 137 
  4. Legum, Colin (1 de janeiro de 1979). Africa Contemporary Record: Annual Survey and Documents (em inglês). [S.l.]: Africana Publishing Company. p. B-499. ISBN 9780841901599 

Bibliografia editar