Palácio dos Bandeirantes

Museu em Morumbi, Brasil
 Nota: Para o Palácio dos Bandeirantes, veja Bandeirantes (desambiguação).

O Palácio dos Bandeirantes é o edifício-sede do Governo do Estado de São Paulo e residência oficial do governador. Localizado no distrito do Morumbi, na cidade de São Paulo, o palácio também abriga as Casas Civil e Militar, algumas secretarias de estado e um amplo acervo histórico e artístico aberto à visitação pública.

Palácio dos Bandeirantes
Palácio dos Bandeirantes
Fachada principal do Palácio dos Bandeirantes.
Tipo Residência oficial, palácio
Estilo dominante Eclético
Arquiteto Marcello Piacentini (projeto de 1938)
Francisco da Nova Monteiro (projeto de 1954)
Engenheiro Francisco da Nova Monteiro
Início da construção Janeiro de 1955
Inauguração 22 de abril de 1965
Proprietário atual Tarcísio de Freitas
Website www.saopaulo.sp.gov.br/palaciobandeirantes/
Dimensões
Número de andares 3
Área do andar 125.000
Geografia
País  Brasil
Cidade São Paulo
Coordenadas 23° 36' 05" S 46° 42' 44" O

O projeto inicial, idealizado em 1938 pelo arquiteto italiano Marcello Piacentini, apresentava linhas abstratas, muros lisos e ampla fachada.[1] Com o início das obras, em 1954, sob a direção do engenheiro Francisco da Nova Monteiro, já possuía um estilo italiano com influência neoclássica.[2] O principal objetivo era abrigar a Universidade Conde Francisco Matarazzo, mas, devido a problemas financeiros, teve suas obras paralisadas. Desapropriado durante a gestão de Adhemar de Barros, o edifício substituiu o Palácio dos Campos Elísios como sede do poder executivo paulista a partir de 19 de abril de 1964,[3] quando recebeu o nome de Palácio dos Bandeirantes,[4] além de tornar-se moradia oficial do governador e museu.[5]

Tornou-se um centro cultural em 1970, sob o governo de Abreu Sodré, com a iniciativa de reunir um acervo de móveis, quadros e objetos. Foi criada uma comissão com nomes como Paulo Mendes de Almeida, Oswald de Andrade, Sílvia Sodré Assunção, Pedro Antonio de Oliveira Neto e Marcelo Ciampolinni, para a aquisição das obras de arte que atualmente compõem o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios Governamentais.[4]

Histórico editar

 
Colunas (1975). Obra de Felícia Leirner no jardim do Palácio dos Bandeirantes.

Na década de 1950, o Conde Francisco Matarazzo Júnior, figura de destaque no cenário cultural paulistano e herdeiro das Indústrias Reunidas Francisco Matarazzo (IRFM), idealizou a criação de uma instituição de ensino superior especializada em Economia e Administração de Empresas. Com esse desígnio, instituiu a Fundação Conde Francisco Matarazzo e dotou-a dos recursos financeiros necessários à construção e manutenção da futura universidade.

Em 1954, a fundação encomendou o projeto a um dos engenheiros das IRFM, Francisco da Nova Monteiro, deixando a seu cargo a responsabilidade pela execução em terreno de propriedade da família Matarazzo, no Morumbi. O alvará de "início de obra" foi expedido em janeiro de 1955. A construção iniciou-se no mesmo semestre, mas seria prolongada pelos anos seguintes, devido a problemas financeiros e, mesmo com a estrutura básica pronta, a universidade jamais seria instalada.[6]

 
Pavilhão dos governadores de São Paulo, hasteado no Palácio dos Bandeirantes quando presente o governador.

