Pacaembu (bairro de São Paulo)
O Pacaembu[1][2] é um bairro nobre dos distritos da Consolação (administrado pela Subprefeitura da Sé) e de Perdizes (administrado pela Subprefeitura da Lapa), nas Zonas Oeste e Central do município de São Paulo, em São Paulo[3]
Pacaembu | |
---|---|
Bairro de São Paulo | |
Área | 1,39 km² |
Dia Oficial | Mês de março |
Fundação | 1925 |
Habitantes | 11 000 |
Distrito | Consolação e Perdizes |
Subprefeitura | Sé e Lapa |
Região Administrativa | Centro e Oeste |
ver |
Limita-se com os bairros da Barra Funda, Perdizes, Sumaré, Higienópolis e Cerqueira César.
Tem como principal via a Avenida Pacaembu, a qual faz a ligação do bairro com a região da Barra Funda e Marginal Tietê, e também com a região da Avenida Paulista.
É servido pela Linha 2-Verde do metrô na Estação Clínicas.
História
editarSua história remonta ao século XVI, quando a Sesmaria do Pacaembu foi doada aos jesuítas por Martim Afonso de Sousa. Na época, os jesuítas a subdividiram em Pacaembu de Cima, Pacaembu do Meio e Pacaembu de Baixo. Os religiosos resolveram catequizar os índios da região. Para tal fim, estabeleceram-se em várias aldeias da região. Uma delas situava-se próxima dum riacho que sofria inundações frequentemente. Era o paã-nga-he-nb-bu, ou seja, Pacaembu, que, na língua indígena tupi, significa "atoleiro" ou "terras alagadas".[4]
Outra interpretação etimológica do termo, no entanto, aponta para o significado "rio dos pacamãos (Lophiosilurus alexandri)", através da junção dos termos tupis paka'mu (pacamão)[5] e 'y (rio).[6]
Segundo o tupinólogo Eduardo de Almeida Navarro, no entanto, "Pacaembu" é oriundo da língua tupi antiga, com o significado de "córrego das pacas", através da junção de paka (paca) e 'yemby (córrego).[7]
Como a maioria dos bairros paulistanos, formou-se do loteamento de diversas propriedades rurais originadas com os jesuítas. Uma delas era o Sítio do Pacaembu. Com o passar dos anos, o sítio isolado coberto por vegetação foi subdividido em pequenas chácaras majoritariamente cultivadoras de chá.[8]
Entre o bairro de Pinheiros e do futuro Pacaembu, foi criado, em 1887, o Cemitério do Araçá, importante necrópole do município, que abriga os mausoléus da elite paulistana.
No ano de 1912, a empresa inglesa City of São Paulo Improvements and Freehold Company Limited adquiriu terrenos na cidade. Uma dessas áreas seria o futuro bairro do Pacaembu. A empresa anunciava a criação de bairros baseados nos princípios básicos da garden-city, causando alvoroço entre os paulistanos. Pelo fato de o bairro se situar em um vale, a City enfrentou diversos desafios, como o terreno acidentado e dificuldades de logística e transportes, onde eram utilizados burros de carga.[8]
“ | … bairro mais belo e aristocrático de São Paulo, orgulho da capital paulista. | ” |
Pelo fato de ser um plano arquitetônico ambicioso, nunca visto na cidade[9] e bem maior do que o pioneiro Jardim América, foi embargado de início pela Câmara Municipal. Com a aprovação dos órgãos municipais, o projeto foi retomado em 1925, quando a Cia. City começou o loteamento e a urbanização da região. As primeiras modificações na região foram a canalização do ribeirão Pacaembu, a formação da primeira via do bairro, a Avenida Pacaembu, além da drenagem e aterramento de grandes áreas.[8]
O bairro foi projetado de acordo com o modelo cidade-jardim, através de ruas de traçado sinuoso, grandes terrenos e áreas ajardinadas. Houve, também, melhorias em eletricidade, rede de água e esgoto. Dez anos mais tarde, houve uma intensa divulgação para a venda de terrenos recém-criados. Vale ressaltar que o poder público colaborou com algumas dessas benfeitorias. Assim como o Jardim América, o bairro atraiu ricos comerciantes, industriais e barões de café, e começaram a surgir casarões construídos por sob a supervisão da companhia.[8]
Em 1935, a empresa inglesa doou, ao poder público, um terreno 75 000 metros quadrados para a construção do Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho (mais conhecido por seu nome antigo, Estádio Municipal do Pacaembu). Projetada pela Companhia Severo e Villares, a obra foi concluída em 1938, sendo inaugurada em 27 de abril de 1940, com a presença do então presidente da república, Getúlio Vargas, o qual foi recebido por estrondosa vaia pelos paulistas. Na época, era o maior estádio da América Latina. Quatro anos mais tarde, uma parte significativa dos terrenos do bairro fora comprada, tornando-se um dos endereços preferidos da alta sociedade paulistana.[8]