Entidades como a Fundação Getúlio Vargas e a Fundação São Paulo foram contatadas para finalizar a obra e assumir sua direção, mas sem sucesso. Iniciaram-se, então, as negociações com o Governo do Estado de São Paulo, que culminaram com a desapropriação do imóvel, em 22 de abril de 1964, durante a gestão Adhemar de Barros. O Estado nada pagou às IRFM, que ganharam, em troca, incentivos fiscais.[7]

No ano seguinte, um decreto do executivo paulista, emitido em 19 de abril, determinou a transferência da sede do governo, até então situada no Palácio dos Campos Elísios, para o novo prédio. Em 22 de abril, o palácio foi inaugurado como nova sede do Executivo estadual, em solenidade com a presença de alguns populares, que tiveram dificuldade para chegar ao local, devido à ausência de linhas regulares de ônibus atendendo a região.[7] Em seu discurso, Adhemar falou sobre a mudança: "[Ela deveu-se à necessidade] de se obter um pouco mais de conforto para quem necessita de calma para meditar e resolver os problemas de quinze milhões de brasileiros. Trata-se de nos colocarmos um pouco fora do bulício da cidade, para produzir mais. Aqui eu posso ficar em paz, posso caminhar sem que ninguém me peça dinheiro ou emprego."[7]

A princípio, o novo prédio foi utilizado esporadicamente, até porque, quando de sua inauguração, ainda não estava totalmente concluído: apenas os aposentos destinados aos despachos do governador tinham recebido acabamento final.[7] O auditório e o saguão principal, por exemplo, estavam claramente inacabados, assim como diversas outras partes do palácio, inclusive as dependências residenciais: o governador seguiria morando no Palácio dos Campos Elíseos até a conclusão das obras.[7] O sistema de telefonia também não estava plenamente operante, com o PABX ainda dependendo de instalação, prevista apenas para setembro.[7] Até lá, existiam somente as linhas telefônicas diretas. Foi em 1970, durante a gestão de Abreu Sodré e após várias reformas para adaptação arquitetônica, que o palácio se tornou sede definitiva do governo.

Atualmente, o Palácio dos Bandeirantes possui múltipla destinação: além de sede do poder executivo, é residência oficial do governador e abriga quatro secretarias de estado, a Casa Civil e a Casa Militar, além de abrigar parte do acervo artístico do governo e exposições temporárias.[8]

O palácio editar

 
Salão Nobre do Palácio dos Bandeirantes.

Já no memorial descritivo do projeto do edifício, a Fundação Conde Francisco Matarazzo determinou que fossem utilizados na execução da obra "materiais de primeira qualidade" e que a estrutura, iluminação e ventilação obedecessem "a normas rígidas de construção". O pavilhão principal do edifício possui grande porte: 21 153 metros quadrados e três pavimentos, onde foram utilizados diferentes tipos de mármore, granito e outros materiais.[8]

Após sua desapropriação, o edifício passou por uma série de reformas de adaptação ao novo uso: criação de espaço destinado aos escritórios, ampliação da área externa e construção de edifícios anexos. A modificação mais drástica da planta original foi feita para abrigar a ala residencial, mas de maneira geral, a fachada não foi comprometida e os materiais originais foram mantidos.[6] A denominação “Bandeirantes” data da época de sua desapropriação. É uma homenagem aos sertanistas pioneiros que, dos séculos XVII ao XVIII, partindo de São Paulo para desbravar o interior da América do Sul, alargaram as fronteiras da Capitania de São Vicente, correspondendo quase que com os limites atuais das fronteiras brasileiras.

Jardim editar

 
Escultura de Bruno Giorgi no jardim do Palácio dos Bandeirantes.

Circundando o palácio, há um amplo jardim com quase 125 mil metros quadrados, onde se destacam os bolsões remanescentes de Mata Atlântica. O local abriga mais de duas mil espécies de plantas nativas e exóticas, como pau-brasil, ipê amarelo, cedro-do-líbano e cerejeiras, além de quarenta espécies de aves. Também abriga esculturas do acervo do Palácio dos Bandeirantes – obras de Bruno Giorgi e Felícia Leirner, entre outros.[9]

Acervo editar

 
São José de Botas. Escultura de Aleijadinho no acervo do Palácio dos Bandeirantes.

O Palácio dos Bandeirantes mantém sob sua guarda uma expressiva coleção de objetos de interesse artístico e histórico, com cerca de 1,7 mil itens.[10] A maioria das obras foi adquirida por Luís Arrobas Martins, sob o governo de Abreu Sodré, iniciando um movimento para transformar o Palácio em centro de cultura, com a constituição de acervo mobiliado, quadros e objetos. Nomes como Oswald de Andrade, Paulo Mendes de Almeida, Sílvia Sodré Assunção, Marcelo Ciampolini e Pedro Antonio de Oliveira Neto formaram uma comissão encarregada de escolher as obras para aquisição do Acervo Artístico-Cultural dos Palácios Governamentais. O restante das obras foi transferido do Palácio dos Campos Elísios ou doadas por particulares. Há ainda um conjunto de obras produzidas especificamente para o palácio - como as provenientes do concurso Painel Bandeirantes -, e a Galeria dos Governadores, com bustos e retratos oficiais de ex-governadores de São Paulo.

O acervo é formado por pinturas, esculturas, peças de arte sacra do período colonial e objetos de artes decorativas. Entre os artistas representados, destacam-se Aleijadinho, Pedro Américo, Almeida Júnior, Benedito Calixto, Oscar Pereira da Silva e Cândido Portinari, entre outros. Juntamente com os acervos dos palácios do Horto (São Paulo) e Boa Vista (Campos do Jordão), a coleção do Palácio dos Bandeirantes integra o Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo.[8]

Outras sedes editar

Ver também editar

 
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Referências

  1. Tognon, 1993, pp. 197-200, 224-225.
  2. Campos, 2009, p. 13.
  3. «Palácio dos Bandeirantes | Governo do Estado de São Paulo». Governo do Estado de São Paulo 
  4. a b «Palácio dos Bandeirantes». www.cidadedesaopaulo.com. Consultado em 22 de abril de 2017 
  5. [1], site oficial de turismo da cidade de São Paulo.
  6. a b Valladares, 1998, pp. 9-18.
  7. a b c d e f «Inaugurada nova sede do Executivo Estadual». São Paulo: S.A. O Estado de S. Paulo. O Estado de S. Paulo (27 609). 15 páginas. 23 de abril de 1965. ISSN 1516-2931 
  8. a b c d Silva, 1994, pp. 233-235.
  9. «Jardins do Palácio dos Bandeirantes serão abertos à visitação». O Globo Online. Consultado em 4 de maio de 2008 
  10. «Palácio dos Bandeirantes». Governo do Estado de São Paulo. Consultado em 4 de maio de 2008 
  11. «Pateo do Collegio – Linha do tempo – Pateo do Collegio». www.pateodocollegio.com.br. Consultado em 8 de abril de 2017 

Bibliografia editar

  • Campos, Candido Malta (2009). Do classicismo moderno à tradição inventada: o palácio paulista. Trabalho apresentado no 8o. Seminário Docomomo Brasil, Rio de Janeiro, 2009. 22 p. [2].
  • Comissão de Patrimônio Cultural da Universidade de São Paulo (2000). Guia de Museus Brasileiros. São Paulo: Edusp. 417 páginas 
  • Silva, Heloísa Barbosa; et al. (1994). Acervo Artístico-Cultural dos Palácios do Governo do Estado de São Paulo. São Paulo: Imprensa Oficial do Estado de São Paulo 
  • Tognon, Marcos (1993). Marcelo Piacentini: arquitetura no Brasil. Dissertação de Mestrado em História da Arte, Campinas, UNICAMP. [3].
  • Valladares, Clarival do Prado (1998). Acervo Palácio Bandeirantes. São Paulo: Serasa 

Ligações externas editar

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