A partir da década de 1970, algumas de suas vias ganharam caráter comercial e de serviços, caso da Avenida Pacaembu.[10] No ano de 1991, foi tombado pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico, Artístico e Turístico, devido à intensa arborização das ruas e praças públicas, à grande área de solo permeável e a sua baixa taxa de densidade populacional. Este decreto evitou alterações em suas vias e modificações na estrutura das edificações, dentre outras minuciosas especificações.[11]
Atualidade
editarO Pacaembu é um dos bairros mais valorizados da capital paulista, e residência de moradores das classes média-alta e alta. Os preços dos imóveis variam de 600 000 a 6 000 000 de reais.[12] É classificado pelo Conselho Federal de Corretores de Imóveis como "Zona de Valor A", tal como outros bairros nobres da cidade, exemplo de: Higienópolis, Jardim América e Moema.[13]
Possui uma população bairrista, representada pela "Associação Viva Pacaembu por São Paulo"[14] e pela "Associação dos Moradores e Amigos do Pacaembu, Perdizes e Higienópolis", que defendem os interesses de seus moradores. Estas organizações não governamentaiss já lutaram contra: mudanças na resolução do tombamento histórico do bairro, construção de estabelecimentos educacionais,[15] verticalização do bairro,[16] poluição visual,[17] eventos no estádio do Pacaembu,[18] e até quiseram influir no destino do mesmo estádio.[19]
Na Rua Angatuba, se localiza o Nacional Clube, na mansão do antigo banqueiro Orozimbo Octavio Roxo Loureiro, bem em frente à antiga fazenda de chá Wanderley (hoje, Fundação da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo).[20][21]
No bairro, foi criado um dos quitutes mais apreciados pelos brasileiros: o brigadeiro.[22][23]
Personalidades conhecidas na capital constam como seus habitantes: Ruy Mesquita (1925 - 2013), jurista, jornalista; Antônio Sílvio da Cunha Bueno (1918 - 1981), advogado, político, empresário; Cássio Egídio de Queirós Aranha (1899 - 1976), jurista, político; Guilherme de Almeida (1890 - 1969), jurista, poeta, jornalista; Dener Pamplona de Abreu (1936 - 1978), estilista;[24] Sergio Buarque de Holanda (1902-1982), historiador[25] e os ex-governadores do Estado de São Paulo:o empresário Laudo Natel (1920 - 2020) [26] e o promotor público Luíz Antônio Fleury Filho (1949 - 2022).
Ver também
editarReferências
- ↑ Santos FC. «Santos FC Business Center». santosfc.com.br. Consultado em 26 de setembro de 2018. Cópia arquivada em 31 de outubro de 2020
- ↑ Santos FC. «Santos Innovation Hub: Santos FC cria centro de inovação em esporte». santosfc.com.br. Consultado em 22 de dezembro de 2020. Cópia arquivada em 22 de dezembro de 2020
- ↑ «VivaPacaembu». Consultado em 29 de abril de 2012. Arquivado do original em 10 de novembro de 2009
- ↑ Dicionário Ilustrado Tupi Guarani. «Pacaembu». dicionariotupiguarani.com.br. Consultado em 14 de abril de 2017. Cópia arquivada em 25 de junho de 2017
- ↑ FERREIRA, A. B. Novo dicionário da língua portuguesa. 2ª edição. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. 1986. p. 1 243.
- ↑ NAVARRO, E. A. Método moderno de tupi antigo: a língua do Brasil dos primeiros séculos. 3ª edição. São Paulo. Global. 2005. 463 p.
- ↑ NAVARRO, E. A. Dicionário de tupi antigo: a língua indígena clássica do Brasil. São Paulo. Global. 2013. p. 590.
- ↑ a b c d e Site da Cia. City
- ↑ ILHAS DE TRANQÜILIDADE
- ↑ AVENIDA PACAEMBU - HIGIENÓPOLIS
- ↑ CONDEPHAAT – Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Arqueológico
- ↑ Uma ameaça sobre o Pacaembu
- ↑ «Pesquisa CRECI» (PDF). 11 de julho de 2009. Consultado em 2 de agosto de 2009. Arquivado do original (PDF) em 6 de julho de 2011
- ↑ Site da Associação Viva Pacaembu por São Paulo
- ↑ Prefeitura diz que não muda normas do tombamento na região da Faap
- ↑ Uma ameaça sobre o Pacaembu
- ↑ Não à sujeira
- ↑ Pacaembu diz que evento gospel no estádio descumpre liminar em SP
- ↑ Comissão de Estudos debate com sociedade civil destinação do Estádio do Pacaembu
- ↑ [1]
- ↑ Site do Nacional Club
- ↑ História do brigadeiro
- ↑ humm... brigadeiro
- ↑ Jogo do Domingo- Reminiscências, Kaká e Big Brothers da Vida
- ↑ Sergio Buarque de Holanda
- ↑ Laudo Natel
Bibliografia
editar- Ponciano, Levino (2001). Bairros paulistanos de A a Z. São Paulo: SENAC. pp. 107–108. ISBN 8573592230
Ligações externas
editarMedia relacionados com Pacaembu no Wikimedia Commons